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Crítica | Os Infectados: Por Detrás das Cenas de Extermínio 2

Produzindo monstros: documentário de bastidores apresenta a composição dos efeitos visuais, especiais e da maquiagem da sequência.

por Leonardo Campos
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Os documentários que exploram os bastidores de produções cinematográficas frequentemente oferecem uma visão fascinante sobre o que acontece além das câmeras, revelando o esforço coletivo que constrói uma narrativa impactante. Funciona como entretenimento, como aula para quem admira cinema, dentre outras utilidades. Os Infectados, produzido por Keith A. Cox e Minh Ly, mergulha nos meandros da criação de Extermínio 2, um filme de terror que se destaca por sua abordagem visceral e emocional. A produção não apenas rastreia o impacto dos efeitos visuais e da maquiagem, tradicionais em filmes de horror, mas também captura a essência da colaboração entre elenco e equipe técnica, mostrando como essa sinergia cria uma atmosfera intensa e caótica. Com o foco na construção estética e na execução primorosa dos personagens, a narrativa documental revela que a criação do terror é tanto arte dramática quanto esforço técnico. A maquiagem e os efeitos práticos são pilares fundamentais na construção da experiência do terror como as que são demonstradas ao longo do filme, em especial, esta sequência que tem como base um enredo que apresenta a desolação e a sobrevivência em meio a um mundo contaminado por um vírus devastador. Por meio de transformações grotescas, a equipe de maquiagem cria os “infectados” que não apenas buscam chocar, mas também evocam empatia nas audiências, diante de monstros que antes, eram tão humanos quanto nós.

Os resultados são testemunhos do talento coletivo de maquiadores e da equipe de efeitos especiais, que utilizam recursos como látex e gelatina para imitar feridas abertas e pele deteriorada. Essa atenção ao detalhe proporciona um realismo assustador, que intensifica o sentimento de urgência e desespero nas sequências de ação. A capacidade dos efeitos práticos de unir desempenho dramático e maquiagem demonstra como esses elementos são fundamentais para fazer o espectador sentir as mazelas e as agonias dos personagens e, em última análise, do mundo em que habitam. Os Infectados nos apresenta não apenas a importância dos efeitos visuais, mas enfatiza a energia do elenco nos bastidores. Os atores, ao longo das filmagens, se mostraram entusiasmados e dinâmicos, o que é crucial para a construção de personagens tão intensos. Um dos momentos mais reveladores é quando os realizadores discutem as ensaios dos personagens que, à primeira vista, podem parecer meramente zumbis característicos da cultura popular. Entretanto, na verdade, esses personagens foram moldados por uma preparação intensa que incluía mímica, exercícios físicos e coreografias detalhadas. Essa dedicação é vital para que a representação do caos se transmita de forma realista nas telas, criando uma experiência cinematográfica imersiva. O comprometimento do elenco reflete não apenas na performance individual, mas na forma como as interações e dinâmicas entre os personagens são retratadas, contribuindo para a profundidade emocional do filme.

Jane Petrie, a figurinista, traz à tona um aspecto essencial da produção: a construção do desconforto visual por meio dos trajes dos personagens, frequentemente tingidos e ensopados de sangue. Com um toque de humor, ela revela os desafios de criar vestimentas que não apenas servem à estética, mas também à narrativa do filme. Cada detalhe, desde a coloração das roupas até as texturas que lembram a degradação, é pensado para transportar o público para uma nova realidade, onde o medo e a tragédia são palpáveis. A estética de Extermínio 2 é um reflexo de uma sociedade em colapso, e os trajes dos personagens são essenciais para a construção desse universo desolador. A conexão entre a maquiagem, os efeitos práticos e a indumentária dos personagens forma uma rede complexa de símbolos visuais que amplificam a temática do filme. Em sua utilização de efeitos práticos, tais escolhas não apenas enriquece a narrativa, mas também reafirma um compromisso com a autenticidade cinematográfica. As filmagens, com seus desafios, como Robert Carlyle discute, revelam as dificuldades que surgem ao atuar em cenas saturadas de sangue e usando lentes pesadas, refletindo o trabalho árduo e a disposição do elenco para criar uma representação verossímil do horror. O impacto emocional do filme é intensificado quando o realismo dos efeitos e a entrega visceral dos atores se encontram, fazendo com que o espectador não apenas assista, mas sinta a experiência.

Como já abordado em outras análises de documentários de bastidores, o cinema é uma forma de arte que depende de uma combinação de elementos para criar experiências imersivas e impactantes. Um dos elementos mais cruciais para a construção de um filme de terror, como Extermínio 2, é a maquiagem e os efeitos práticos. Privilegiamos constante a direção, o roteiro, o elenco, mas para narrativas do tipo, setores como maquiagem, efeitos visuais e especiais, dentre outros ambientes técnicos, são os responsáveis por expandir impacto emocional e visual do que está previsto no texto dramático, por meio das especificidades que só a estética do horror pode proporcionar. Este é o direcionamento do documentário Os Infectados, lançado na época de veiculação da mídia física em questão, como estratégia que descortina os bastidores de uma sequência que buscou manter o nivelamento do seu antecessor, alvo de boas críticas e relação saudável com as bilheterias quando lançado em 2002. A maquiagem em filmes de terror desempenha um papel fundamental na representação do medo, da dor e da transformação. Em Extermínio 2, o setor foi  utilizado de forma magistral para evocar o estado desesperador dos personagens e a deterioração da sociedade diante dos desdobramentos caóticos epidêmicos de raiva apresentados na narrativa que o antecedeu.

Nas reflexões do documentário, breve em apenas sete minutos de duração, percebemos como os efeitos visuais e a maquiagem contribuíram significativamente para a construção dos “infectados”, personagens que, devido a um vírus devastador, sofreram metamorfoses aterrorizantes. A equipe de maquiagem, liderada por profissionais experientes, foi responsável por criar estas transformações grotescas que não apenas chocam, mas também geram empatia nas audiências.  Um dos aspectos mais impactantes da maquiagem e dos efeitos práticos desta sequência é a sua capacidade de transmitir o realismo da experiência do terror. As feridas abertas, a pele deteriorada e os gestos frenéticos dos infectados são tanto resultados do talento dos maquiadores quanto das performances dos atores. O uso de materiais como látex e gelatina permitiu que fossem criadas lesões que pareciam autênticas, o que intensificou a sensação de urgência e desespero nas cenas de ação. Além disso, a utilização de efeitos práticos revela um compromisso com a autenticidade cinematográfica. Diferente de muitos filmes contemporâneos que dependem excessivamente de CGI (imagens geradas por computador), a continuação da história de Danny Boyle recorre a uma abordagem mais tangível, o que permite que os espectadores conectem-se de forma mais intensa com as situações apresentadas na tela. O uso de explosões reais, dublês no lugar de efeitos digitais e a coreografia das lutas acentuam a adrenalina e oferecem uma experiência visceral que cativa o público.

Outro ponto a ser considerado é a interação entre os efeitos práticos e a cinematografia do filme. O design de produção e as escolhas da direção de fotografia complementam a maquiagem de maneira a criar uma atmosfera sufocante e claustrofóbica. A iluminação e os ângulos de câmera são cuidadosamente alinhados com os efeitos práticos para realçar as reações dos personagens e o horror que os cercam. E, é nessa simbiose que a técnica narrativa da visualidade e o bom texto dramático permitem que o espectador se sinta parte do pânico, vivenciando a claustrofobia e o terror que permeiam o filme, mas do lado de cá da tela, protegido de tais horrores, mas sentindo tudo por meio da catarse, habitual na ficção. Outro aspecto preponderante é o design de som, que também merece ser mencionado como um elemento que, em conjunto com a maquiagem e os efeitos práticos, amplifica a experiência cinematográfica. Os sons de gritos, rugidos e o ruído de lutas intensificam a tensão, criando uma sinergia que culmina em momentos de apuro extremo. Nesta união entre som e visão, entregue para contemplação das audiências e suas viscerais emoções humanas, temos um filme de terror que desde os seus bastidores, já previa que o resultado apresentado seria eficiente para estabelecer entretenimento e reflexão.

Assim são as cenas por detrás do resultado final de Extermínio 2, apresentadas com depoimentos diversos no documentário Os Infectados.

Os Infectados: Por Trás das Cenas de Extermínio 2 (28 Weeks Later: The Infected– Reino Unido/Espanha, 2007) 
Direção: Keith A. Cox, Minh Ly
Roteiro: Keith A. Cox, Minh Ly
Elenco: Juan Carlos Fresnadillo, Rowan Joffe, Enrique López Lavigne, Jesús Olmo, Andrew Macdonald, Allon Reich, Robert Carlyle, Rose Byrne, Jeremy Renner, Idris Elba, Imogen Poots
Duração: 08 min.

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