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Crítica | Perry Rhodan – Livro 37: O Planeta Louco, de Clark Darlton

A resolução de um problema e a abertura de uma fantástica porta para a série.

por Luiz Santiago
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Grande Ciclo: Via Láctea — Ciclo 1: A Terceira Potência — Episódio: 37/49
Principais personagens: Perry Rhodan, Reginald Bell, Gucky, Sargento Harnahan, Borator, Topthor, Tako Kakuta, Kitai Ishibashi, Tama Yokida, John Marshall.
Espaço: Planeta Goszuls.
Tempo: Maio de 1983.

Em O Planeta Louco temos a conclusão do primeiro arco dos Saltadores nesse ciclo da Terceira Potência (e digo “o primeiro” porque eles voltarão em um arco posterior, ainda neste ciclo, entre os volumes 46 e 49); um livro muito diferente do super básico O Flagelo do Esquecimento, igualmente escrito por Clark Darlton. Aqui, temos uma resolução que faz jus à grandeza do ataque e da problemática em andamento, com apenas alguns deslizes já no finalzinho e algumas cenas de ligação no meio do volume que não foram bem pensadas, mas com uma história envolvente e que resolve os problemas encadeados de uma forma elegante e, principalmente, cheia de promessas para o futuro da série — que é a verdadeira chave para a saga de Perry Rhodan, na verdade.

O chefão da Terceira Potência quer se livrar dos Saltadores sem derramamento de sangue. Mesmo sendo, nesse momento de sua vida, um homem belicista, um homem que procura briga quando acha necessário, Rhodan não tem nenhum interesse em trilhar caminhos verdadeiramente autoritários e inclementes, com ele mesmo começando um ataque mortal ou não se importando com as consequências do que esse ataque pode trazer. Ao contrário. Esse arco dos Saltadores parece amadurecer algo que PR já vinha apresentando antes, que é a capacidade de enxergar caminhos não bélicos — sempre que possível — para repelir inimigos e resolver situações, o que inúmeras vezes o coloca em lugares opostos em relação ao seu braço direito, Reginald Bell (que às vezes é escrito como um homem bem estúpido, o que não me agrada nem um pouco) e alguns de seus comandantes mais próximos.

A saga em Goszuls precisava de um ponto final, de algo que “definitivamente” afastasse os Saltadores do planeta e que pudesse colocar o povo no caminho do desenvolvimento, com um governo comandado por um nativo e pensado nas bases da justiça social. Essa história faz tudo isso de forma engraçada e cheia de ação, começando com uma missão de reconhecimento empreendida por Gucky, que nos deixa apreensivos e nos mostra coisas que o rato-castor até então não tinha feito — outra escolha aplaudível do autor, que resolveu abordar comportamentos diferentes para o personagem. O entendimento dos robôs de combate dos Saltadores causa uma impressão tão forte na gente que até torcemos um pouco o nariz quando Rhodan anuncia os “anuladores de cérebro positrônico” na segunda parte do volume. E não é que eu tenha algum problema com essa tecnologia, nada disso. Ela é boa e cabe perfeitamente no desenvolvimento da Terceira Potência nesse momento. O problema é isso surgir sem uma preparação maior. Causa certa estranheza ao leitor, como se estivesse realmente faltando alguma coisa até esse ponto crítico da história.

Todos os núcleos do livro são interessantes. Mesmo que, em pequenos momentos, um consiga se elevar em relação ao outro, não é o tipo de história em que a gente está odiando um pedaço da narrativa e não vê a hora daquele bloco acabar para que cheguemos na parte que realmente importa, que realmente nos chama a atenção. Darlton consegue fazer um bom trabalho com todos os pedaços narrativos, o que realmente me impressionou. E é evidente que eu não poderia deixar de dar um destaque especial para o bloco de encontro do Sargento Harnahan com o Ser-esfera encontrado numa pequena lua do Sistema 221-Tatlira. Fiquei boquiaberto quando o jovem piloto chegou à montanha em que encontrou o globo viajante que se alimenta de energia, que tem uma telepatia notável e é um Ser de alinhamento benéfico, prometendo voltar no futuro. Juntamente com o drama de Ernst Ellert e o drama de AQUILO, esta foi uma das surpresas galácticas que eu mais gostei na série até o momento, porque está completamente envolta em mistério e há a possibilidade de desvendarmos isso aos pouquinhos.

O bom humor com que o autor escreve, sem excessos e sabendo muito bem como cada uma dessas piadas funcionam em cenas com diferentes personagens (exceção a isso está apenas na briguinha entre Gucky e Bell na última cena do livro) é outro presente que a gente recebe aqui. O medo dos Saltadores para doenças é muito bem trabalhado desde a primeira página, de modo que o que acontece depois é apenas uma sequência lógica do que o autor nos preveniu. E esse padrão de boa preparação também se dá quando os Superpesados entram em cena. A descrição para a confusão mental de Topthor é perfeita: hilária e lógica ao mesmo tempo, encaixando-se bem no padrão que conhecemos do personagem e de sua raça, além de dar um sabor todo especial à vitória dos nativos e de Rhodan & Cia. sobre esses impiedosos e monopolistas comerciantes espaciais. Mas será que é uma vitória que durará por muito tempo?

O PLANETA LOUCO encenou a loucura para libertar-se dos seres que o oprimiam. O estratagema da doença aparentemente incurável, usado para repeli os mercadores galácticos, foi coroado de um êxito fulminante. Finalmente Perry Rhodan pode preparar o AVANÇO PARA ÁRCON, há tanto planejado…    

Perry Rhodan – Livro 37: O Planeta Louco (Ein Planet Spielt Verrückt) — Alemanha, 18 de maio de 1962
Autor: Clark Darlton
Arte da capa original: Johnny Bruck
Tradução: Richard Paul Neto
Editora no Brasil: Ediouro (1976)
165 páginas

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