Home Diversos Crítica | Perry Rhodan – Livro 15: Pista no Tempo e no Espaço, de Clark Darlton

Crítica | Perry Rhodan – Livro 15: Pista no Tempo e no Espaço, de Clark Darlton

por Luiz Santiago
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Grande Ciclo: Via Láctea — Ciclo 1: A Terceira Potência — Episódio: 15/49
Principais personagens: Perry Rhodan, Reginald Bell, Thora, Crest, Kerlon, Ras Tschubai, John Marshall, Anne Sloane, Ralf Marten, Lesur, Robby
Espaço: Planeta Ferrol (Sistema Vega) / Vênus e Terra (Terceira Potência, Galáxia).
Tempo: Setembro de 1975 / 8010  a.C.

Em Pista no Tempo e no Espaço temos mais um capítulo da busca de Perry Rhodan e de seu time pelos “seres que vivem mais que o Sol“, ou seja, pela “vida eterna“. O tema tem estado em destaque nas novelas da série desde que os mocinhos venceram os tópsidas, em A Fortaleza das Seis Luas; e a partir de Charada Galáctica vem mostrando as muitas provações que esse time tem atravessado para conseguir o acesso à eternidade, descobrindo, no meio do caminho, um número grande de informações a respeito dos tais seres que deixaram o enigma Universal para ser desvendado. Uma dessas informações surge como uma bomba: Rhodan chega à conclusão de que não se trata de um “povo imortal“, mas sim de “um único Ser imortal” e isso, claro, muda toda a nossa percepção sobre a charada, acrescentando, inclusive, um ponto de atenção e medo/receio em relação a este indivíduo.

Clark Darlton não se desvia de sua intenção primordial aqui. O foco do volume é a busca por um arcônida que esteve em Ferrol 10 mil anos antes do tempo presente de Rhodan, e é isso que o autor procura nos entregar desde o início. Esse indivíduo do passado deve ser “entrevistado”, pois está de posse de algo que pode levar os nossos conhecidos personagens ao “caminho da luz”. O livro, dessa forma, se divide em duas partes, sendo a primeira uma preparação bem fluída e interessante, com direito a uma rápida passagem por Vênus e pela Terra — algo resolvido de modo objetivo, mas elogiável. É bom voltar um pouco para o nosso planeta e ver como andam os avanços para uma sociedade diferente, verdadeiramente unida.

Mas toda a atenção se volta para a segunda parte da história, no retorno da Stardust III a Ferrol. Rhodan e um time escolhido a dedo embarca no transmissor temporal, indo parar no passado daquele planeta, deparando-se imediatamente com uma luta entre diferentes grupos de nativos, o Exército do Thort e os bárbaros. Há também uma simpática aparição dos Sichas que me fez abrir um baita sorriso. Gosto muito desse povo da montanha e foi bom ver a interação de alguns deles com Ras Tschubai. Em termos de personagem, vale também um destaque para Robby, o robô que foi dotado de um cérebro positrônico, facilitando o processo de obtenção de qualquer informação pentadimensional que os viajantes porventura precisassem. E o mais legal é que ele não está aqui apenas como um pensador eventual, mas como um lutador também — nota estendida que podemos fazer a Crest, que em muito tempo não víamos tão ativo em uma missão.

O que me colocou algumas caras muito feias ao longo da leitura foram as passagens mortalmente machistas que Darlton escreveu. Quando a gente lê obras fora do nosso tempo, sempre nos deparamos com coisas que são típicas de um ‘pensamento de época’, e algumas dessas cosias nos incomoda apenas de maneira ideal ou conceitual. Mas aqui eu realmente fiquei bravo com a forma como o autor trata o pensamento das mulheres, primeiro em relação a Thora, dizendo que, por ser mulher, ela só seria capaz de pensar com o coração; e depois em relação à mutante Anne, numa das frases que certamente já eram podres na época em que foi escrita: “desta vez foi Anne Sloane quem fez uma proposta, provando com isso que as mulheres também sabem pensar de maneira lógica.“. Horrível, horrível.

O autor cria toda uma grande tensão para o momento de retorno ao passado, mas perde oportunidades que se apresentam, como a dos sacerdotes que eram guardiões de um dos receptores, num templo do outro lado de Ferrol; ou a própria esfera prática em torno da obtenção de pistas para a charada galáctica. Em dado momento somos colocados no campo de batalha e a trama funciona bem aí… até que há um corte para uma abordagem mais técnica ou “de bastidor”, mostrando o lado de Rhodan e seus amigos manipulando certos eventos à distância. A princípio isso funciona bem, servindo como estabelecimento dos personagens naquele lugar, naquele tempo e situação. Mas depois acaba apresentando problemas de fluidez, especialmente na insistência do comandante bárbaro em atacar os “deuses”, mesmo depois de diversas demonstrações de força superior. Me escapa a capacidade imensamente rápida que ele e os soldados tiveram de se agrupar e planejar novas sequências de ataques (inclusive a explosão final!) em tão pouco tempo.

O gancho para o próximo livro me deixou um tantinho frustrado, confesso. Claro que sigo curioso para conhecer esse Ser, esse imortal por trás de toda a charada galáctica, mas como temos apenas uma indicação de um “abalo do espaço” e nada mais, parece que faltou alguns parágrafos de adendo para fazer com que essa informação estivesse melhor contextualizada às necessidades e vontades do grupo nesse momento, não só à busca que fazem. Não sei se vocês sentiram isso também, mas para mim, tanto a relação geral entre cenas de batalha e busca pelo “homem que se maravilhou” quanto o cliffhanger para Os Espíritos de Gol não atingiram exatamente o potencial que pretendiam. Fica viva, porém, a vontade de conhecer quem é que está por trás de tudo isso.

Apesar de todos os perigos trazidos pela permanência no passado longínquo do planeta Ferrol, Perry Rhodan e seus companheiros voltaram à sua própria época. Mas a procura não terminou. Estão novamente de posse de uma mensagem do desconhecido, que indica novos e maiores perigos: “em breve o espaço sofrerá um abalo. Esteja atento e procure, mas lembre-se de que este mundo é gigantesco e desconhecido!”. O que espera Perry Rhodan em sua etapa seguinte será revelado em OS ESPÍRITOS DE GOL

Perry Rhodan – Livro 15: Pista no Tempo e no Espaço (Die Spur durch Zeit und Raum) — Alemanha, 15 de dezembro de 1961
Autor: Clark Darlton
Arte da capa original: Johnny Bruck
Tradução: Lilian Pessoa Ribeiro Dantas
Editora no Brasil: Ediouro (1976)
111 páginas

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