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Crítica | Os Pássaros 2 – O Ataque Final

por Leonardo Campos
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De todos os animais que já aterrorizaram personagens em narrativas vinculadas ao horror ecológico na história do cinema, as aves são as criaturas com menor incidência. Fora algumas produções menores, geralmente televisivas, tais bichos estiveram com pompa e orçamento em Os Pássaros, a referência cinematográfica maior, comandada por Alfred Hitchcock e lançado em 1963. Tendo como direcionamento o conto de Daphne Du Maurier, com algumas passagens aparentemente conectadas ao conteúdo do romance de Frank Baker, a narrativa flertou com o suspense e o horror ao colocar um bando de aves predadoras de seres humanos numa região conhecida por suas relações tranquilas e ambientação pacata. Sem grandes explicações e detalhismo, o filme ganhou parte da crítica pela ampla possibilidade interpretativa, algo aberto e repleto de tons filosóficos, características que o permite ter permanência ativa na memória cultural, principalmente por suas icônicas cenas com os ataques de pássaros.

Era uma narrativa fechada, sem ganchos para continuação. Três década depois, no entanto, resolveram produzir um filme de baixo orçamento chamado Os Pássaros 2 – O Ataque Final, sob a direção de Rick Rosenthal, cineasta já conhecido no campo do terror. Guiado pelo roteiro de Ken Wheat e Jim Wheat, material dramático que teve ajustes de Robert Eisele, o realizador nos conta a história de uma família que sai da cidade grande para reconstruir a vida numa região mais pacata, sem sequer desconfiar que por causa de questões ambientais promovidas pelo desenvolvimento industrial e urbano, as aves se tornariam grandes inimigas de qualquer ser humano a habitar o espaço geográfico em Gull Island. Tudo é muito explícito no filme que se diz continuação de Os Pássaros, mas na verdade é o velho caça-níqueis que se aproveita do sucesso de seu primeiro para se tornar uma franquia. Não foi adiante, parou por aí, por motivos que não sabemos e não é necessário se importar, pois não vale a pena.

Nos desdobramentos da nova vida dessa família, as coisas não vão nada bem. Há uma situação de luto pesado, algo sobre o acidente de carro que ceifou um dos filhos do casal Ted (Brad Johnson) e May (Chelsea Field). Ele ainda possui alguma resistência para a superação do luto, enquanto ela já atravessou as passagens mais tenebrosas desse tópico em sua vida. No local, eles pretendem reaver o casamento, mas as dispersões não deixam as coisas avançarem. Com Frank (James Naughton) no encalço, então, as coisas ficam ainda mais complicadas. Enquanto Ted se dedica ao processo de escrita de sua tese, May trabalha noutro ambiente, além do doméstico, sempre com a presença de Frank a lhe dizer que ela está carente e instável, pronta para ceder e cair nos braços de outro homem, haja vista o descaso do marido ainda enlutado. É algo, salvaguardadas as devidas proporções, na linha da expressão “depois que os pássaros chegaram”, do romance de Frank Baker. Eles demarcam a crise ambiental e familiar.

É algo alegórico, tal como o filme que lhe serve como ponto de partida. A protagonista do clássico, inclusive, faz uma participação pequena. Tippi Hedren é Helen agora, outra personagem, associação dos realizadores na tentativa de atrair algo além das aves para o centro da narrativa. Nem deu certo. O filme é bastante divertido enquanto produção menor, feita para consumo fugaz. Há pontos relevantes sobre luto, família, relacionamentos e descuidos de uma sociedade cada vez mais voltada ao crescimento econômico, em detrimento da natureza, mas o discurso é frágil e não convence. Associado como sequência do filme de 1963, então, torna as coisas ainda mais complicadas. Há os clichês que amamos: o prefeito da cidade, responsável por atrapalhar a resolução das coisas em prol do turismo, os civis que insistem na descrença em relação ao perigo e os ataques em ponto de vista que já existiam no cinema, mas foram largamente associado aos animais predadores desde a tradução intersemiótica de Tubarão, em 1975.

Os Pássaros 2 – O Ataque Final (The Birds – Land’s End) — EUA, 1994
Direção: Rick Rosenthal
Roteiro: Ken Wheat, Jim Wheat, Robert Eisele (baseado na obra de Daphne Du Maurier)
Elenco: Brad Johnson, Chelsea Field, James Naughton, Jan Rubes, Tippi Hedren, Megan Gallacher, Richard K. Olsen, Sylvia Harman, C.K. Bibby
Duração: 87 min.

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