Home QuadrinhosEm Andamento Crítica | Os Defensores #6 a 17 (1973-1974)

Crítica | Os Defensores #6 a 17 (1973-1974)

por Gabriel Carvalho
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Contém spoilers.

Com a perda das revistas próprias do Surfista Prateado e do Doutor Estranho, ambos personagens extremamente importantes da Marvel Comics, Roy Thomas investiu na criação de um supergrupo que levaria adiante as histórias destes heróis. A inclusão do Incrível Hulk e do Namor fortificaram a base desse novo time, como garantia de vendas. Sendo assim em Marvel Feature #1 aconteceu a estreia dos Defensores, que ganhariam sua própria revista não muito tempo depois. As cinco primeiras edições deram uma boa largada para o novo grupo destes heróis deslocados, contando com a adição de mais uma nova integrante: a Valquíria.

The Defenders #6

O retorno do Surfista Prateado à Terra que dá margem à sexta edição de The Defenders, denominada Sonhos da Morte. A bela arte de Buscema contorna os devaneios do Surfista, um dos únicos personagens que tem uma super exposição de pensamentos , um dos artifícios clássicos da narrativa em quadrinhos, funcional. Um casamento perfeito com o teor de sua personalidade. O personagem, a caminho do lar do Doutor Estranho, chega no exato momento em que o mago e sua morada encontram-se sobre ataque do temível, Cyrus Black.

Um espetáculo visual encontra-se à frente dos leitores que serão apresentados a diversas ideias visuais, com monstros mitológicos ao encargo dos Defensores, ao menos na imaginação de Cyrus Black. A motivação do mago de ser melhor que Stephen Strange é crível, mesmo que fraca se no intuito de designá-lo como grande supervilão e desenvolver as facetas da vilania em justificativas mais amenas. A conceituação do roteiro sobre os parâmetros da realidade e da imaginação é muito boa e extremamente interessante, abrindo muito bem as portas para as histórias seguintes.
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The Defenders #7

Anterior ao grande crossover A Guerra Vingadores/Defensores, a admissão do Gavião Arqueiro à superequipe é o evento principal que permeia a sétima edição da revista. É interessante notar logo de cara o fato da equipe dos Defensores ser completamente estranha ao Gavião Arqueiro, que saiu dos Vingadores e decidiu seguir carreira solo como vigilante. O roteiro faz um bom trabalho em reprisar os últimos passos do personagem denotando uma coesão de universo, como também faz justificando a ausência do Doutor Estranho. As observações feitas por Clint são muito bem humoradas, mas a história apenas engata quando um atlante aparece para avisar a Namor das desventuras causadas por Attuma.

A missão então é criada, com os Defensores tendo que enfrentar e derrotar não apenas Attuma. Uma segunda mente maligna envolta de tanta vilania revela-se como o Fantasma Vermelho. Ao lado do Incrível Hulk, Namor e Valquíria, todos seres poderosíssimos, é bom de ver o Gavião Arqueiro não estando deslocado como um membro menor. A edição ainda deixa um instigante cliffhanger para a próxima, com Namor sob controle mental. Antes, o Príncipe Submarino havia reafirmado a sua arrogância e agora a aliança que ele “desmereceu” tem de salvá-lo desses apuros.
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The Defenders #8, 9, 10 e 11

“Sim, Hulk foi um Vingador uma vez. Não gostou.” – O Incrível Hulk dá seus pitacos sobre sua tão conhecida participação na superequipe dos maiores heróis da Terra.

Da mente imaginativa de Steve Englehart, duas revistas estavam sendo publicadas pela Marvel Comics com a sua assinatura, em meados de 1973: Os Vingadores e Os Defensores. A intuição do roteirista logo levou-o, com o auxílio dos ilustradores Sal Buscema e Bob Brown, a unir-las, intercalando a história que seria contada entre as duas revistas de sua autoria. A Guerra Vingadores/Defensores ganhava forma e logo permearia por oito edições o primeiro grande crossover da editora. Apesar de ainda estar no seu início de carreira (vide, aqui, a crítica da origem), a estranha equipe dos Defensores contava com alguns dos heróis mais famosos da companhia, e os Vingadores, é claro, eram os Vingadores. Mesmo que a história não fosse extremamente bem elaborada, a diversão certamente era uma garantia para os leitores da época que se deliciariam com a sempre atrativa luta de mocinho contra mocinho. E assim foi.

Continue a ler a crítica deste arco clicando no título.
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The Defenders #12

No pós-Guerra Vingadores/Defensores, o grupo de associados retornam em mais uma aventura, sem a presença de Namor, Gavião Arqueiro e Surfista Prateado, que saíram do “time”. Na primeira cena, um alegre Hulk caminha por um jardim de flores. De repente, assim como a instabilidade de humor do Gigante Esmeralda, a situação toda muda, e surge Xemnu. Doutor Estranho e Valquíria conversam brevemente quando a guerreira decide por deixar Os Defensores, em busca de sua própria identidade perdida na sua própria origem. Com isso, os primeiros momentos de O Titã Contra-Ataca traz uma boa dose de conflitos pessoais, que são incorporados – mesmo que não explorados – em uma aventura ao resgate de Hulk.

O desenrolar da história tem diversas “bobagens”, que funcionam adequadamente para com o storytelling. O existencialismo da Valquíria é deixado de lado, e o que apenas é construído efetivamente no final do conto é a solidificação da amistosidade – e quem sabe amizade – entre Hulk, Doutor Estranho e Valquíria. Apesar de ser bem conhecida a forma prepotente como o supostamente modesto Stephen Strange trata a versão monstruosa de Bruce Banner, é gratificante ver o mago chamar o verdão de amigo.
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The Defenders #13 e 14

A história que introduz o Falcão Noturno à equipe dos Defensores é uma das mais divertidas da nova fase de Len Wein à frente da revista do supergrupo. O personagem tem uma crise de consciência ao perceber a consequência tenebrosa que será provida dos planos que seus companheiros do Esquadrão Sinistro estão arquitetando. A “traição” do Falcão Noturno serve como método de simpatizar o personagem com o público, acostumado a vê-lo como um vilão. A venda da Terra para o inédito ser Nebulon  funcionará como procedimento do roteiro apenas com a suspensão da descrença por parte do leitor. Por falar em Nebulon, o mesmo tem um visual celestial imponente, com cabelos platinados e um olhar maligno. Um bom acerto de Sal Buscema.

Apesar da primeira parte do mini arco contar com uma batalha positiva em termos de andamento e ritmo, além do retorno do Namor, é na segunda de fato que o confronto dos Defensores contra o Esquadrão Sinistro ganha as proporções imagéticas mais inusitadas. O ambiente gélido logo vai coexistindo com o absurdo de cores impostas pelos ares cósmicos envoltos da presença de Nebulon. Nada mais de interessante, no entanto, pode ser absorvido a não ser a espetacular introdução do Falcão Noturno, já comentada anteriormente. Ademais, o novo integrante recebe um presente de Buscema ao ter seu uniforme – horroroso – destruído, o que daria margem a criação de um novo, muito mais vistoso.
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The Defenders #15 e 16

O décimo quinto número de The Defenders abre com uma splash page na qual o Doutor Estranho finaliza o tour pelos seus aposentos com o Falcão Noturno, mais novo membro da equipe. A aventura apresenta inicialmente uma boa quantidade de humor trivial, com Valquíria e Falcão conversando sobre o novo uniforme do personagem – que está lindíssimo aliás. A personagem também retoma seus pensamentos sobre sair da equipe, baseados na sua crise de identidade. Essa retomada de pensamentos, no entanto, é apenas uma reafirmação, sendo ignorada para o restante de acontecimentos das edições. Após sermos noticiados da ausência de Namor, somos interrompidos pela chegada do Professor X, que Deus sabe porque, decidiu buscar ajuda dos Defensores para enfrentar o Magneto.

Com a Irmandade de Mutantes os Defensores têm adversários decentes, mas nem um pouco extraordinários. É neste momento que Magneto surge com a sua mais nova criação, o mutante Alfa. Após intervir até mesmo nas Nações Unidas, o feitiço acaba virando contra o feiticeiro e o exageradamente simples desenrolar da narrativa origina uma resolução inspirada. Alfa eleva-se além da raça mutante, decidindo voltar-se contra Magneto e a Irmandade de Mutantes. A transformação dos vilões em bebês é extremamente ridícula se olhada por um ponto de vista comum, mas a argumentação valida, ao menos brandamente, a atitude de Alfa. O discurso final promove o direito de oportunidade a segundas chances até mesmo para almas perdidas como aquelas que foram derrotadas.
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The Defenders #17

Ainda conhecido como Poderoso em seus primeiros anos como combatente do crime, Luke Cage é um dos membros da série da Netflix do grupo homônimo a revista que em nada tem a ver como as origens clássicas envoltas do nome Os Defensores. Na história, o clássico mau entendimento leva o herói a enfrentar o supergrupo, sendo que como sempre, uma simples conversinha bastaria. “Oi, vocês são a Gangue da Demolição?” “Não. Não somos.” Fim.

A melhor parte da edição, no entanto, está em seu início que finalmente resolve prosseguir com o arco da Valquíria. A personagem deixa o grupo. Em um momento esquisito, o Falcão Noturno dá-lhe um beijo inesperado. Algo a ser relevado pela história ser dos anos 70. O desapontamento de Hulk pela saída da garota ainda tem paralelo com The Defenders #12, além da splash page inicial ser mais uma belíssima arte de Sal Buscema

A suspensão da descrença retorna para validar a história como um bom entretenimento, que ganha vigor no passar das páginas e que encontra o ápice no surgimento da verdadeira Gangue da Demolição no último momento, criando o cliffhanger necessário para o entusiamo do leitor para a próxima aventura..

Os Defensores #6 a 17 (The Defenders #6-17, EUA – 1973/4)
Roteiro: Steve Englehart, Len Wein
Arte: Sal Buscema
Arte-final: Frank McLaughlin, Klaus Janson, Mike Esposito, Dan Green, Jack Abel
Capas:
Morrie Kuramoto, Gil Kane, John Romita
Letras: Artie Simek, John Constanza, Charlotte Jetter, Annette Kawecki,
Cores: Dave Hunt, Glynis Wein, Petra Goldberg,
Editora original: Marvel Comics
Páginas: Em torno de 28 a 32 páginas.

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