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Crítica | Perdidos no Espaço (Piloto Animado – 1973)

por Ritter Fan
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  • Leiam, aqui, todo nosso material sobre Perdidos no Espaço.

A década de 70 foi pródiga em tentativas de se reviver séries de TV e franquias cinematográficas na forma de animação televisiva. Jornada nas Estrelas, Planeta dos Macacos, LassieA Família Sol-Lá-Si-Dó (The Brady Bunch), A Família Dó-Ré-Mi (Partridge Family), A Família Adams e Jeannie é um Gênio são apenas alguns desses exemplos, a maioria não sobrevivendo a mais de uma curta temporada. É claro que Perdidos no Espaço não poderia ficar de fora dessa moda e a Hanna-Barbera, então ainda surfando na sua fama de animações próprias como Zé Colmeia, Pepe Legal, Manda Chuva, Os Jetsons e, sem dúvida, Os FlintstonesScooby-Doo, não perdeu a oportunidade de produzir um piloto animado.

À época, muitos pilotos dessa natureza eram testados perante a audiência e um desses lugares cativos era o ABC Saturday Superstar Movie (mais tarde renomeado para The New Saturday Superstar Movie), um programa do canal ABC nas manhãs de sábado justamente com o objetivo de trazer material inédito para a luz, ainda que várias animações com personagens já consagrados também fossem transmitidas no horário. E, no dia 08 de setembro de 1973, foi a vez da produção conjunta da Hanna-Barbera e Fox, reimaginando Perdidos no Espaço para uma nova geração.

Tentando fazer algo “diferente, mas igual”, a primeira mudança que notamos é a composição da equipe que acaba se perdendo no espaço. Há dois Robinsons, mas diferentes dos originais: o piloto e comandante da expedição Craig Robinson (Michael Bell), que acabou de sair da Academia Espacial e seu irmão menor Link (Vincent Van Patten). Além deles, há a geóloga Dina Carmichael (Sherry Alberoni), o robô clássico que, aqui, tem nome, Robon (Don Messick) e o indefectível Dr. Zachary Smith, o único personagem da série original e, também, o único ator que volta, já que Jonathan Harris mais uma vez empresta sua voz (e aparência) ao vilão. Além disso, muitos outros elementos são alterados, como a missão em si que, agora, é só o mero transporte entre a Terra e Saturno que acaba desviado por uma chuva de meteoros. Além disso, o Dr. Smith é efetivamente um passageiro e não um sabotador. E, finalmente, a nave é, agora, um foguete, perdendo seu formato de disco voador.

A história, aqui, é muito objetiva, com a Júpiter 2 desviando-se de seu caminho em razão dos meteoros e aproximando-se de um planeta desconhecido. Eles são alvejados por raios misteriosos e um pouso forçado é necessário, fazendo com que eles descubram, por lá, duas raças: os primitivos Throgs, nativos de lá e que nada mais do que sapos humanoides e os desenvolvidos e beligerantes Tyranos, que invadiram o planeta. Aliando-se naturalmente aos sapos verdes, mas precisando da tecnologia dos Tyranos para consertar a nave, Craig e Dina começam a montar um plano para unir os seres antagônicos. Enquanto isso, em uma subtrama hilária pela falta de uma palavra melhor, o Dr. Smith tenta enganar crianças do povo Throg para conseguir delas diamantes com que elas brincam de “bolinha de gude” (aparentemente, essa brincadeira é universal).

A animação segue o padrão de outras da época da Hanna-Barbera em sua inocência e também na pegada cômica que marcou as duas temporadas à cores de Perdidos no Espaço nos anos 60. Claro que as modificações feitas no roteiro, com a troca de personagens e objetivo inicial da viagem podem criar problemas para aqueles que desgostam de toda e qualquer alteração feita na obra original. Mas a grande verdade é que o conceito permanece e o Dr. Smith e Robon, os dois personagens mais interessantes da série live-action, continuam os mesmos aqui, com Link calçando os sapatos de Will Robinson. Portanto, não é necessariamente esse o problema da animação.

O problema que existe é algo que também marcou a série: o tamanho do episódio. São 44 minutos que poderiam ser resolvidos em 15 ou 20 no máximo. Com isso, a trama simples e objetiva é esticada quase ao ponto de ruptura. Além disso, as caracterizações dos Robinson e de Dina não poderiam ser mais genéricas, com rostos muito parecidos e com funções muitas vezes duplicadas. Na verdade, Link também não funciona bem, mas sua correlação imediata com Will ajuda a diferenciá-lo dos demais. Não ajudam, também, os trabalhos de voz que, como as caracterizações, são genéricos e quase feitas nas coxas. As exceções, novamente, ficam por conta, lógico, de Jonathan Harris, sempre ótimo com seu maquiavélico Smith e Don Messick como Robon, que tenta imitar a voz original do clássico robô. Existe, ainda, a questão da qualidade da animação em si que, apesar de seguir o padrão de sua época, não trazia designs de criaturas e de planetas atraentes ou que retirasse a animação do mero lugar-comum.

A animação não foi para a frente, sendo rejeitada como série e permanece, apenas, como uma curiosidade que foi inserida na versão americana em Blu-Ray da série. A impressão que tenho é que o piloto não foi suficientemente diferente da série original para desprender-se da imagem nostálgica que todos ainda tinha da série cancelada cinco anos antes. Faltou ousadia ou, talvez, tenha faltado uma pegada que poderia até mesmo ter sido uma continuação direta do capítulo 24 da 3ª temporada da série original, sem, claro, as amarras naturais de uma produção live-action. Seria a oportunidade de fechar a história que permanece em aberto, havendo apenas a “leitura de mesa” de um episódio final muitos anos depois com esse fim. Ou seja, a Hanna-Barbera poderia ter feito muito melhor.

Perdidos no Espaço: ABC Saturday Superstar Movies (Lost in Space: ABC Saturday Superstar Movies, EUA – 08 de setembro de 1973)
Direção: Charles A. Nichols
Roteiro: Fred Freiberger (baseado em série de TV de Irwin Allen)
Elenco: Jonathan Harris, Don Messick, Michael Bell, Vincent Van Patten, Sherry Alberoni, Ralph James, Sidney Miller
Duração: 44 min.

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