Home TVEpisódio Crítica | Patrulha do Destino – 2X08 e 9: Dad Patrol, Wax Patrol

Crítica | Patrulha do Destino – 2X08 e 9: Dad Patrol, Wax Patrol

por Luiz Santiago
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Dad Patrol

Wax Patrol

  • Há SPOILERS. Leia aqui as críticas dos outros episódios.

Mesmo com a interrupção das filmagens do show com a chegada da pandemia, os produtores e editores de Doom Patrol conseguiram fazer com que a série tivesse um final digno, não abandonando a linha principal desta 2ª Temporada e fazendo com que a deixa para o próximo ano fosse interessante, mesmo que o espectador ainda fique com a clara sensação de que muita coisa poderia (e deveria!) ter sido contada, além de passagens espremidas ou meio soltas, especialmente relacionadas à grande revelação do Candelabro e à presença de Willoughby Kipling. E mesmo com tudo isso, temos um produto sensacional em mãos.

O caminho de amadurecimento de Dorothy termina aqui o seu ciclo com uma das melhores construções dramáticas para um personagem numa série onde o roteiro precisa se dividir em vários arcos. Eu já tinha levantado essa bola antes, mas esse final de temporada reforçou a minha observação de que Dorothy se encaixou com perfeição no meio de toda essa loucura porque o seu drama pessoal de crescimento, de se sentir deslocada e perturbada por alguma coisa que ela, por muito tempo, tentou evitar, é exatamente o drama dos adultos à sua volta, inclusive o pai. Desse modo, a gente tem para considerar diversos estágios, reações e tratamento para um problema compartilhado, o que torna Dorothy “mais uma dentre os insanos” e não apenas uma nova personagem que precisa de muita coisa para poder se integrar à equipe.

Nessa reta final, a relação dela com o pai se estrutura de um modo que nos enraivece, da mesma forma que o relacionamento entre Vic e Roni, como a gente já previa, acaba sofrendo o grande abalo. O direcionamento para as relações aqui tem um gosto agridoce, e pela primeira vez estamos diante de um quadro pessoal mais feliz para a maioria dos adultos da Patrulha (Cliff atando laços com a filha e Larry e Rita aparentemente mais convencidos da realidade). Esse aspecto, todavia, é abalado por uma costura frontalmente agressiva em relação a Jane e Dorothy, ambas perseguidas, em níveis diferentes, por uma figura paterna tóxica e enfrentando um inimigo que ao mesmo tempo ameaça as elas mesmas, modificando violentamente ou manipulando o mundo à sua volta.

A resolução para tal problema vem, mais uma vez, de forma absurdamente criativa. O enfrentamento de alguns membros da Patrulha aos seus amigos imaginários me arrancou gargalhadas (e o fato de um Jesus badasss ser o amigo imaginário de Cliff é milhões de vezes mais hilário). Isso serve como excelente projeção daquilo que cada personagem tem de problemas emocionais e do que talvez querem esconder. Possivelmente é a minha visão nublada pelo quanto gostei desses episódios, mas senti uma libertação bem maior de Rita e Larry nesses capítulos finais. O tratamento depressivo e psicologicamente tenso está em cena (desaparecer do nada também não é uma opção) mas vejam que é Larry quem assume a liderança da missão final e Rita já está comprando a sua identidade heroica, mesmo que tenha problemas em momentos de grande crise, como foi no caso de Roni (aliás, vai aqui o meu aceno para a genial criação de Beekeeper and Borg, inspirada na série britânica Os Vingadores, de 1961).

O status de “fim do mundo” que a série mais uma vez colocou no início, serviu para o fim de um estágio emocional que dominava a equipe e acena para uma renovação total, especialmente de Cliff, que foi inteiramente despedaçado. Em contraste, o empoderamento de Dorothy (a cena em que ela menstrua pela primeira vez no supermercado e é aconselhada e ajudada pela senhora dona da loja é de um significado belo e gigantesco frente às feminilidades e à visão feminista que o roteiro assume aí), corajosamente se dispondo a enfrentar o Candelabro e criando a sua própria arma, se opõe à extrema fragilidade de Jane, que estava com uma falsa Miranda assumindo o posto de primária. Aqui percebemos que era outra pessoa… ao que tudo indica, a projeção do nojento miserável que a abusava. O arco da Jane é o que mais causa revolta e um dos mais angustiantes da série. Estou muito impressionado com o nível de força que o roteiro conseguiu manter e criar tanta coisa boa, como elementos antecessores para a personagem.

Com a Patrulha agora coberta de cera e Dorothy levada para algum campo de batalha pelo Candelabro, ficamos com três locais narrativos para a 3ª Temporada da série trabalhar. Este ano tivemos uma expansão dos sentimentos da equipe, uma adição maior e mais profunda dos problemas pessoais de cada um e um foco na criação das personas heroicas de cada um deles. Cliff e Rita tiveram os seus momentos de “série dentro da série” para mostrar o quanto estão animados para essa coisa de “ser super-herói” e Larry assumiu o chamado para uma missão, o que é um enorme passo. Mais uma sensacional temporada de um série que veio para nos trazer alegria e loucuras no meio do insano ano de 2020. Nem a pandemia conseguiu estragar a montagem da temporada. Que coisa maravilhosa! Vem logo Terceira Temporada!

Patrulha do Destino – 2X08 e 9: Dad Patrol, Wax Patrol (EUA, 1º e 8 de agosto de 2020)
Direção: Amanda Row / Chris Manley
Roteiro: Tom Farrell, April Fitzsimmons / Chris Dingess, Tanya Steele
Elenco: Diane Guerrero, April Bowlby, Joivan Wade, Matt Bomer, Brendan Fraser, Timothy Dalton, Riley Shanahan, Matthew Zuk, Mark Sheppard, Samantha Marie Ware, Carter Jenkins, Abigail Shapiro, Pisay Pao, Phil Morris, Stephanie Czajkowski, Bethany Anne Lind, Leela Owen
Duração: 53 min.

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