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Crítica | Pacificador – 2X06: O Que os Olhos Não Veem, o Chrisão Não Sente

O começo da temporada, finalmente!

por Ritter Fan
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  • spoilers. Leiam, aqui, as críticas dos demais episódios da série.

O Que os Olhos Não Veem, o Chrisão Não Sente (o tradutor, coitado, está se esforçando!) era, obviamente, o ponto em que James Gunn queria chegar, era sua grande ideia que, porém, era também sua única ideia, o que o levou a inclementemente enrolar a temporada por cinco episódios inteiros em que ele basicamente jogou os coadjuvantes para escanteio, colocou Emilia Harcourt no pedestal e transformou Christopher Smith em um homem apaixonando chorando pelos cantos. Mas a boa notícia é que, depois de um longo e tenebroso inverno, finalmente chegamos a esse momento e toda a revelação sobre a natureza dessa dimensão alternativa em que Chris tem pai e irmão vivos é muito bem conduzida, com Gunn correndo atrás do prejuízo e até deixando o Vigilante, criminosamente reduzido a figurante até agora, aparecer mais do que por breves segundos de cada vez.

Por alguns minutos, temi que Gunn fosse continuar enrolando e só levar Harcourt e equipe para a Terra-X (o nome não foi citado, mas, nos quadrinhos, é essa a denominação da dimensão nazista da DC Comics) bem no finalzinho do episódio, mas, ainda bem, não é isso o que acontece, com toda a narrativa na dimensão principal funcionando bem para criar contexto para o Vigilante de forma que ele pudesse ter seus 15 minutinhos de fama. Claro que o que aprendemos sobre o ensandecido Adrian Chase no passeio à la visita do Louvre em Férias Frustradas II já deveria ter sido trabalhado na série pelo menos um pouco, mas o que importa é que a sequência é funcional e divertida, seja a hilária participação da mãe de Adrian inocentemente repetindo o que o filho diz sobre os amigos ou a revelação de seu “quarto secreto” repleto de tudo aquilo que ele apreendeu de vilões e que ele se recusa a usar, mostrando uma retitude moral que chega a ser até exasperante.

Quando, na dimensão paralela, ele aponta as mínimas diferenças em sua casa e, ao “se encontrar”, descobre que os Vigilantes de dois mundos são absolutamente idênticos em tudo, menos no que pensam sobre o Pacificador, percebemos o quão equivocado foi Gunn ao manter o personagem de Freddie Stroma no banco de reservas por tanto tempo para poder apresentar novas e bizarras figuras como Langston Fleury e Red St. Wild. Havia ouro nas mãos do cineasta, mas ele preferiu trabalhar com pirita. Ok, não adianta chorar sobre o leite derramado e temos que aproveitar o que de bom Gunn oferece depois de tanto tempo e Stroma manda muito bem aqui com um material perfeito para o ator e seu personagem completamente fora de órbita, material esse que contribui para a convergência narrativa da “grande revelação” que, como já mencionei, é muito bem trabalhada no episódio.

Essa convergência vem em três frentes boas. A de Stroma é a que mais surpreende, por fazer do Vigilante da Terra-X parte dos Filhos da Liberdade em uma mudança tonal ótima para o personagem que, porém, combina com a retitude moral dele. A que envolve Leota Adebayo é a mais óbvia, mas, ao mesmo tempo, a mais assustadora, pois é a representação visual do ódio racial, mesmo que a cena em si pudesse talvez ser ainda mais pesada. Na terceira frente, vemos Harcourt percebendo quase de imediato, durante a carona que Keith lhe dá até a Argus, que há algo de podre por ali, algo esse que, então, é finalmente revelado com a versão nazista da bandeira dos EUA. Pontos para James Gunn em lidar com o assunto – que, não preciso dizer, é particularmente relevante nos dias atuais -, com direito até mesmo a Economos servindo como o catalisador da revolta de Auggie contra Chris ao dar com a línguas nos dentes.

Sobre a participação especial de Nicholas Hoult como Lex Luthor, não é algo que eu tenha particularmente adorado. Pareceu-me deslocado, ainda que o aparelho que detecta portas dimensionais que Rick Flag negociou com o vilão acabe tendo sua utilidade. A impressão que me deu foi que Gunn quis dar mais importância à sua série no panorama geral do Universal Cinematográfico DC 2.0 do que ela talvez precisasse ter, fazendo desse episódio um “gancho” para o já anunciado Homem do Amanhã. Uma coisa é o Pacificador aparecer por segundos em Superman, pois é o micro dando as caras no macro. O inverso, ou seja, um dos maiores vilões da DC aparecendo na série de um personagem Z da editora me parece um pouco um ato desesperado que só dilui a força de Luthor. Mas talvez esse seja um dos males de universos compartilhados, pelo que é mais o caso de eu ter que me acostumar com isso.

O Que os Olhos Não Veem, o Chrisão Não Sente é, portanto, o verdadeiro começo da temporada, mesmo que esse começo venha faltando apenas dois episódios para o fim. Só nos resta esperar que James Gunn continue mantendo o Vigilante e demais coadjuvantes em foco, pois ele tem uma riqueza de personagens para explorar nesse final que ainda pode fazer com que toda a morosa e enrolada jornada até aqui valha a pena no final das contas.

Pacificador – 2X06: O Que os Olhos Não Veem, o Chrisão Não Sente (Peacemaker – 2X06: Ignorance is Chris – EUA, 25 de setembro de 2025)
Criação: James Gunn
Direção: James Gunn
Roteiro: James Gunn
Elenco: John Cena, Danielle Brooks, Freddie Stroma, Jennifer Holland, Steve Agee, Robert Patrick, David Denman, Frank Grillo, Sol Rodríguez, Tim Meadows, Nicholas Hoult
Duração: 37 min.

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