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Crítica | Perry Rhodan – Livro 23: Chave Secreta X, de W. W. Shols

por Luiz Santiago
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Grande Ciclo: Via Láctea — Ciclo 1: A Terceira Potência — Episódio: 23/49
Principais personagens: Perry Rhodan, Reginald Bell, John Marshall, Son Okura, Thora, Tako Kakuta, General Tomisenkov e Coronel Raskujan.
Espaço: Planeta Vênus
Tempo: Junho e julho de 1981

Terceiro dos quatro livros que W. W. Shols escreveu para a saga Perry Rhodan, Chave Secreta X é certamente um dos mais interessantes volumes de ação que tivemos na série até o presente momento. Trata-se de um contraste absoluto em relação ao volume 21, A Guerra Atômica Que Não Houve, que basicamente trouxe vitória atrás de vitória para a Terceira Potência. Após A Fuga de Thora, porém, as coisas mudaram de figura. Ao lado de Son Okura e John Marshall, Rhodan ficou preso em Vênus. Sua partida impulsiva no encalço de Thora o impediu de considerar que o cérebro positrônico do segundo planeta pudesse atacar uma nave sem a devida preparação com os códigos na quinta dimensão. O resultado foi trágico: os terranos foram alvejados, caíram, salvaram-se e agora precisam se virar sozinhos no planeta selvagem.

A ideia de Shols, nesse livro, foi apresentar uma narrativa crua e de tensão e perigo à toda prova. Dividindo a trama em três blocos principais (com alguns adendos para mostrar como Bell, na órbita de Vênus, tenta ajudar Rhodan mas não consegue, porque a Chave Secreta X impede o pouso ou decolagem de qualquer nave do planeta… após concluir que existe alguma ameaça ali), o autor nos faz aproveitar ao máximo as ações de cada grupo em disputa pelo controle da Fortaleza de Vênus, onde se encontra o cérebro positrônico instalado pelos arcônidas.

Pela primeira vez desde a fase de enfrentamento da Terceira Potência contra os Deformadores Individuais, eu não via tanto azar e tanto revés para o lado dos mocinhos. E esse tipo de história é simplesmente maravilhoso, porque nos permite olhar para os personagens de outra forma, fazendo-nos entender do que são capazes e do que podem atingir mesmo sem toda a parafernália tecnológica com que estão acostumados. Na maior parte do tempo, Rhodan, Okura e Marshall estão em equivalência de força comparados ao General Tomisenkov, por exemplo. E é na guerra desse General contra rebeldes desertores e, posteriormente, contra o Coronel Raskujan, que os terranos conseguem algumas facilidades no meio do caminho, ainda que experimentem as dificuldades de locomoção pelo mar.

Dada a geografia, fauna e flora absurdamente agressivas de Vênus, uma aventura como essa nos faz pensar numa robinsonade sci-fi com um cenário muito maior do que uma ilha para explorar. O interessante é que vemos o choque ideológico e uma série de pensamentos diferentes em relação ao comando ou a como deveria ser a nova civilização humana em Vênus. À medida que avançamos, percebemos que o objetivo dos personagens, nos três núcleos, é chegar à Fortaleza. Mesmo com Rhodan e seus amigos do Exército de Mutantes tendo algumas facilidades diante de seus perseguidores, deparam-se com um enorme poder de fogo e facilidade de locomoção nas mãos de de Raskujan, tornando ainda mais necessária a chegada do grupo ao cérebro positrônico antes desses indivíduos do Bloco Oriental, que tendo Thora em seu poder, podem ter acesso garantido à Fortaleza.

São poucos os momentos em que a costura entre os blocos atrapalha a narrativa neste Chave Secreta X. Na maior parte do tempo temos uma caminhada cheia de perigos naturais e também humanos, com um núcleo de personagens temendo e odiando o outro, tentando chegar a um mesmo lugar a fim de colocar as mãos em algo de poder inimaginável. Como destaquei antes, ver Rhodan nessa situação, isolado e sem ajuda tecnológica de ponta, nos faz apreciar ainda mais o seu esforço, principalmente porque Shols maltrata bastante o personagem, fazendo-o se machucar o tempo inteiro e ficar com o ombro arrebentado durante a maior parte da jornada.

Chave Secreta X é um livro de aventura raiz, que não lança mão de coisas muito poderosas por parte dos mocinhos, e que nos deixa roendo as unhas de tensão. Estávamos precisando desse contraponto de “derrotas” para a Terceira Potência. Agora vamos ver como Bell conseguirá burlar a Chave Secreta X… ou se Rhodan chegará à Fortaleza antes e consegue colocar um fim na palhaçada bélica e perigosa que está dominando Vênus já nesses primeiros momentos de sua colonização.

Reginald Bell, que pretendia vir em auxílio de seu chefe e amigo, teve que admitir que a CHAVE SECRETA X também impedia qualquer penetração através da quinta dimensão. Por isso, Perry Rhodan não pode contar com qualquer auxílio vindo de fora. Tem de se libertar com suas próprias forças para não perecer na selva do mundo primitivo. NA SELVA DO MUNDO PRIMITIVO é o título do próximo volume da série Perry Rhodan. 

Perry Rhodan – Livro 23: Chave Secreta X (Geheimschaltung X) — Alemanha, 9 de fevereiro de 1962
Autor: W. W. Shols
Arte da capa original: Johnny Bruck
Tradução: Richard Paul Neto
Editora no Brasil: Ediouro (1976)
105 páginas

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