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Crítica | O Rei da Polca

por Luiz Santiago
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O Rei da Polca, filme original da Netflix exibido oficialmente no Sundance Film Festival em 22 de janeiro de 2017 e lançado na plataforma apenas em 12 de janeiro de 2018, quase um ano depois, é uma comédia baseada na história de Jan “Lewan” Lewandowski, um músico e compositor polonês que esteve envolvido em um esquema de fraude financeira nos Estados Unidos, prometendo aos seus fãs e frequentadores de seus shows uma quantia absurdamente maior do que qualquer banco pagaria para investimentos (segundo o filme, 12% em cima do valor, enquanto as instituições prometiam 3%), ação que, quando descoberta, faz Lewan cumprir 5 anos de prisão.

Escrito e dirigido Maya Forbes (que estreou como diretora em 2014, com o filme Sentimentos que Curam) e Wallace Wolodarsky (diretor de A Sangue Frio, Curvas Perigosas e Pecado Consentido), o longa é um casamento estranho de comédia musical com biografia que atira para todos os lados possíveis: instabilidade familiar, focada na relação problemática entre Jan e a sogra, problemas com dinheiro, drama pessoal dos investidores, especialmente os de mais idade e desenvolvimento às vezes claudicante do próprio protagonista no meio de tudo isso.

O ponto positivo foi a escalação de Jack Black para interpretar o papel principal. O ator tem uma enorme simpatia e consegue dominar muito bem cenas das mais diversas composições temáticas. Mesmo não sendo um ator de grande alcance dramatúrgico, sua caracterização do personagem é boa o bastante para fazer valer a maioria das cenas em que aparece, mostrando-nos que, por mais insanas que fossem as promessas de investimentos do músico, ele era uma pessoa apaixonante, não à toa que todos confiavam e gostavam muito dele.

O primeiro grande bloco da obra serve como estabelecimento das loucuras musicais e financeiras do protagonista. Acompanhamos os shows de polca, a aparição dos primeiros investidores, a primeira grande ameaça e uma aparente calmaria, onde Jan resolve ignorar o aviso dado pelo oficial do governo e cria um modo “secreto” de investimento onde nem ele sabia direito explicar NO QUE as pessoas estavam investindo. O roteiro é bastante eficaz ao mostrar a sucessão de situações nonsenses (a viagem à Europa é um destaque, exceto pela estranhíssima e mal dirigida sequência com a aparição do Papa João Paulo II) o que nos leva para o segundo grande bloco da película, o mais caótico de todos, onde o castelo de maus investimentos começa a desmoronar, tudo a partir de um concurso de beleza… adivinhem só… fraudado, que acabou favorecendo Marla Lewan (Jenny Slate, em uma interpretação sem sal nem açúcar mas que em um momento ou outro representa bem a esposa escanteada de uma celebridade local). Nota: a cena de apelo feminista ficou imensamente fora de contexto, não há timing e nem espaço para humor ou relação dramática para aquela sequência.

Como uma boa parte do filme traz sequências de espetáculos musicais, a trilha sonora acaba se curvando a eles, ganhando destaque funcional apenas no momento em que Jan sai da prisão e coloca uma fita gravada na penitenciária, com uma batida de rap e elementos rítmicos de polca, uma mistura de gêneros musicais que fariam parte dos shows do artista na segunda fase de sua carreira.

Embora muita coisa se perca no roteiro do meio para o final da obra, a exemplo de situações cômicas abandonadas ou resolvidas às pressas (especialmente relacionadas ao personagem de Jason Schwartzman), o espectador ainda fica com o bom espetáculo visual e sonoro garantido pelos shows. Nestes momentos a direção consegue mostrar um pouco mais de dinâmica e os figurinos (um dos pontos altos dos setores técnicos) recebem mais uma chance para nos impressionar.

Sendo uma versão do documentário The Man Who Would Be Polka King (2009), O Rei da Polca garante algumas boas risadas mostrando a sempre chamativa presença de Jack Black e uma quase impossível, de tão absurda, história envolvendo música, o amor pelos Estados Unidos e a personalidade cativante de um polonês fraudador. Não é uma produção da Netflix que podemos chamar de “maravilhosa”, mas consegue divertir.

O Rei da Polca (The Polka King) — EUA, 2017
Direção: Maya Forbes, Wallace Wolodarsky
Roteiro: Maya Forbes, Wallace Wolodarsky
Elenco: Jack Black, Jenny Slate, Jason Schwartzman, Jacki Weaver, J.B. Smoove, Robert Capron, Willie Garson, Vanessa Bayer, Robert Macaux, Mary Klug, Wallace Wolodarsky, Lew Schneider, Phyllis Kay, Richard Donelly, Kati Salowsky
Duração: 95 min.

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