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Crítica | Os Últimos Dias de Pompéia (1959)

por Guilherme Coral
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estrelas 2,5

O maior desastre natural do mundo antigo já inspirou dezenas de obras, sejam filmes, livros, minisséries ou episódios de Doctor Who. A mais recente foi Pompéia, dirigido por Paul W.S. Anderson. Voltemos, porém, a 1959, quando os longas-metragens de sandália e espada estavam em seu ápice com Ben-Hur e Spartacus (no ano seguinte). Com tal popularidade em mente, vemos mais uma adaptação do livro de Edward Bulwer-Lytton, que já ganhara um filme, Pompéia, Cidade Maldita, nove anos antes. A nova obra, com o mesmo nome de sua contraparte literária, Os Últimos Dias de Pompéia, dessa vez é dirigido por Mario Bonnard, com algumas sequências nas mãos de Sérgio Leone.

A trama gira em volta de uma onda de assassinatos cometidos por um bando de cristãos encapuzados. Quando o centurião Glaucus (Steve Reeves) retorna à sua cidade, Pompéia, logo se envolve na resolução de tais crimes. Ao mesmo tempo, o soldado ganha uma crescente paixão por Ione (Christine Kaufmann), que funciona como motivador do protagonista em diversos momentos da projeção. Este foco da trama acaba se constituindo como uma falha no roteiro da obra, tirando completamente nossa atenção da iminente erupção do Vesúvio, que sequer é lembrada pelo texto ao longo da narrativa. Quando de fato vemos tais acontecimentos se desenrolarem, é deixada a impressão que aquilo é um mero adendo à história, ocupando um papel praticamente irrelevante e até desnecessário em última análise.

Tal deslize acaba tornando a resolução do longa apressado e simples, uma falta de criatividade da equipe, que utiliza o desastre natural para desfazer os nós realizados ao longo da trama. A quebra de imersão do espectador neste momento, contudo, não é um grande choque – a direção de Bonnard se encarrega disso em diversos pontos da obra. Não sabendo utilizar seus atores, o diretor parece perder controle das cenas, em especial nas sequências de maior ação. Encontramos uma clara exceção, contudo, no terço final do filme durante o combate na arena, que consegue exprimir uma tensão ausente no restante da projeção.

Essa mesma cena impressiona pela sua produção, que consegue imergir completamente o espectador, nos transportando, sem dificuldade, para o Império Romano. Limitar a escala deste épico somente a tal sequência, contudo, seria um equívoco. Desde os cenários até as armaduras dos legionários, Os Últimos Dias de Pompéia se equipara às colossais produções Hollywoodianas da época, trazendo as sandálias e espadas de volta para a Itália. Tal esforço é corroborado ainda mais pela trilha em tom nada menos que épico de Angelo Francesco Lavagnino, que garante a majestade almejada pela equipe.

Estando inserido dentro dos moldes clássico-narrativos de Hollywood, o longa conta com uma fotografia não-inovadora, sem muitos movimentos de câmera e planos rebuscados, priorizando o texto à imagem propriamente dita. O mesmo vale para a montagem de Eraldo Da Roma e Julio Peña, que visam tornar cada transição praticamente imperceptível. Nas cenas mais frenéticas ela se sustenta, trazendo um claro entendimento ao espectador, que não se perde mesmo durante o cataclismo final.

Os Últimos Dias de Pompéia é uma obra praticamente genérica dentro de seu contexto, não trazendo nada de marcante ao seu público-alvo. É uma clara tentativa de se arrecadar ainda mais em cima da temática em voga da época, mas que acaba deixando a desejar quando se trata do roteiro e direção. Ainda assim, consegue surpreender o espectador pela sua produção, permitindo uma imersão enquanto outros aspectos a prejudicam. Uma das primeiras empreitadas de Leone como diretor funciona como demonstrativo para sua ascensão, tanto em popularidade, quando em experiência, ao longo dos anos.

Os Últimos Dias de Pompéia (Gli ultimi giorni di Pompei – Itália/ Espanha/ Alemanha, 1959)
Direção: Mario Bonnard, Sergio Leone (não creditado)
Roteiro: Sergio Corbucci, Ennio De Concini, Luigi Emmanuele, Sergio Leone, Duccio Tessari (baseado no livro de Edward Bulwer-Lytton)
Elenco: Steve Reeves, Christine Kaufmann, Fernando Rey, Barbara Carroll, Anne-Marie Baumann, Mimmo Palmara, Guillermo Marín, Carlo Tamberlani.
Duração: 100 min.

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