Home FilmesCríticas Crítica | Órfã 2: A Origem

Crítica | Órfã 2: A Origem

Um prelúdio que se faz relevante ao buscar impactar, sem se repetir demasiadamente.

por Leonardo Campos
3,4K views

Quando a continuação de A Órfã foi anunciada, muita gente olhou com desconfiança para o projeto, sendo o crítico de cinema que vos escreve uma destas pessoas, afinal, depois da produção de 2009, devidamente amarrada em suas escolhas narrativas, acreditei ser impossível uma nova imersão neste universo que conseguisse impactar. Órfã 2: A Origem segue os caminhos dos prelúdios que demonstram para os espectadores os acontecimentos prévios ao que observamos durante a primeira empreitada da saga de Esther, interpretada por Isabelle Fuhrman, uma mulher com mais de trinta anos de idade que possui uma condição de saúde bastante específica, algo que a deixa com perfil de criança, situação que a permite cometer os crimes mais hediondos, sendo a moça uma das pacientes mais perigosas de um hospital psiquiátrico russo. Apesar de não termos a surpresa sobre as informações acima, material dramático que se estabelece no desfecho do primeiro filme, os realizadores desta continuação demonstram para o público que souberam exatamente para o que vieram, fincando na metade da trama uma reviravolta intrigante, nos tirando da sensação de estar diante de apenas uma repaginada em algo que já tinha sido apresentado antes.

E devo lhe confessar, caro leitor, que a proposta é muito boa, tornando o que seria mais do mesmo em algo muito eficiente. Dirigido por William Brent Bell, esta continuação nos coloca no gélido e nebuloso território russo, com foco numa instituição de tratamento psiquiátrico coordenada pelo Dr. Novotny (David Lawrence Brown), personagem que nos apresenta o espaço por meio da chegada de uma terapeuta novata que substituirá a antiga responsável por Esther, conhecida por lá como Leena, a paciente mais perigosa, segundo as informações expostas nos diálogos preambulares. Lá, depois de uma fuga curiosamente divertida, algo que requer bastante boa vontade do espectador diante da suspensão da descrença, temos a mortal mulher obstinada rumo aos Estados Unidos, depois de cometer atos violentos na tal instituição e na casa de uma figura ficcional que sequer imaginava o seu desfecho aterrorizante.

Ao acessar a internet, Leena decide se passar por Esther, uma menina dada por desaparecida há quatro anos, escolha ideal para garantir a sua travessia continental. Assim, ela se deixa entregar aos policiais da região e conta que foi sequestrada. Cortamos, agora, para os estadunidenses. Tricia Albright (Julia Stiles) e Allen Albright (Rossif Sutherland) aparecem na apresentação de esgrima do filho mais velho, Gunnar (Matthew Finlan) e na saída do evento, encontram o Detetive Donnan (Hiro Kanagawa), personagem que traz uma verdade desconfortante e surpreendente: a informação da embaixada americana na Rússia sobre Esther, a filha desaparecida do casal, ter sido encontrada pelas autoridades locais. Encurralados emocionalmente pela surpresa, as coisas começam a mudar vertiginosamente no lar. A mãe vai buscar a garota no país em questão e no retorno, inicia um processo terapêutico para reestabelecer as coisas dentro de casa.

A semelhança é grandiosa. Inicialmente, a mãe se demonstra perplexa com a novidade, o irmão aparenta desconforto e o pai parece ser a única pessoa feliz diante da situação. Ele é o alvo de Esther, afinal, seus hormônios a fazem querer matar todos para ficar com o homem e ser a nova mulher da casa. Como mencionado, as coisas não serão tão fáceis desta vez, pois pelo que observaremos no segundo ato, a família em questão pode não ser nada daquilo que imaginamos, isto é, indivíduos enlutados e com passado de sofrimento. E, é nesta virada que Órfã 2: A Origem nos revela a sua criatividade e relevância. Contar mais seria estragar a surpresa que faz toda a diferença para o espectador se conectar com a proposta que também acerta além do roteiro firme de David Coggeshall, demonstrando competência em sua escurecida e sombria direção de fotografia, assinada por Karim Hussain, bem como na trilha sonora constantemente a nos deixar em clima de tensão, textura percussiva comandada por Brett Detor. Ademais, a cenografia e a direção de arte do design de produção de Matthew Davis também colaboram com o estabelecimento do clima de assombro e mistério, fazendo desta continuação um filme de terror eficiente, dinâmico e divertido.

Órfã 2: A Origem (Orphan: First Kill, EUA – 2022)
Direção: William Brent Bell
Roteiro: David Leslie, Johnson-McGoldrick, David Coggeshall
Elenco: Isabelle Fuhrman, Julia Stiles, Rossif Sutherland, Hiro Kanagawa, David Lawrence Brown, Matthew Finlan
Duração: 123 min

Você Também pode curtir

Este site usa cookies para melhorar sua experiência. Presumimos que esteja de acordo com a prática, mas você poderá eleger não permitir esse uso. Aceito Leia Mais