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Crítica | Operação Presente

por Leonardo Campos
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O que esperar de um filme natalino intitulado Operação Presente? No mínimo, uma ode ao verbo que está entre os cinco mais conjugados do período: “presentear”, claro, haja vista o nome da produção que guia a reflexão em questão. Dirigida por Sarah Smith e por Barry Cox, dupla que também assumiu o roteiro, em parceria com Peter Baynham, a animação versa sobre o processo de organização e entrega dos presentes natalinos pelo Papai Noel e sua equipe de colaboradores, comandada sob um grupo de líderes bem organizados diante da missão mais importante do ano no contexto de suas histórias.

Lançado em 2011, Operação Presente é uma produção que descortina a história de Arthur (voz de James McAvoy), filho de Papai Noel, o vigésimo de sua linhagem. Ele é quem veste a camisa das tarefas familiares e se encanta diante da felicidade de cada criança a receber o seu presente. Há beleza e virtude na ação e por ser desajeitado, o jovem não é a primeira opção de seus pais no comando da atividade num futuro próximo. Como desafio, há o aumento populacional que impede a tarefa de ser algo simples, ao contrário, é repleta de obstáculos desafiadores.

Com seu tamanho gigantesco, a nave S1 é o meio de transporte para a entrega dos presentes, sem renas e trenós, elementos considerados como coisa do passado. Assim, o filme entrega uma de suas discussões, focada em tecnologia, ao refletir como o Papai Noel consegue entregar tantos presentes em apenas uma noite? Debate da contemporaneidade, era dos aplicativos e da democratização em larga escala da cibercultura, com o ofício herdado por gerações comandado por meio de monitoramentos, computadores e outros itens de alta tecnologia.

O Papai Noel (voz de Jim Broadbent) já prepara os jovens para assumir missões no futuro, tal como o Vovô Noel (voz de Bill Nighy) fez quando necessário. Steve (Hugh Laurie), inicialmente colocado para ser o sucessor, recebe um cargo administrativo no processo de organização da entrega de presentes, haja vista a sua praticidade na atividade, sem deixar espaço para sentimentalismo ou distrações que o atrapalhe no exercício de sua função, afinal, a divulgação do filme delineia no cartaz: “já pensou como dois bilhões de presentes são entregues numa só noite?”.

Diante dos conflitos mais básicos, algo toma a preocupação dos envolvidos de maneira mais urgente. Após todas as entregas, descobre-se que uma garota do sudoeste da Inglaterra não recebeu o seu presente. Assim, torna-se possível que a garota perca relativamente a sua crença na magia natalina. É a chance de Arthur mostrar serviço e comprovar que por detrás de seu jeito desengonçado, há força para assumir tarefas complexas como as exercidas por seu pai. É algo desafiador e novo. A dúvida é saber se ela conseguirá ou não dar conta da incumbência.

Assim, em seu processo narrativo, Operação Presente conta com imagens deslumbrantes, produzidas com apoio da equipe de efeitos visuais comandada por Doug Keller, profissional que teve como apoio, a condução musical leve de Harry Gregson-Williams. São imagens que guiam um roteiro acima da média, diferente do que geralmente se faz no campo da animação, isto é, a excessiva facilitação narrativa para atingir o público infantil, majoritário diante deste tipo de filme. Produzido pelos estúdios Aardman, teve distribuição da Sony Pictures e foi um relativo sucesso de público.

E, por fim, a reflexão adicional sobre o natal, época em que o amor é a questão moral que mais importa. Alguns colocam o seguinte ponto: o que seria uma prova de amor mais contundente que o ato de presentear? Desculpa de consumista ou atitude exclusivamente nobre? Na ótica da animação, despreocupada com esse tipo de preocupação, afinal, não é parte de seu foco narrativo, presentear é algo basicamente industrial, mecânico, necessário para se estabelecer a ordem das tradições vigentes. É uma operação de caráter militar.

Operação Presente (Arthur Christmas/Estados Unidos, 2011)
Direção: Sarah Smith
Roteiro: Peter Baynham, Sarah Smith
Elenco: Adam Tandy, Alan Short, Alistair McGowan, Andy Serkis, Ashley Jensen, Bill Nighy, Bronagh Gallagher, Clint Dyer, Cody Cameron, DannyJohn-Jules, David Schneider, Deborah Findlay, Dominic West, Donnie Long, Emma Kennedy, Eva Longoria, Finlay Duff, Hugh Laurie, Iain McKee, Ian Ashpitel, Imelda Staunton, James McAvoy, Jane Horrocks
Duração:  97 min

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