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Crítica | Pânico (2022) – Trilha Sonora Original

Análise da condução musical do renovador trabalho do compositor Bryan Tyler.

por Leonardo Campos
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Desde Pânico 4, discute-se neste universo criado por Wes Craven e Kevin Williamson, cineasta e roteirista da franquia de Ghostface, respectivamente, a questão das gerações. Nova década, novas regras. Este era o direcionamento dos diálogos e das ações dos personagens durante o pesadelo reestabelecido pelos assassinos da vez em Woodsboro, um pouco mais de dez anos após o desfecho do que se acreditava estar encerrado no formato trilogia. Como muitas coisas mudaram para a concepção de um novo episódio desta franquia, o terreno musical também passou por explorações diferenciadas. Para a nova versão, lançada em 2022, os diretores de Casamento Sangrento assumiram a empreitada contemporânea, trazendo os elos com o ponto de partida, de 1996, isto é, o trio Sidney, Gale e Dewey, mas modificando a equipe de realizadores, desde a direção de fotografia, aos figurinos e responsáveis por cenografia, maquiagem, dentre outros. Com a trilha sonora, não foi diferente. Marco Beltrami, responsável pela textura percussiva dos quatro filmes anteriores, desta vez, é apenas mencionado respeitosamente em algumas passagens do novo material, assinado por Bryan Tyler.

Em seu trabalho, o compositor emprega sustos e pulsões mesclados com momentos de breves arroubos silenciosos. Como na mensagem do apoteótico desfecho do filme, este é o momento de passagem da tocha, por isso, há uma conexão maior da trilha com estilos empregados no terror mais recente, numa roupagem bastante diferenciada no material “original”. Os temas de Sidney e de Dewey retornam, a orquestra do Hollywood Studio, também utilizada por Marco Beltrami, retorna para subsidiar a jornada, agora com metais mais abrangentes, com passagens densas e inquietantes, na linha adotada por Joseph Bishara, salvaguardas as devidas proporções, nos filmes do universo de Invocação do Mal. Experiente no ramo, tendo em seu perfil profissional, as trilhas de Escape Room e A Múmia (2017), Bryan Tyler é um daqueles músicos inventivos que se formou com base na inspiração de sua família, haja vista o avô diretor de arte e a avó pianista, aparentemente duas grandes inspirações para seu lado criativo.

Desde jovem, aprendeu em momentos diletantes, a tocar bateria, ensaiou piano, dedilhou guitarras, experimentou baixo e violoncelo, além de testar as suas habilidades com sintetizadores. As suas práticas podem ser contempladas na trilha sonora de Pânico, lançada em janeiro de 2022 em plataformas virtuais, bem como numa limitada versão em álbum, analisada aqui nesta crítica. São 79 minutos distribuídos em 24 faixas que tal como nos trabalhos de Marco Beltrami, funcionam melhor no contexto do filme, mas principalmente em suas passagens baixinhas, os tais arroubos silenciosos que antecedem as pulsões que antecipam os sustos, trechos que na audição de alguém mais desatento, parecem ser aquele momento em que o som simplesmente desligou, ou quando estamos munidos de fones de ouvido, tivemos uma interrupção inesperada. Nada que comprometa a qualidade do material, mas detalhes que podem frustrar a experiência rapidamente, para os mais exigentes.

Aqui, o álbum começa com New Horizons, curiosamente, a faixa musicalmente tranquila empregada no desfecho do filme, trecho de apresentação do novo caminho pavimentado pela franquia. É uma passagem “paz e amor”, lenta, até um pouco melancólica. Logo mais, temos a mixagem de sintetizadores e instrumentos tocados com firmeza, voltados ao processo de estabelecimento da atmosfera de medo e horror desenvolvido ao longo de todo o filme. Rules To Survive, Ring Ring, Would You Like Play a Game, Apparitions, Amends, History Repeats, Suspect Rules and Sequels, Cold Refreshements, In Hot Water, Run In The Nick, Diversions, Lights Out, Hospital Visitor, Not My Story, I Started All This, Chromeface, The Expert, Welcome To Act Three, Where It All Began, True Fans, Passing The Torch e Ghostface: faixas que empregam dinamismo e percussão voltada ao carregamento do tanque de combustível de horror perpetrado pelo assassino (ou assassinos), mascarados da vez, conjunto que também traz Sacrifice, composição que emula o famoso tema de Dewey, originalmente composto por Hans Zimmer para A Última Ameaça, filme de ação de 1996, com John Travolta, faixa descartada pelos realizadores e aproveitada por Wes Craven para a inserção em Pânico 2.

Pânico (2022) Trilha Sonora Original
Artista: Bryan Tyler
País: Estados Unidos
Gravadora: Warner Bros.
Estilo: rock alternativo, textura percussiva, nu metal, metal alternativo

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