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Crítica | Tintim: O Segredo do Licorne

por Luiz Santiago
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O Segredo do Licorne é, sem sombra de dúvida, uma história clássica e muitíssimo conhecida das Aventuras de Tintim. Sem o conteúdo político ou a contextualização própria de um jornal controlado pelos nazistas durante a Segunda Guerra Mundial, o álbum traz uma típica aventura detetivesca protagonizada, na verdade, pelo Capitão Haddock, já que a maior parte da ação se dá em torno de objetos e histórias de seu ancestral François, o cavaleiro de Hadoque, Capitão-tenente da Marinha do Rei, Comandante da nau Licorne.

A história começa com Tintim, Milu e os Dupondt no mercado de pulgas. Ao comprar um belo navio em miniatura para dar de presente ao seu amigo Haddock, Tintim é abordado por dois homens estranhos, pagando uma quantia muito alta para ter a posse do objeto. Determinado a presentear o Capitão, Tintim, não vende o navio para os interessados e o leva para casa. Então dá-se início a uma caçada pela miniatura do Licorne, que no desenrolar da história, descobrimos ser muito mais intricada do que parecia à primeira vista.

Hergé esvazia o seu texto de conteúdo político ou mesmo de indicações polêmicas, como as aparecem em A Estrela Misteriosa, e que lhe custariam muitas perguntas nos pós-guerra, e adota uma narrativa plena de aventura, com uma arte simplesmente deslumbrante. A própria história vai ganhando fôlego e os personagens, que no início pareciam ralos, tornam-se interessantes e com um papel importante para a trama, como no caso dos irmãos Passarinho e do cleptomaníaco Aristides Filagrana.

O que impressiona o leitor é a narrativa do diário de François de Hadoque, sempre alterada pelas perspectivas alcoólicas do Capitão, enquanto dizia para Tintim tudo quanto havia lido. E a história é realmente maravilhosa. Desde o primeiro balão em que Haddock começa a falar, já percebemos um quê de história de piratas, aventuras marítimas e humor.

plano critico o segredo do licorne plano critico

__ Estamos em 1698. O Licorne, uma valorosa nau de terceira linha da frota de Luís XIV zarpou da ilha de São Domingos, nas Antilhas, e velejava para a Europa, levando a bordo uma carga de… de… bem, levava principalmente rum…

A pesquisa de Hergé para os modelos dos navios e mesmo imagens de batalhas, nomenclaturas antigas para partes das naus, quadros, roupas e cores aparecem perfeitamente representados. Rackham, o Terrível foi outra parte bem feita da lição de casa do autor. Ele foi baseado em um verdadeiro pirata, John Rackham (ou Calico Jack). O pirata tem data e local de nascimento desconhecidos, mas foi executado em Santo Jago de la Vega, Jamaica, em novembro de 1720.

A história do Licorne, entretanto, não é finalizada nesse álbum. Ela tem sua continuação em O Tesouro de Rackham o Terrível, que seria publicado logo em seguida. O arco de histórias é certamente muito bom, e nesse primeiro álbum tropeça apenas na explicação gratuita do irmão Passarinho capturado. Não vejo muita necessidade de todo aquela exposição que tornou o bandido um pouco bobo, entregando de mão beijada as informações pedidas por Tintim. De qualquer forma, O Segredo do Licorne é uma aventura maravilhosa, uma das raras a se passar unicamente na Bélgica, e a preparação de uma caçada ainda mais instigante.

Le Secret de La Licorne (Bélgica, 1942 – 1943)
Publicação original: Le Soir Jeunesse, 11 de junho de 1942 a 14 de janeiro de 1943
Publicação encadernada original: Casterman
No Brasil: Companhia das Letras, novembro de 2011
Roteiro: Hergé
Arte: Hergé
62 páginas

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