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Crítica | O Palácio Francês

por Gabriela Miranda
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O estilo de comédia satírica pode muito bem remeter à peças de Molière. A ridicularização recai sobretudo na figura do ministro das Relações Exteriores, Alexandre Taillard, mas o desenrolar de acontecimentos que levam às tomadas de decisão e que influem no cenário político são igualmente motivos de ironia.

O ritmo do filme segue frenético diante de situações adversas e potencialmente calamitosas. As personagens interagem de maneira a contribuir para essa sensação contínua de pressão e tensão, com alívios cômicos que servem para enfatizar a característica do gênero em que a história está inserida.

Existe ainda uma dose de devoção workaholic na trama, impulsionada pelo grau de comprometimento da equipe que negligencia a vida pessoal em prol do trabalho em tempo integral. Quem personifica bem isso é a personagem do escritor contratado para redigir os discursos do ministro.

Arthur Vlaminck (Raphaël Personnaz), recém-formado pela escola de administração enfrenta as dificuldades naturais de quem não está inserido no contexto em que atua. Isso abre espaço para inúmeros rascunhos jogados no lixo, e o fato de que o chefe é dono de uma personalidade extremamente imprevisível não facilita a tarefa de conversar com inúmeros países a respeito de inúmeros temas e abordagens em um mesmo texto.

O redator é a representação do próprio roteirista, Antonin Baudry, que é autor da famosa Graphic Novel que deu origem à versão cinematográfica. O título original Quai D’Orsay, se refere a sede do ministério. No Brasil, a fita ganhou uma nova entitulação por conta da fonografia, para facilitar a compreensão.

O chefe de gabinete do ministro, Claude Maupas é interpretado por Niels Arestrup, vencedor do César 2014 como melhor ator coadjuvante. Ele centraliza a figura pragmática e serena, que articula as decisões e resolve os impasses.

Esse filme funciona muito bem como sátira. E consegue mostrar como, a partir de uma série de absurdos e incongruências, pode-se chegar a um resultado racional, o que desagua no discurso feito pelo ministro à época, Dominique de Villepin, na ONU em 2003 contra a guerra no Iraque.

O Palácio Francês (Quai d´Orsay) – França, 2013
Direção: Bertrand Tavemier
Roteiro: Antonin Baldry
Elenco: Thierry Lhermitte, Raphael Personnaz e Niels Arestrup
Duração: 113 min

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