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Crítica | O Que Aconteceria Se… Namor Tivesse se Casado com a Mulher Invisível?

Boi profano, põe teus cornos pra fora e acima da manada...

por Luiz Santiago
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Não é a primeira vez que visitamos a Terra-772 nesta série. Na verdade, esta Terra foi a primeira parada do Vigia quando o projeto se iniciou, lá em 1977, com a história bem regular intitulada E Se… o Homem-Aranha Tivesse se Juntado ao Quarteto Fantástico?, escrita por Roy Thomas. Mesmo depois de algumas histórias marcantes nessa primeira fase de aventuras com versões alternativas de personagens e times da Marvel (cito especialmente a primeira, do Hulk inteligente; a dos Invasores depois da 2ª Guerra; a do Mestre do Kung Fu e a do Homem-Aranha que impede o ladrão de matar tio Ben) é até frustrante observar alguns roteiros continuam apresentando os mesmos problemas que tivemos nas primeiras edições.

Com roteiro de Bill Mantlo, a trama explora o que acontece com o Quarteto Fantástico após Sue Storm, a Mulher Invisível, ter ficado na Atlântida e se tornado esposa de Namor, como visto na já citada What If… #1. Desde então, Reed e Johnny fizeram quase nada para esconder a amargura que guardam pelo destino de Sue, e vivem criticando duramente o Amigão da Vizinhança por qualquer erro (ou o que eles classificam como erro) durante as batalhas, descontando nele toda a raiva guardada, o que leva o Spidey a desistir do grupo. Ben, desapontado com a atitude de Reed, logo vai embora também. É um momento de mudanças para a equipe. Só os dois amargurados que ficam na ideia fixa de que são culpados pelo destino de Sue, claramente achando-a uma pobre coitada que não tem poder de escolha e que deve ser salva por eles.

O Reed dessa Terra é, numa comparação mais genérica, um Ozymandias com nível bem maior de ego e estupidez. Ele planeja se vingar de Namor criando uma guerra entre a superfície terrestre e a Atlântida, adulterando um vídeo que apresenta na ONU e sendo desmascarado e humilhado pelo Coisa, que faz o que é certo para impedir que o tal confronto aconteça. É absolutamente patético esse comportamento e, mesmo considerando se passar em outro Universo, não me parece o tipo de atitude que Reed teria, já que ele é alguém tão racional e que leva em consideração tantas variantes possíveis antes de agir. Essa é a essência do personagem, não? De qualquer forma, essa versão mais “naipe de copas” de Richards até poderia ser interessante se houvesse um trabalho menos infantil para ele e para o Tocha, o que infelizmente não é o caso.

Aqui, muita coisa depõe contra a história, começando da diagramação das páginas, dos desenhos pouco chamativos de Gene Colan (são poucas as páginas realmente interessantes nessa edição) e do texto enjoativamente didático, a ponto de termos retângulos de narração, balões de pensamento e balões de fala explicitando exatamente aquilo que estava sendo mostrado na arte. Um verdadeiro horror de concepção dramática numa HQ.

Destaca-se, porém, a tensão criada na terceira parte da trama, com boas provocações entre Namor e Reed. Esses momentos, contudo, são intercalado por cenas de percepção da realidade tremendamente improváveis (Reed se arrependendo de exterminar a Atlântida quase como um Deus Ex Machina redentor, por exemplo) e por um encerramento que aposta todas as fichas no otimismo, mas que só consegue terminar a saga de maneira insossa. Pelo menos a ameaça de Johnny à Atlântida e a Namor paira como um perigo sério a ser enfrentado no futuro, deixando alguma coisa instigante para temperar dramaticamente a configuração da Terra-772 depois dos acontecimentos desta edição.

O Que Aconteceria Se… Namor Tivesse se Casado com a Mulher Invisível? (EUA, março de 1980 — data de capa: junho de 1980)
Roteiro: Bill Mantlo
Arte: Gene Colan
Arte-final: Bob Wiacek
Cores: Gaff
Letras: Tom Orzechowski
Capa: Gene Colan, Irv Watanabe
Editoria: Dennis O’Neil, Mark Gruenwald
37 páginas

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