Home TVEpisódio Crítica | Patrulha do Destino – 3X08: Subconscious Patrol

Crítica | Patrulha do Destino – 3X08: Subconscious Patrol

Quando a forma e o conteúdo são imbatíveis.

por Luiz Santiago
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  • Há SPOILERS. Leia aqui as críticas dos outros episódios.

É normal a gente esperar que, depois de um episódio primoroso de uma série, venha algum (ou alguns) um tantinho menos interessante. Afinal de contas, é difícil manter qualidade tão alta e em igual medida por semanas seguidas. Nessa 3ª Temporada de Patrulha do Destino, começamos com uma proposta interessante, uma vilã impagável e cheia de dubiedade, mas uma certa falta de rumo, mesmo a série mantendo, no geral, a sua boa forma. Quando chegamos na metade da temporada, porém, as coisas começaram a entrar nos eixos e fomos recompensados pela construção um tantinho torta do grande conflito que marcaria esse ano do show. Em Bird Patrol, imaginamos o ápice da temporada. Mas estávamos enganados. Subconscious Patrol veio para provar que tudo poderia ser ainda melhor.

A série já tem dois precedentes temáticos — relacionados a um contexto de análise psicanalítica ou profunda exploração mental dos personagens — que foram igualmente obras-primas em suas respectivas temporadas (Therapy Patrol e Finger Patrol), além de duas outras obras-primas onde muita coisa maluca aconteceu ligado a revelações, à entrada e saída de insanas realidades e à apresentação de novos caminhos para os personagens (Donkey Patrol e Penultimate Patrol). O que aconteceu aqui, inesperadamente, foram dois gloriosos episódios seguidos, sendo que o segundo superou o primeiro em diversos aspectos, tornando-se não só o melhor da temporada mas um dos melhores de toda a série.

A Flagelação Eterna, enfim, começou. E esse início foi marcada por uma junção de realidades dos protagonistas: a consciente e a subconsciente. Essa troca deu a oportunidade de feridas abertas encontrarem o seu método de cura mais rápido, porém, dessa vez, aliadas a um fator maluco, artístico e consciente de tudo o que está acontecendo. Assim, presenciamos uma abordagem inovadora. A direção de arte e a direção de fotografia reforçaram isso, mudando não só o caráter de apresentação para cada indivíduo (brinquedo, animação e duas realidades com filtro fotográfico diferente), mas também fazem de cada ambiente um pequeno Universo com diferente atmosfera e diferentes significados. Em conclusão: é um episódio de viagens, com realidade dentro de realidade e cada uma sendo trabalhada de forma muito bem pensada.

A participação física de Matt Bomer e Brendan Fraser abrilhantam o episódio, que está recheado de atuações aplaudíveis. Por ser uma grande sessão de análise e reencontros entre consciências, os tons de voz, as mudanças de expressão e a forma como cada um lida com as e moções são a chave aqui, e tanto a direção de atores de Rebecca Rodriguez quanto o roteiro de Tanya Steele souberam alinhar tudo isso em cada culpa, cada dor, cada desejo não realizado dos desgraçados patrulheiros. Alguns traumas da vida são representados aqui numa esfera de necessidade de amadurecimento. E, curiosamente, para todos os personagens é um amadurecimento tardio, onde precisam lidar com as consequências de suas escolhas: Vic sem a armadura (o rapaz tem um corpo gigante!); Cliff mais uma vez afastando-se da filha e lidando com o Parkinson; Larry com uma nova responsabilidade; Rita com sua vingança; Jane com uma guerra pela própria sobrevivência e Madame Rouge com o próprio resultado de sua busca por poder.

E por falar em Madame Rouge, fazia muito tempo que eu não via a completa construção de uma vilã de maneira tão bem pensada numa série. De forma espantosa, posso citar a icônica vilã que a própria Michelle Gomez interpretou em Doctor Who, sendo uma das melhores a usar uma determinada titulação na série (não vou dar spoilers aqui). O acordo com a Irmandade do Mal, a adoção do nome, a mudança de perspectiva, tudo é maravilhoso… e nós achando que aquela profunda demarcação de primeiros motivos do episódio passado era tudo o que teríamos! Pois estávamos (mais uma vez) enganados! E ainda bem que estávamos, porque aqui obtivemos uma entrega ainda melhor na dramaturgia e no enredo. Terminamos o episódio sem fôlego e perguntando onde foi que a gente se meteu.

Patrulha do Destino (Doom Patrol) – 3X08: Subconscious Patrol (EUA, 28 de outubro de 2021)
Direção: Rebecca Rodriguez
Roteiro: Tanya Steele
Elenco: Diane Guerrero, April Bowlby, Joivan Wade, Hannah Alline, Matt Bomer, Catherine Carlen, Stephanie Czajkowski, Wynn Everett, Brendan Fraser, Michelle Gomez, Alan Heckner, Gina Hiraizumi, Anita Kalathara, Bethany Anne Lind, Jonathan Lipow, Deborah Michal, Phil Morris, Miles Mussenden, Matthew Zuk, Skye Roberts, Riley Shanahan
Duração: 50 min.

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