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Crítica | O Pirata do Espaço – 1X01: Encontro com o Pirata do Espaço

Fracasso no Japão, megassucesso no Brasil.

por Ritter Fan
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Bem-vindos ao Plano Piloto, coluna dedicada a abordar exclusivamente os pilotos de séries de TV.

Número de temporadas: 01
Número de episódios: 36
Período de exibição: 1º de julho de 1976 a 31 de março de 1977
Há continuação ou reboot?: Não.

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Criado pelo mangaká e produtor audiovisual Go Nagai (nom de plume de Kiyoshi Nagai), normalmente creditado por estabelecer o sub-gênero dos robôs gigantes e por pela primeira vez colocar um piloto no cockpit de um deles (em Mazinger), O Pirata do Espaço foi quase que uma produção subsidiária que acabou não decolando de verdade em seu país de origem, onde só teve 36 episódios, mas que, no Brasil, foi um grande sucesso na televisão aberta na época em que as alternativas de entretenimento do tipo eram contadas a dedo. Mesmo com seus problemas, porém, O Pirata do Espaço é, diria, uma série imediatamente marcante se não tanto pela história, provavelmente pelos designs dos mechas.

E isso fica evidente já no episódio piloto, Encontro com o Pirata do Espaço, em que a nave-robô titular aparece no espaço aéreo japonês sem qualquer aviso e tem um pouco forçado próximo de uma base aérea, com uma jovem piloto, Rita, sendo resgatada de lá pelo intrépido Jo Kaizaka. Tudo acontece muito rápido depois desses minutos iniciais, com as naves-bomba do Império Gailar chegando na Terra e imediatamente atacando uma base militar no Japão e levando Jo e Rita a se juntarem, no comando do Pirata do Espaço, uma nave que Rita, traidora do império, roubara, para lidar com a ameaça imediata. Não há maiores explicações para quase nada nesse começo, sejam as intenções do império vilanesco, seja como Jo, hilariamente, sem treinamento algum além do que ele já sabia sobre aviões da Terra por ser piloto de acrobacia, manobra a gigantesca nave como se tivesse crescido em seu cockpit, inclusive verbalmente “cantando” as armas que deseja acionar.

Sei que é injusto traçar uma comparação – mas é também inevitável -, o piloto de O Pirata do Espaço é, em termos narrativos, o exato oposto do de Patrulha Estelar. Enquanto na animação de Yoshinobu Nishizaki de dois anos antes tudo era muito compassado e tudo tinha peso, aqui tudo é corrido ao extremo e quase que literalmente jogado de qualquer jeito sem a menor preocupação com contexto ou um mínimo de lógica interna. E sim, sei que O Pirata do Espaço é uma obra para um público mais infantil – ainda que haja uma dose bastante razoável de tragédias em episódios seguintes -, mas isso não quer dizer que tudo precise ser descartado em prol de armas diferentonas e pancadarias robóticas como acontece aqui.

Mas, como disse no início, os designs das máquinas que vemos na animação são muito bons e inesquecíveis, com as naves-robôs vilanescas ganhando feitios aquilino-demoníacas enquanto que o robozão titular ganha um simpático rosto de buldogue que encanta de imediato. E o mesmo pode ser dito dos designs dos uniformes de Jo e Rita, além dos vilões do Império Gailar. Até mesmo o Imperador Geldon – não muito mais do que um demônio espacial – tem seu valor com seus quatro dentes aparentes e rosto de maluco desvairado, para dizer a verdade.

Apesar de já ter sido essencialmente esquecido até mesmo em seu país de origem, O Pirata do Espaço foi adotado pelo público brasileiro sedento de novidades que vinham a conta-gotas em uma época em que a televisão era censurada, tinha uns quatro ou cinco canais, a transmissão era exclusivamente “pelo ar”, todo o conteúdo estrangeiro era dublado e mutilado das mais variadas formas e assim por diante. Portanto, ver a nave-robô Pirata do Espaço nas cores vermelha, azul e cinza (se sua TV fosse colorida, claro) singrar o espaço e lançar bolas de fogo por suas antenas contra vilões monstruosos que queria conquistar a Terra era tudo o que era necessário para se criar um clássico instantâneo.

O Pirata do Espaço – 1X01: Encontro com o Pirata do Espaço (Guroizā X – Japão, 1º de julho de 1976)
Criação:
Go Nagai (Kiyoshi Nagai)
Direção: Hiroshi Taisenji
Roteiro: Toyohiro Andō
Elenco (vozes originais): Tōru Furuya, Kiiko Nozaki, Naoki Tatsuta, Hisashi Katsuta
Duração: 22 min.

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