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Crítica | Patrulha do Destino – 2X06: Space Patrol

por Luiz Santiago
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  • Há SPOILERS. Leia aqui as críticas dos outros episódios.

Encontrar um equilíbrio entre momentos de grande importância para a temporada e ao mesmo tempo de grande importância para si mesmo é o desafio de qualquer show com roteiros intricados e vários núcleos com tratamento independente, desenvolvidos a ponto de o espectador se importar com aquilo que acontece aos mais diversos personagens. Após o maravilhoso Finger Patrol, esse equilíbrio passou a ser um caminho necessário aqui, a fim de nos levar adiante. E foi isso que Space Patrol fez, de maneira bastante especial, apesar de um pouquinho lento nos blocos de Rita e Larry.

O roteiro de Neil Reynolds retoma a narrativa de onde paramos no episódio anterior, ou seja, Candelabro acabou de “matar” duas personalidades do Underground e Dorothy está miserável, isolada, ferida, sofrendo pelo que acabou de acontecer, tanto por ter agido com ódio e matado por isso, quanto por ter perdido o seu amigo imaginário mais precioso, o último elo “vivo” que a ligava à sua mãe. É um início triste, mas dirigido por Kristin Windell como uma sequência de suspense ou terror. Até as gracinhas de Cliff (muito bem colocadas, por sinal, inclusive com a apresentação do dedo para o Chefe) são incapazes de encobrir a atmosfera pesada que temos aqui, e é então que se estabelece o tema e a identidade do episódio, com a chegada de Valentina Vostok, Zip e Specs, os Pioneers of the Unknown (versão doompatroniana dos Desafiadores do Desconhecido).

Enviados por Niles como parte da pesquisa para o aumento de sua vida, esses indivíduos retornam agora, mas não sabemos se trazem algum tipo de resposta. Dois deles, na verdade, estão mortos, apenas reagindo ao tempo de vida de um esporo alien que os possui. Já a cosmonauta está bem viva e representa um adendo verdadeiramente importante para o show: ela também tem um espírito negativo. Sua pesquisa lança um olhar de gênese para aquilo que, tempos depois, marcaria para sempre a vida de Larry, trazendo agora um número grande de possibilidades e também vergonha para o patrulheiro. Em cinco anos Valentina aprendeu a conter o espírito negativo em seu corpo e impedir que a radiação matasse as pessoas. Larry, por sua vez, é um poço de mágoas, egoísmo, lamentações e confronto com tragédias que parecem não abandoná-lo de jeito nenhum.

Dado o gancho, o roteiro não perde tempo em afastar Dorothy da Terra, menos para desenvolver algo em relação a ela — foi apenas uma missão interessante de resgate, com espaçonaves que funcionam numa mistura de ciência e mágica — e mais para tirar peso do arco desenvolvido na mansão (Rita está ausente, assistindo a um ensaio que termina sendo uma sessão de terapia para ela) e deixar o suspense do final, com Niles lançando Cliff no espaço, cliffhanger que me deixou sem nem saber o que pensar. O bloco, no entanto, é interessante. Tem diálogos maduros, engraçados e até calorosos, e eu simplesmente adorei a abordagem respeitosa que fizeram do contato entre Cliff e Dorothy. O tratamento, o nível, as pausas, o cuidado e as bem escolhidas palavras para essa conversa me deixaram com os olhos brilhando. É um momento importante para esses dois personagens e que fala coisas diretamente ligadas ao seu sofrimento. Há um sentido paternal por parte de Cliff, que no fim das contas também está tendo como benefício não esperado dessa conversa uma dose de remédio para a sua própria dor.

E como suspeitávamos, Vic e Roni não parecem mais assim tão deslocados do todo. A trama estende os seus tentáculos para um conhecido laboratório e para alguns personagens carimbados, dando uma maior organicidade à sequência, mesmo que afastada do principal núcleo do episódio, a mansão, onde Jane está em coma, coberta de cera de vela, enquanto um funeral é realizado em sua mente. Este foi o bloco que mais mexeu comigo. A variação de cores na fotografia, a variação de música e mesmo as tentativas de Jane em encontrar um novo caminho e se convencer de que nada ficaria tão ruim por muito tempo foi me angustiando e emocionando progressivamente, terminando com a inesperada ascensão de Miranda, que havia se suicidado… até que renasceu agora e, pelo que vimos no final, assumiu o posto de primária.

Faltam mais três episódio para o final da temporada e por mais que eu esteja gostando da jornada até aqui, começo a temer pelo encadeamento que irão dar para o tema da inclusão de Dorothy na equipe, além de sua ligação com o Candelabro. Já sabemos que a série precisou interromper a sua produção por conta da pandemia, isso antes da filmagem do 10º episódio, sem contar algumas cenas adicionais para os outros capítulos. Até aqui, não tenho sentido nenhum problema real que me faça culpar a compressão da temporada, mas pela quantidade de episódios que faltam e o andamento que estamos tendo com Dorothy, temo que sentirei no final. Espero, todavia, estar errado. Até lá, se sobrar unhas, vamos ver o que acontece com essas derrotados logo a seguir.

Patrulha do Destino – 2X06: Space Patrol (EUA, 17 de julho de 2020)
Direção: Kristin Windell
Roteiro: Neil Reynolds
Elenco: Diane Guerrero, April Bowlby, Joivan Wade, Matt Bomer, Brendan Fraser, Timothy Dalton, Riley Shanahan, Matthew Zuk, Abigail Shapiro, Samantha Marie Ware, Karen Obilom, Phil Morris, Marie Klaveno, Stephanie Czajkowski, Irene Ziegler, Charity Cervantes, Derek Evans, Jason Burkey
Duração: 53 min.

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