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Crítica | Pacificador – 2X05: De Volta à Sutura

Talvez agora a série finalmente comece...

por Ritter Fan
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  • spoilers. Leiam, aqui, as críticas dos demais episódios da série.

Posso estar enganado, mas a impressão que me dá é que os cinco primeiros episódios dessa segunda temporada de Pacificador têm, no máximo dos máximos, com aquela boa vontade que me é costumeira, material para preencher um episódio de 60 minutos (ou dois de 30, obviamente), pois, entre a descoberta de um universo paralelo que parece ser uma utopia para o protagonista e ele finalmente tomando a decisão de largar seu inferno pessoal por esse suposto paraíso nos segundos finais de De Volta à Sutura, nada de realmente relevante aconteceu. Claro, fomos apresentados a dois personagens excêntricos novos, além da sede de vingança de Papai Flag, mas James Gunn refestelou-se no modo “pneu girando em falso na lama”, preenchendo os espaços com piadas sem graça, tentativas de dar aquele ar adulto à série, repetições ad nauseam de situações cansadas e o mais completo desperdício dos personagens estabelecidos, com exceção de Emilia Harcourt que, tenho certeza, não tem relação alguma com o fato de Jennifer Holland ser sua esposa.

Não é que estejamos diante de uma série horrível, intragável ou coisa assim. Nada disso. Longe disso, diria até. Mas é frustrante não ver nada andando ou seguindo um norte verdadeiro, com tudo mais parecendo uma colagem aleatória de algumas poucas ideias que, mesmo acertando aqui e ali, não resultam em algo coeso, como, para o mal ou para o bem, foi a primeira temporada da série. Chega a ser hilário – mas negativamente – que Gunn tenha que transformar uma brincadeira genuinamente engraçada dentro da proposta do completo absurdo como é a entrada de Red St. Wild na temporada em um arco narrativo que transforma Eagly, de um sidekick do Pacificador, naquilo que o caçador de águias, em seus devaneios, achou que ela era, uma espécie de pássaro místico que é rei (ou rainha, sei lá) de todas as águias. Existe o ridículo engraçado e o ridículo apenas ridículo mesmo e, de um episódio para o outro, essa barreira foi ultrapassada desnecessariamente, tudo para segurar o andamento da história principal.

E essa história principal, pelo menos no que me toca, já cansou sem nem começar direito. Tudo aquilo que esse universo paralelo em que Christopher Smith é um herói amado por todos, inclusive e especialmente por seu irmão e seu pai, tinha para oferecer, ele já ofereceu. Sei que ainda vem por aí a inevitável reviravolta que revelará que essa dimensão não é flor que se cheire, para dizer o mínimo, mas perdi o interesse completamente e, a não ser que Gunn faça mágica audiovisual nos três episódios finais (possível, mas improvável), dificilmente terei forças para levantar uma sobrancelha sequer de interesse sobre o que ele encontrará do lado de lá. E não, não tem conexão besta com o kaiju de Superman que mudará isso, porque esse tipo de coisa é justamente aquilo que não funciona quando o showrunner tenta empregar seu humor em mídia serializada, ou seja, ele transforma tudo em esquetes que só ele acha engraçados.

De Volta à Sutura não é perda total, vale dizer. A sequência em que Chris chega no parque para encontrar-se com Harcourt é muito bem bolada no estilo besteirol de ser, com uma ótima direção de Alethea Jones que consegue trabalhar organicamente diversos pontos de vista diferentes em uma montagem dinâmica que faz comicidade naturalmente, sem precisar explicar o que está acontecendo, ainda que as explicações venham mesmo assim. A sequência de interrogatório em que Papai Flag espanca um Chris completamente desesperançoso e já decidido em deixar esse mundo de uma forma ou de outra é brutal e ao mesmo tempo sensível aos sentimentos dos dois, com ambos os atores – que, vamos combinar, não são bons atores – entregando-se com vitalidade ao momento. Mas é pouco demais, tarde demais e o que poderia ser mais emblemático em uma série mais enxuta, acaba não passando de algo que veio atrasado e completamente telegrafado.

O único resquício de esperança é que a equipe de Chris, agora unida em seu propósito de resgatar o amigo que se foi para outro mundo, pareça uma equipe de verdade por pelo menos alguns minutos e não apenas marmanjos problemáticos batendo cabeça como os Keystone Kops de outrora e que a reunião deles seja explosiva o suficiente para me retirar do torpor que esses episódios vêm me causando. Se, na semana que vem, eu começar a crítica com “copacético”, já sabem, não?

Pacificador – 2X05: De Volta à Sutura (Peacemaker – 2X05: Back to the Suture – EUA, 18 de setembro de 2025)
Criação: James Gunn
Direção: Alethea Jones
Roteiro: James Gunn
Elenco: John Cena, Danielle Brooks, Freddie Stroma, Jennifer Holland, Steve Agee, Robert Patrick, David Denman, Frank Grillo, Sol Rodríguez, Tim Meadows, Michael Rooker, Nhut Le
Duração: 37 min.

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