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Crítica | Palhaços Assassinos do Espaço Sideral

por Luiz Santiago
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Um filme trash, B, ou cult possui características muito particulares, mas todos eles são guiados por um senso de ridículo impossível, doses de surrealismo, violência, sexo e amadorismo técnico e formal que o tornam conceitualmente diferente de todas as outras obras. Ao assistirmos a uma obra dessa estirpe, sabemos o que encontrar e, não raro, muitas gargalhadas acompanham a projeção da fita. No caso de Palhaços Assassinos do Espaço Sideral, clássico filme B dirigido por Stephen Chiodo, temos absolutamente todos os ingredientes básicos que acompanham os filmes B, exceto as reais falhas técnicas. Espantosamente bem dirigido, com todos os departamentos muito bem afinados, essa obra fantástica se revela esteticamente bem feita, como se fosse contra a crueza e primitivismo das produções do gênero.

A história não poderia ser mais trash: uma cidade é invadida por palhaços alienígenas que algumas horas depois de estacionarem sua nave (uma tenda de circo), começam a matar os habitantes do local, envolvendo-os em um casulo de algodão doce. Pipocas mutantes e armas de pipoca, marretas de plástico, cachorro de bexiga e teatro de sombras são outras armas usadas por esses palhaços assassinos para darem cabo da cidade. O final do filme é um poço de “só em cinema mesmo”, com explicações ridículas para os sobreviventes e um desfecho inexplicado e incoerente, ou, em uma palavra, trash.

Mas não se engane. A história do filme apenas segue a tendência básica do gênero, e é maravilhosamente engraçada e meio assustadora. Já o formato merece comentários à parte.

A direção de arte, os figurinos e a maquiagem são simplesmente fenomenais. O cenário específico, que é a nave dos palhaços assassinos lembra um pouco alguns cômodos que vemos em Brazil, do Terry Gilliam. As roupas dos palhaços e as terríveis máscaras que usam dão mais medo do que o próprio filme.

Killer Klowns não é um típico filme B e, dentre tantos elementos que podemos usar para dar sustentação à essa afirmação, está o encadeamento da trama, a coerência com o gênero e o uso da trilha sonora. Geralmente muito explorada nos filmes de terror, exploitation e afins, temos nesse filme uma adequação elogiável entre música e cenas, e mesmo os sons agregadores, como a musiquinha do carro do sorvete, compõem muito bem todas as sequências em que aparecem. Um dos momentos mais interessantes, nesse sentido, é quando há uma espécie de desfile com um “caminhão de recolher casulos humanos de algodão doce”. A música que acompanha aquela sequência caiu tão bem, que eu voltei inúmeras vezes o filme para apreciar melhor a sequência. A música tema, executada pelo The Dickies, banda punk rock dos anos 1970, fecha com chave de ouro todo o produto.

Killer Klowns é um clássico trash absoluto. O filme é bizarro e belo ao mesmo tempo, e por mais incrível que possa parecer, é tremendamente bem realizado. Uma peça rara dentre os filmes B dos anos 1980, um dos meus filmes preferidos, uma estranha mistura de horror, comédia, circo, surrealismo, e “trasheira cinematográfica”. Para quem gosta de um tipo diferente de terror ou novos usos para o cinema dentro do Universo bizarro, este é certamente um bom pedido.

Palhaços Assassinos do Espaço Sideral (Killer Klowns From Outer Space, EUA, 1988)
Direção: Stephen Chiodo
Roteiro: Charles, Edward e Stephen Chiodo
Elenco: Grant Cramer, Suzanne Snyder, John Allen Nelson, John Vernon, Michael Siegel, Peter Licassi, Royal Dano, Christopher Titus, Irene Michaels, Karla Sue Krull
Duração: 88 min.

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