Home Diversos Crítica | Perry Rhodan – Livro 35: O Planeta dos Deuses, de Kurt Mahr

Crítica | Perry Rhodan – Livro 35: O Planeta dos Deuses, de Kurt Mahr

Como se esconder de implacáveis perseguidores.

por Luiz Santiago
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Grande Ciclo: Via Láctea — Ciclo 1: A Terceira Potência — Episódio: 35/49
Principais personagens: John Marshall, Tako Kakuta, Kitai Ishibashi, Tama Yokida, Gucky, Vethussar, Honbled, Etztak, Fafer.
Espaço: Planeta Goszuls.
Tempo: Dezembro de 1982 a janeiro de 1983.

A leitura de O Planeta dos Deuses me fez lembrar bastante de outros dois momentos da saga até aqui: o primeiro, no duo Chave Secreta X e Na Selva do Mundo Primitivo (com Rhodan, Marshall — esse é muito azarado! — e Okura isolados em Vênus), e o segundo em Mundo de Gelo em Chamas (com Tiff, Hifield, Eberhardt, Mildred, Felicita e Gucky — outro azarado! — isolados no planeta Homem de Gelo). Nessas ocasiões, os autores investiram em aventuras que colocavam os náufragos em busca de duas coisas principais: sair do planeta de isolamento e lutar contra o que poderia ameaçar suas vidas e aos planos que tinham para executar. Em linhas gerais, é isso o que encontramos neste trigésimo quinto livro da série.

Pela primeira vez Perry Rhodan não é listado entre os personagens principais do livro, e tem uma participação bem curtinha no volume, muitas vezes de forma indireta (através de comunicadores), expostas para o leitor através do narrador. Esse afastamento que em si mesmo não é novo no Perryverso, mas nas outras vezes em que apareceu não tinha sido tão grande e por tanto tempo, dá a impressão de que estamos lendo um spin-off, e em nenhum momento digo isso como uma crítica negativa. É muito bom observar essas mudanças de perspectiva em algumas aventuras e, numa “narrativa de náufragos“, nada mais indicado do que a escolha de personagens coadjuvantes do Exército de Mutantes para receber tal destaque.

Kurt Mahr puxa o fio da meada a partir da grande explosão que aconteceu em Levtan, o Traidor, onde vimos os patriarcas saltadores irem pelos ares durante a Grande Conferência. Foi uma medida extrema e interessante, pois em breve trará mais peso e mais ódio à relação entre esses descendentes dos arcônidas e os terranos, quando os primeiros, enfim, descobrirem quem são os responsáveis pela tragédia. Como a fuga dos mutantes da Terceira Potência não deu certo ao final do livro passado, temos aqui a história do que aconteceu com eles nesse planeta, agora posto em estado de alerta. Ao mesmo tempo, o autor nos faz conhecer um sentimento de muita raiva dos nativos para com os chamados “deuses”, que nada mais são do que os saltadores que condicionaram alguns hipnoticamente, colocaram robôs para vigiar o cotidiano dos nativos e potencializaram de maneira criminosa uma involução tecnológica que já tinha acontecendo naquele lugar, cujo nome original era Gorr.

Na primeira parte do livro temos um nível de ação mais preocupado com detalhes. É nesse bloco que vemos os mutantes encontrarem um homem local chamado Vethussar e, a partir desse contato, iniciarem o primeiro momento de hospedagem no planeta, mesmo que por pouco tempo. Os planos iniciais acabam não dando certo e tanto a caçada dos saltadores quanto a ofensiva-defensiva dos terranos aumentam de intensidade a cada página. Existem bons momentos de humor e de tensão, chamando-nos a atenção uma interessantíssima reflexão de Mahr sobre o colonialismo e o imperialismo. Ele expõe os saltadores como “uma potência econômica” que chega em algum lugar, explora território e pessoas e condiciona negativamente — através das mais diversas forças — a vida de todas os que ali habitam, apagando culturas, matando opositores e atrasando o desenvolvimento local. Basicamente tudo o que diversas potências europeias fizeram em pontos diferentes da História a partir das Grandes Navegações, recebendo os Estados Unidos como parceiro de destruição a partir do século XIX.

Na segunda parte do livro, Kurt Mahr se vale dos detalhes mostrados no início e dá foco à criação, desenvolvimento e finalização de cenas de correria, abordagens perigosas e tiros em diferentes espaços do planeta. O grupo se divide e consegue fazer manobras de distração, deixando o patriarca Etztak cada vez mais nervoso por não conseguir colocar as mãos nos “criminosos” que ele ainda acredita serem os tripulantes da nave de Levtan. Em dado momento, os mutantes recebem uma “ordem impossível” de Rhodan, com a missão de destruírem a cidade dos saltadores. E é nesse clima de difícil tarefa em continuidade e bom tom de humor (como é de praxe na série, dando-nos a oportunidade de respirar um pouco) que fechamos mais um livro. Conseguimos ver o arco dos saltadores chegando ao fim, mas ainda não temos muitas indicações de como tudo irá se organizar até este definitivo ponto final.

John Marshall, Tako Kakuta, Kitai Ishibashi e Tama Yokida naufragaram no plaenta de Goszul. Mas em vez de comportar-se como náufragos, procuraram abalar os alicerces do poderio dos saltadores através de uma série de ações de surpresa. O FLAGELO DO ESQUECIMENTO, título do próximo volume da série Perry Rhodan, representa o instrumento de libertação de um mundo escravizado.  

Perry Rhodan – Livro 35: O Planeta dos Deuses (Im Land der Götter) — Alemanha, 04 de maio de 1962
Autor: Kurt Mahr
Arte da capa original: Johnny Bruck
Tradução: Richard Paul Neto
Editora no Brasil: Ediouro (1976)
155 páginas

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