Grande Ciclo: Via Láctea — Ciclo 1: A Terceira Potência — Episódio: 11/49
Principais personagens: Perry Rhodan, Reginald Bell, Crest, Thora, Betty Toufry, Tako Kakuta, Ralf Marten, Wiriu Sengu, Thort, Quequéler, Crek-Orn, Tequer-On, Hopmar.
Espaço: Planeta Ferrol (8º planeta de Vega), Planeta Rofus (9º planeta de Vega), Lua Iridul.
Tempo: Junho de 1975
Posso dizer com muita felicidade que Mutantes em Ação redimiu Kurt Mahr no quesito de “exploração de outro planeta“, para mim. Isso, se compararmos este livro com o seu trabalho anterior na série, o pouco engajante Base em Vênus. E vejam que aqui tínhamos uma difícil tarefa para ser cumprida, já que o texto precisava manter o clima de guerra apresentado em Batalha no Setor Vega, ao mesmo tempo que criava todo o cenário necessário para a captura da “joia da coroa”, a grande nave de guerra arcônida que estava nas mãos dos tópsidas.
Trata-se de uma interessante jornada de exploração sob diferentes pontos de vista, sendo que um deles parece inicialmente apartado da ação principal, mas o autor consegue costurá-lo organicamente à grande narrativa, com Perry Rhodan e companhia fazendo planos para enganar os “homens-lagartixa” e não apenas vencer a guerra que ameaçava os ferrônios, mas também colocar as mãos em uma nave que seria o grande impulso para a realização do sonho de colocar a Terra como dominante de um pedaço da Via Láctea. Esse sonho, porém, é escondido do Thort e seus súditos, por motivos que, imagino, poderão trazer futuras rusgas no relacionamento entre Rhodan (ou, numa visão maior, a Terra) e Ferrol. Ou será que estou sendo pessimista demais?
Minha posição diante disso vem do fato de que, mais uma vez, termos o protagonista agindo como um verdadeiro político, tomando decisões eticamente questionáveis, mas que moralmente entendemos como sendo “para o bem da Terra“. Tanto o fato de ele mentir para os ferrônios sua verdadeira origem quanto o fato de também mentir sobre o plano dos transmissores, ao final do livro, mostra que o nosso herói tem sim áreas cinzas em sua personalidade, e com isso eu volto a gostar bem mais do desenvolvimento e exposição dele como personagem. Não dava mais para suportar aquela figura heroica e perfeitinha que tivemos pintada para ele entre A Abóbada Energética e parte de Socorro Para a Terra.
Mais uma vez fiz comparações com certas aventuras literárias de Star Wars (obras como A Resistência Renasce e Alvo em Movimento foram duas que me vieram à mente de imediato), tendo o espaço geográfico onde a maior parte desta ação se passa ajudado bastante nessa comparação. Os diversos obstáculos criados pelos inimigos e as diversas estratégias de luta empregadas, tendo uma grande ajuda dos mutantes, reforçam o ar de ópera espacial do volume, com uma coroação rápida e bem emocionante na batalha final.
No todo, Mutantes em Ação é uma épica jornada onde os mocinhos contra-atacam e terminam conseguindo tudo aquilo que de melhor essa guerra lhes poderia dar: uma grande nave de guerra arcônida, um posto de abastecimento criado na Lua Iridul, no Sistema Vega, e o início de uma relação comercial e de amizade com um outro planeta, embora haja aí as mentirinhas de Rhodan que talvez tragam complicações no futuro. Uma compensadora finalização do primeiro arco da série fora do Sistema Solar.
Perry Rhodan ousa o hipersalto para a Terra, apesar de não contar com gente suficiente para tripular sua nova espaçonave conquistada. Ele enfrenta um grande risco, porém tem seus motivos. Só na Terra encontrará o pessoal necessário para rechaçar os tópsidas. E ele prometeu ao Thort… O próximo volume da saga tratará do regresso a Vega e do SEGREDO DO COFRE DE TEMPO.
Perry Rhodan – Livro 11: Mutantes em Ação (Mutanten im Einsatz) — Alemanha, 17 de novembro de 1961
Autor: Kurt Mahr
Arte da capa original: Johnny Bruck
Tradução: Maria Madalena Würth Teixeira
Editora no Brasil: Ediouro (1976)
160 páginas
