Home FilmesCríticasCatálogos Crítica | O Natal de Charlie Brown

Crítica | O Natal de Charlie Brown

As incertezas natalinas do inseguro e esperançoso Charlie Brown.

por Leonardo Campos
379 views

Primeiro filme de animação tendo como ponto de partida os personagens criados pelo cartunista Charles M. Schulz, O Natal de Charlie Brown é uma doce e divertida jornada que vai da melancolia do seu protagonista ao encontro com os valores atribuídos ao Natal no bojo das narrativas ficcionais e também em nosso cotidiano: altruísmo, revisão de posturas, a ideia do começar de novo, otimismo, amizade, amor ao próximo, respeito mútuo, dentre outros tópicos temáticos que dominam os 25 minutos deste curta especial, lançado em 1965. Sob a direção de Bill Melendez, realizador guiado pelo roteiro de Schulz, a animação flerta com as críticas ao consumismo, ao valor do Natal estar associado exclusivamente com a troca de presentes, além de reforçar o quão as amizades são importantes em nossas existências.

Com acompanhamento musical da trilha de jazz de Vince Guaraldi, esse especial feito para a televisão demarcou a trajetória das animações com temáticas natalinas e nos mostra a turma dos Peanuts engajada com a chegada do final de ano, época de patinação no gelo, descanso para o recesso das férias, reencontros entre familiares e outras tradições do momento. Charlie Brown, por sua vez, confessa que não se sente feliz com o evento, numa revelação para o melhor amigo que nos faz compreender a sua trajetória durante a narrativa. Ele recebe de Lucy, a irmã de seu amigo, uma proposta para ser o diretor da peça de Natal promovida pela escola.

Assim, Charlie Brown coloca a tarefa como meta, numa missão que, infelizmente, não sairá de acordo com o planejado. Com a frustração diante do evento não realizado como o esperado, este filho de um barbeiro, que falha em quase tudo que se propõe a fazer, busca outros caminhos para se realizar, encontrando paz, ao menos momentânea, no desfecho da narrativa. Esperançoso, determinado e dominado pela constante falta de sorte e insegurança, ele encontra muitos desafios nesta jornada, mas ao menos consegue encerrar esta passagem aquecido pelo apoio que recebe de alguns, e com a aprendizagem que teve com os demais.

Inovador com a sua proposta de colocar crianças para a dublagem dos personagens, algo relativamente incomum na época, O Natal do Charlie Brown ganha por ser divertido e humorado, com toda a inteligência que geralmente não contemplamos em animações de direcionamento infantil, conhecidas por simplificar e tornar bobo demais o seu roteiro, tendo em vista ser aclamado por todos. Com moral cristão não habitual para os desenhos animados da época, a produção não envelheceu, sendo tranquilamente acessível ainda na contemporaneidade, agradável de ser contemplada como entretenimento para qualquer público. Aqui, temos uma crítica direta e objetiva ao processo de comercialização do Natal, bem como a perda de sentido acerca deste evento para algumas pessoas, focadas exclusivamente nos presentes.

O Natal de Charlie Brown (A Charlie Brown Christmas) — EUA, 1965
Direção: Bill Melendez
Roteiro: Charles M. Schulz
Elenco: Ann Altieri, Sally Dryer, Chris Doran, Karen Mendelson, Geoffrey Ornstein, Christopher Shea
Duração: 25 min.

 

Você Também pode curtir

Este site usa cookies para melhorar sua experiência. Presumimos que esteja de acordo com a prática, mas você poderá eleger não permitir esse uso. Aceito Leia Mais