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Crítica | Pacificador – 1X05: Monkey Dory

Sobre símios e serras-elétricas.

por Ritter Fan
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  • Há spoilers. Leiam, aqui, as críticas dos demais episódios.

Aos poucos – bem aos poucos -, pelo visto, James Gunn vai encontrando a voz do Pacificador em sua série solo. Se a coisa começou histriônica, muito mais preocupada em desfilar intermináveis diálogos pseudo-espertos e a repetir temas e críticas sociais com tanta constância que todo o restante era esquecido, já em The Choad Less Traveled a distribuição de tempo entre piadas sem graça e história de verdade começou a aparecer, transformando até mesmo o Vigilante em um personagem decente. Agora, em Monkey Dory, Gunn retorna seu foco ao personagem-título que finalmente tem alguns momentos realmente interessantes.

Afinal, quase tudo o que orbitava o Pacificador era uma mistura do politicamente incorreto comedido e freado, do tipo para inglês ver, com a figura por si só engraçada do John Cena falando o que tinha que falar. O lutador transformado em ato (ou em processo de transformação) sabe que ele precisa usar seus músculos e sua aparência de valentão para fazer a comédia funcionar, mas James Gunn não estava facilitando a vida para ele. Agora, em Monkey Dory, o equilíbrio parece vir na forma de uma dupla com Adebayo, com um tom cômico natural entre os dois que por alguns momentos lembrou as inesquecíveis esquetes de O Gordo e o Magro (antes que me acusem de algo, o “Gordo”, nessa minha comparação, é Pacificador!), com o Gordo fazendo as bobagens e o Magro comentando-as daquele seu jeitão indignado, mas ao mesmo tempo resignado.

Claro que ajuda muito o fato de Danielle Brooks continuar dando seu costumeiro show, seja na parceria com John Cena, seja nas cenas focadas apenas em sua personagem, com o segredo que guarda e o que sua mãe a ordena fazer. Mas Gunn conseguiu chegar no ponto ideal em que a pancadaria come solta – e o episódio é, basicamente, uma única missão de extermínio de Borboletas em uma fábrica do líquido viscoso que serve de alimento para eles – do jeito mais explosivo possível, literalmente, e com muitas cabeças estouradas, mas com espaço cômico para o tipo de humor para cada um dos atores da dupla. Cena fica com a violência extrema auxiliada por seu capacete raio-x e, claro, pelo uso de uma eficiente escopeta e de uma delicada granada-míssil ou talvez míssil-granada, enquanto que Brooks vem atrás daquele seu jeito hesitante, dando seus “tiros de misericórdia” com uma pistolinha mixuruca e reclamado que Smith não a avisa para correr depois de jogar uma bomba.

Ajuda bastante, também, o contínuo bom uso do Vigilante que, aqui, fica em um bom segundo plano e, não tenham dúvida, o momento triunfal de Economos serrando um gorila Borboleta com a serra elétrica do Vigilante, ganhando seu lugar de honra no grupo, finalmente. Até mesmo Harcourt entra no jogo e parece finalmente adotar sua equipe disfuncional como uma família ou algo próximo a isso ao cria um grupo de WhatsApp com o nome da música favorita de Economos e Smith.

O que por outro lado atrapalhou foi a investigação dos detetives Song e Fitzgibbon. Eu até entendo a necessidade de uma trama paralela que serve como “ameaça silenciosa” a Smith, mas ela tem muito mais cara de armação de uma segunda temporada do que algo que fará convergência significativa com a história principal. Claro que ainda faltam três episódios e há espaço para que essa história ganhe relevo e importância, mas, aqui, ela quebrou por diversas vezes o ritmo da ação e o timing do humor entre o Pacificador e Adebayo e entre eles e o restante do grupo, o que me levou a antipatizar com os dois policiais pelo momento. Mas, como Gunn virou o jogo com o Vigilante, insuportável no começo, ótimo agora, não duvido que ele faça o mesmo aqui.

Demorou, mas Monkey Dory veio para mostrar que a série de Gunn não é apenas uma sucessão de muito bem calculadas “transgressões pela metade” e nem é baseada apenas na inexplicável febre que a abertura com dancinha causou. Há algo um pouco –  só um pouco, por enquanto – mais consistente do que divertimento descerebrado e do obrigatório desfile de referências, pois apenas divertir e apenas fazer referências é a “marmita” do mundo super-heróico, ou seja, alimenta, mas não satisfaz de verdade. Ou, pelo menos, não deveria satisfazer.

Pacificador – 1X05: Monkey Dory (Peacemaker – EUA, 27 de janeiro de 2022)
Criação: James Gunn
Direção: Rosemary Rodriguez
Roteiro: James Gunn
Elenco: John Cena, Danielle Brooks, Freddie Stroma, Chukwudi Iwuji, Jennifer Holland, Steve Agee, Robert Patrick, Annie Chang, Lochlyn Munro, Elizabeth Ludlow, Rizwan Manji, Alison Araya, Lenny Jacobson, Nhut Le, Antonio Cupo
Duração: 46 min.

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