Home QuadrinhosOne-Shot Crítica | O Que Aconteceria Se… Motoqueiro Fantasma, Mulher-Aranha e Capitão Marvel Tivessem Permanecido Vilões?

Crítica | O Que Aconteceria Se… Motoqueiro Fantasma, Mulher-Aranha e Capitão Marvel Tivessem Permanecido Vilões?

por Luiz Santiago
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Esta edição da série O Que Aconteceria Se…? traz pela primeira vez diferentes personagens nos contos alternativos, todos escritos por Steven Grant e desenhados por Carmine Infantino. Em tramas anteriores da série nós tivemos a divisão em capítulos onde diferentes pessoas vestiam o manto de um mesmo personagem (é o caso de O Que Aconteceria Se… Outra Pessoa Tivesse Se Tornado o Homem-Aranha?) ou onde o roteiro fazia a abordagem em diferentes etapas ou situações mediante a realidade alternativa em pauta. No caso da presente tríade, que se passa na Terra-7910, cada capítulo mostra uma história completamente diferente, a primeira com o Motoqueiro Fantasma (Johnathon Blaze), a segunda com a Mulher-Aranha (Jessica Drew) e a teceria com o Capitão Marvel (Mar-Vell).

A história de abertura não demora nada a nos mostrar uma figuração mais emocionalmente perturbada do Motoqueiro Fantasma, que está completamente cego em relação à missão que executa. O cerne do conto está no encontro entre o vilão e Daimon Hellstrom, abordando de modo didático o pacto de Johnny Blaze com Satã e as consequências que surgem a partir daí. Eu não pude deixar de ver inúmeros elementos de moral cristã nessa história, especialmente na reta final, com o Motoqueiro terminando consumido pelo “próprio pecado”, recebendo o seu “salário” por não ter mudado de rumo. O miolo da trama tem um bom recorte sentimental e alguns momentos da discussão entre Blaze e Hellstrom guardam boa dose existencialista, mas a história em si não consegue reunir muitas coisas atrativas para lhe dar corpo, sendo mais um conto moral do que qualquer outra coisa.

Já a história da Mulher-Aranha possui um caráter completamente diferente, trazendo muito mais ação e dando a possibilidade de prosseguimento das aventuras da personagem diante dos eventos em que esteve envolvida aqui. A trama começa no encontro de Arachne com Nick Fury e o texto vai explorar de modo muito inteligente o pensamento e as ações dos agentes da S.H.I.E.L.D. e da Hydra, fortalecendo o cunho policial da aventura. Para mim, foi inesperado o encadeamento dado pelo autor a esse texto, no sentido positivo da coisa. O fato de a Mulher-Aranha ter cometido crimes mas não ser uma “vilã com todas as letras” faz com que ela seja uma personagem complexa e também faz jus à finalização aberta que Steven Grant nos traz ao final, com a personagem escapando mais uma vez das mãos dos mocinhos e planejando os seus próximos passos. Ela ainda não tem todos os detalhes sobre a sua origem, sobre quem ela realmente é, e esta continua sendo a sua busca.

Fechando a tríade de histórias temos o drama com o Capitão Marvel. Assim como na história da Mulher-Aranha, há um ótimo senso de continuidade aqui, e a construção do enredo é também cheia de ação, com boa abordagem dos elementos canônicos e conhecidos do personagem. As modificações que o Vigia observa nessa realidade não parecem forçadas e combinam com as regras do jogo dos Kree, trazendo à tona não apenas uma intriga ligada à ficção científica, a um plano específico com o Sentry 459, mas também uma intriga pessoal, envolvendo os sentimentos do Coronel Yon-Rogg pelo mesmo interesse romântico de Mar-Vell. Parece bobo, mas realmente funciona como adição de coluna dramática na HQ, e o final é bastante coerente com toda essa realidade, “fechando uma porta para a Terra“, como o roteiro diz, mas deixando essa realidade com toda uma nova possibilidade de abordagem que seria interessante de se ver numa continuidade da edição. Um bom fechamento para um bom conjunto de histórias.

What If? Vol.1 #17: What If Ghost Rider, Spider-Woman and Captain Marvel Had Remained Villains? (EUA, outubro de 1979)
No Brasil:
Capitão América #28 (Editora Abril, 1981), Almanaque Premiere Marvel #5 (RGE, 1982)
Roteiro: Steven Grant
Arte: Carmine Infantino
Arte-final: Frank Springer, Mike Esposito, Pablo Marcos
Cores: Roger Slifer, Carl Gafford, Bob Sharen
Letras: Tom Orzechowski
Capa: Gene Colan, Jack Abel, Irv Watanabe
Editoria: Mark Gruenwald
30 páginas

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