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Crítica | One Piece: Barão Omatsuri e a Ilha Secreta

Quando o terror encontra One Piece.

por Rodrigo Pereira
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A tripulação dos Chapéu de Palha com semblantes assustados no filme One Piece: Barão Omatsuri e a Ilha Secreta..

Que One Piece é um dos maiores, quiçá o maior, sucesso tanto como mangá, quanto como anime não é surpresa para ninguém. A criação do mangaká Eiichiro Oda é a série de mangá mais vendida da história, com vendas superiores a 490 milhões de cópias e mais de 100 volumes publicados desde 1997, fora a versão animada, produzida desde 1999, e que segue semelhante sucesso, ultrapassando 1000 episódios recentemente. Como não seria diferente em um produto de tamanho êxito, alguns filmes sobre a obra foram lançados ao longo de todos esses anos (são 14 até o momento), e One Piece: Barão Omatsuri e a Ilha Secreta é, dentre os que já assisti, sem dúvidas o melhor.

Dirigido por Mamoru Hosoda, o filme se passa antes do arco de Water 7 no anime e mostra Luffy (Mayumi Tanaka) e sua tripulação indo para um resort após lerem um anúncio sobre o local. A ideia de todos era descansar e se divertir um pouco, mas, ao chegarem na ilha, são recepcionados pelo Barão Omatsuri (Akio Ôtsuka), um homem um tanto misterioso que afirma aos visitantes que só poderão curtir as férias caso vençam algumas disputas contra seus companheiros. Nesse momento, tudo começa a tomar um caminho cada vez mais sombrio.

Enquanto os Chapéu de Palha começam a entrar no clima da competição, principalmente Luffy, a figura do Barão sai de cena quase que totalmente, aparecendo somente momentos antes de cada disputa e quando Nico Robin (Yuriko Yamaguchi) descansa em uma espreguiçadeira. Esse sumiço quase que completo se mostra, mais tarde, como parte da estratégia do Barão para atingir seu objetivo: colocar a tripulação dos Chapéu de Palha uns contra os outros para separá-los e destruí-los. Apesar de parecer um propósito genérico, a motivação do vilão é bastante pessoal e a forma como a obra vai mudando de tom conforme temos contato com isso é algo que jamais esperaria ver em algo atrelado a One Piece.

Ainda que o ar descontraído e a comicidade característicos da obra marcam presença logo ao início, vão desaparecendo ao longo do tempo. E me agrada muito como Hosoda faz isso de maneira sutil, utilizando artifícios recorrentes dentro da história de Oda, como Zoro (Kazuya Nakai) e Sanji (Hiroaki Hirata) brigando ou Usopp (Kappei Yamaguchi) tentando fugir do perigo, mas, por conta dos acontecimentos, esses conhecidos eventos se mostram mais graves que o comum e as personagens encaram como algo pessoal, começando a dividi-los. Luffy, como sempre, segue encarando tudo como uma grande brincadeira e demora para perceber o que está acontecendo, o que nos leva para a parte em que a fita assume completamente seu lado sombrio e abraça o terror.

Quando os planos do Barão ficam evidentes, Luffy se vê sozinho e precisando resgatar seus companheiros, o que se apresenta como uma difícil tarefa. Durante esse ato, o filme perde quase que completamente qualquer som, com exceção dos diálogos, dando a impressão que as personagens estão localizadas em algum vácuo, refletindo o vazio que se apossou da realidade do capitão de borracha. As cores vibrantes de outrora dão lugar ao preto, vermelho e demais tons escuros junto a uma predominância crescente das sombras, trazendo uma forte melancolia e desespero para o agora sozinho protagonista. E esses momentos mostram como Hosoda compreendeu perfeitamente um dos pilares da obra de Oda: o companheirismo.

Sem sua tripulação, Luffy viu-se em um mundo sombrio, sem felicidade e aterrador. Perder seu companheiros, mesmo que por um momento, transformou sua realidade em um pesadelo, com direito a verdadeiros monstros, inclusive. Para atingir esse resultado, Hosoda levou o terror para o universo de One Piece, criando uma inusitada porém belíssima história de horror sobre o pirata que estica.

One Piece: Barão Omatsuri e a Ilha Secreta (Omatsuri danshaku to himitsu no Shima) — Japão, 2005
Direção: Mamoru Hosoda
Roteiro: Masahiro Ito, Eiichiro Oda
Elenco: Mayumi Tanaka, Kazuya Nakai, Akemi Okamura, Kappei Yamaguchi, Hiroaki Hirata, Ikue Otani, Yuriko Yamaguchi, Akio Otsuka, Takeshi Kusao, Takeshi Aono, Masaharu Sato, Joji Yanami, Keiko Yamamoto, Anzu Nagai, Sosuke Ikematsu, Makiko Ohmoto, Daisuke Sakaguchi, Misa Watanabe, Yoshito Yasuhara, Shou Ayanokouji
Duração: 92 min.

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