Home TVEpisódio Crítica | Pacificador – 1X06: Murn After Reading

Crítica | Pacificador – 1X06: Murn After Reading

Qual é sua cor favorita?

por Ritter Fan
2,3K views

  • Há spoilers. Leiam, aqui, as críticas dos demais episódios.

Monkey Dory acertou o ritmo tanto do humor quanto da ação de Pacificador, criando um episódio fluido que realmente mostrou o potencial inexplorado – e, de certa forma, desperdiçado – que a série tem. Murn After Reading mantém a qualidade do humor e da ação, mas não sabe reunir os dois elementos com a mesma eficiência que o anterior, por vezes parecendo muito mais uma reunião de esquetes (muito) engraçadas que contam uma história única do que realmente 40 e poucos minutos fluidos.

Não que isso seja um problema grave, mas revela, talvez com mais evidência, que James Gunn talvez precise mesmo soltar seu material, trazendo outros diretores para filmar seus roteiros problemáticos. Em Murn After Reading, o espectador é brindado com talvez os momentos mais engraçados de toda a série até agora, com uma boa sequência de ação (a melhor continua sendo a da fábrica, claro), mas sua direção e montagem escancaram aquele tipo de estrutura mais engessada, pesada, que quebra o episódio em momentos específicos, com objetivos específicos e que deixam a costura entre cenas completamente aparente.

Mas há compensações. Se Gunn faz de seu mais recente episódio uma sucessão de mini-episódios, pelo menos eles são inspirados, começando pelo hilário cold open com o Pacificador na escola da filha do zelador do hospital que vimos no primeiro episódio chamando cada aluno por suas “características”, continuando no diálogo quase surreal entre ele e o completamente imbecil do Vigilante diante de Goff na jarra – “sua cor favorita é azul-petróleo?” – e o momento, mais para o final, em que ele percebe que há algum segredo em seu grupo que ninguém quer dividir com ele. John Cena e Freddie Stroma funcionam tão bem aqui quanto Cena e Danielle Brooks funcionaram na semana passada, mesmo que a estrutura de esquete desgaste um pouco a beleza da coisa.

A sequência da fuga dos dois, aliás, é outro momento inspirado de Gunn que, nesse ponto específico, mostra uma direção cuidadosa que acompanha o crescendo de violência dando a entender que tudo será pacífico, até que o massacre acontece (aliás, o maior psicopata da série não é Smith, Chase ou mesmo Auggie, mas sim o completamente assustador Caspar Locke, especialmente com aquela cena pós-crédito doentia…). Outro aspecto alvissareiro é que a investigação policial acabou e tudo ficou escancarado em relação aos Borboletas tanto no início, com a revelação dos detalhes sobre eles, quando depois que a detetive Song é devidamente assimilada e, em seguida, chama seus amiguinhos que chegam em diminutas naves espaciais em uma cena que imediatamente me lembrou o simpático O Milagre Veio do Espaço.

O que não funcionou muito bem foi toda a ótima sequência de “montagem” com o renascimento do Dragão Branco intercalado com a invasão alienígena ser seguida de um dénouement longo, modorrento e completamente desnecessário – da forma como foi feito – em que Smith confessa sua decisão de não matar (esperado, mas… bocejos…) à Harcourt e, depois, vai tocar piano. Talvez seja esse o momento que mais deixa clara a natureza quebradiça do episódio que, no agregado, matou o clima da narrativa. É como se Gunn tivesse olhado o corte bruto do episódio e notado que precisava de mais minutos para encher linguiça, escolhendo a pior maneira possível de fazer isso… Teria sido muito melhor, por exemplo, alongar a cena inicial na escola ou os momentos de estupidez absoluta do Vigilante…

Pelo menos aquele padrão perigoso de esperar até o último minuto para fazer revelações e levar o episódio ao seu momento climático Gunn parece querer evitar ao escancarar as portas no antepenúltimo episódio, o que lhe permite espaço confortável para não precisar correr com tudo no final, como acontece com grande parte das séries de ação que temos por aí. É, sem dúvida alguma, uma escolha sóbria e diferente, mas que pode ser uma faca de dois gumes. Se o diretor e roteirista precisou de um número de piano de Cena para completar a minutagem de Murn After Reading, fica aquele receio, lá no fundo, de que toda a ação seja concentrada no sétimo episódio, com o oitavo sendo, apenas, um daqueles capítulos autoindulgentes que existe apenas para armar uma próxima temporada. Mas, claro, estou me adiantando e, como sempre, espero estar errado.

Pacificador – 1X06: Murn After Reading (Peacemaker – EUA, 03 de fevereiro de 2022)
Criação: James Gunn
Direção: James Gunn
Roteiro: James Gunn
Elenco: John Cena, Danielle Brooks, Freddie Stroma, Chukwudi Iwuji, Jennifer Holland, Steve Agee, Robert Patrick, Annie Chang, Lochlyn Munro, Elizabeth Ludlow, Rizwan Manji, Alison Araya, Lenny Jacobson, Nhut Le, Antonio Cupo
Duração: 46 min.

Você Também pode curtir

Este site usa cookies para melhorar sua experiência. Presumimos que esteja de acordo com a prática, mas você poderá eleger não permitir esse uso. Aceito Leia Mais