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Crítica | Os Conquistadores (1941)

por Luiz Santiago
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Western Union foi um dos dois livros que o escritor Zane Grey publicou em 1939 (o outro foi Knights of the Range), e que se tornou uma das inúmeras adaptações de suas obras para o cinema, desta vez, pelas mãos do Mestre Fritz Lang. O diretor vinha de uma experiência nada positiva com um faroeste, A Volta de Frank James, lançado no ano anterior a este Os Conquistadores, e aqui podemos observar uma série de ganhos no produto final, já mostrado Fritz Lang à vontade com o gênero e criando momentos absolutamente fascinantes na tela.

O título brasileiro, como quase sempre, é ruim, e dá uma ideia completamente diferente daquilo que a obra realmente nos traz. Aqui, temos a extensão dos postes e fios de telégrafo pelas Grandes Planícies norte-americanas, realizada pela Western Union, a Companhia de Telégrafos fundada em 1851 e que existe até os dias de hoje. Cercando essa linha narrativa principal, temos o elemento de conflito da fita, que se mostra para o público já no início. Vance Shaw (Randolph Scott) está em fuga pelo deserto, após ter participado de um assalto a um banco. Nessa fuga, ele encontra Edward Creighton (Dean Jagger), que acaba ajudando e, sem saber, marcando em definitivo a sua vida a curto prazo.

O roteiro de Robert Carson explora um tema caro a muitos faroestes, que é o conflito entre a modernidade dos colonos americanos/europeus e a vida indígena nas grandes planícies. Há uma cena emblemática aqui que exemplifica isso de forma direta, que é quando Creighton convence um chefe indígena a permitir o avanço das linhas de telégrafo por suas terras. Essa dualidade se une a um outro elemento de construção dramática, o lado do crime, que em seu interior recebe uma divisão bastante chamativa, capaz de engajar o espectador sem muito esforço.

De lado, temos o “bom bandido” vivido por Randolph Scott, que dá sinais de humanidade desde que salvou Creighton na sequência inicial da obra. Do outro lado temos Jack Slade (Barton MacLane), que representa a face puramente selvagem, assassina e maquinalmente má da civilização que está chegando ao oeste. E ao longo da fita observamos essa dualidade entre diferentes forças agindo dentro de um mesmo grupo, onde a possibilidade de mudança e até mesmo a tentativa de fazer com que algo não ganhe uma escalada desnecessária parece inútil. Entre a invasão da “selvageria pela modernidade” e dos bons e maus indivíduos dentro de cada grupo social (branco ou vermelho), o texto ainda nos traz a típica “maldição do cavaleiro solitário“, que no presente caso, não é tão solitário assim.

A despeito das tragédias, a grande empresa nacional prospera e as linhas de telégrafo são, por fim, instaladas. O final de Os Conquistadores é basicamente a versão humana de uma das mais belas e simbólicas cenas do filme, quando vemos a carcaça de um animal em primeiro plano e, na profundidade de campo, cavalos passando diante da câmera e fios de telégrafo sendo instalados. A morte de alguns, o fogo, a fome e a bandidagem ao redor são apenas “acidentes de percurso” nesse trajeto da tecnologia que pretende diminuir as distâncias de comunicação no país. É aquela história do Velho Oeste onde a vitória, assim como em muitas ocasiões na vida, é amarga demais para ser inteiramente aproveitada. Mas a despeito disso, o mundo segue dizendo a cruel e ao mesmo tempo real e necessária frase: “a vida continua“.

Os Conquistadores (Western Union) — EUA, 1941
Direção: Fritz Lang
Roteiro: Robert Carson (baseado na obra de Zane Grey)
Elenco: Robert Young, Randolph Scott, Dean Jagger, Virginia Gilmore, John Carradine, Slim Summerville, Chill Wills, Barton MacLane, Russell Hicks, Victor Kilian, Minor Watson, George Chandler, Chief John Big Tree, Chief Thundercloud, Dick Rich
Duração: 95 min.

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