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Crítica | Perry Rhodan – Livro 39: O Mundo dos Três Planetas, de K. H. Scheer

Conhecendo Árcon.

por Luiz Santiago
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Grande Ciclo: Via Láctea — Ciclo 1: A Terceira Potência — Episódio: 39/49
Principais personagens: Perry Rhodan, Reginald Bell, Thora, Crest, John Marshall, Orcast XXI, Kenos, Gucky, Julian Tifflor.
Espaço: Planeta Naat (ou Arkon V) e Planetas Arkon I e Arkon III — Sistema Árcon.
Tempo: Meados de maio a 3 de junho de 1984.

Eu comentei na minha crítica de Avanço Para Árcon, que me gerava um certo incômodo o fato de os autores utilizarem uma quantidade muito grande de elipses em livros mais recentes da série, algo que também valia para a revelação da tripulação para uma determinada viagem, como a que fizeram da Terra para Árcon. Neste 39º volume da série, intitulado O Mundo dos Três Planetas, essa minha reclamação toma corpo e alcança o ponto mais alto de sua legitimidade. Isso porque o escritor K. H. Scheer simplesmente apresentou quase todo o Exército de Mutantes nessa história, um grupo tão grande de soldados especiais da Terceira Potência que a gente não fazia ideia que tinha embarcado para a viagem. Este é o problema nessas condensações de contexto. De repente brotam personagens do nada e a gente fica com a maior cara de “ué” diante da estranha surpresa narrativa com um leve sabor de Deus Ex Machina.

De modo geral, O Mundo dos Três Planetas tem muitas semelhanças com a aventura que a antecedeu. É uma saga de exploração e busca por respostas, mas num cenário muito mais exótico e com perigos definitivamente mais intensos do que aqueles que tivemos no outro livro. A grande questão é que o leitor está diante de uma obra com revelações que nos chamam a atenção de maneira grandiosa porque, de certa forma, estão sendo “prometidas” desde o início da saga. Quando encontramos Crest e Thora pela primeira vez, lá em Missão Stardust, ou quando lemos pela primeira vez algumas descrições desses personagens sobre o planeta natal do arcônidas, em A Terceira Potência, ficamos com a mente bastante atiçada para conhecer as maravilhas tecnológicas e as grandes criações nesse canto distante da nossa Galáxia. E aqui chegamos a realizar esse sonho, embora de maneira breve e nada ideal.

Na verdade, podemos até entender essa chegada a Árcon como uma história anticlimática, mas não no sentido verdadeiramente negativo do termo. E isso se dá porque os arcônidas e os humanos pensavam que seriam recebidos com todas as honras, pompa e circunstância cabíveis a uma Casa Dinástica reinante naquele local, mas acabam encontrando um planeta dominado por um cérebro positrônico que assumiu a regência do Império após o estado de degeneração dos nativos chegar a um nível preocupante. Avanço Para Árcon nos trouxe informações gerais sobre esta situação e nos colocou em contato com um pesadíssimo cenário de guerra. Já O Mundo dos Três Planetas tem a difícil tarefa de entregar pelo menos o mínimo de informações e coisas interessantes sobre esse planeta e, ao mesmo tempo, mostrar a luta dos tripulantes da Ganymed contra o robô regente.

As rápidas decisões do início do livro, nesse contexto, são justificáveis. Rhodan precisa tomar uma atitude, em vez de ficar lamentando o fato de a nave estar presa, por isso é que ele utiliza a arma trazida de Peregrino para se transferir, numa nave pequena, até Árcon I (falarei mais sobre essa divisão de planetas adiante). É uma pena que o autor deixe desnecessariamente confusa as sequências com essa transmissão. A gente fica um pouco sem saber exatamente o que está acontecendo, mas aos poucos a narrativa ganha seu rumo e um dos grandes segredos do planeta dos arcônidas é revelado para Rhodan e para os outros terranos: Árcon, na verdade, é uma conjunção de três planetas, dois deles retirados artificialmente de sua órbita para fazerem parte de uma divisão bastante criteriosa da vida dessa civilização, para a qual cada mundo serve a um propósito específico: moradia (em Árcon I, o planeta de cristal), produção e comércio (em Árcon II) e tudo relacionado à guerra (em Árcon III).

A primeira parte da estadia em Árcon I é ao mesmo tempo interessante e anticlimática, como já destaquei anteriormente. Nós esperamos muito tempo para conhecer este lugar, mas o autor não está nem um pouco preocupado em fazer uma verdadeira apresentação do espaço, pois existem coisas muito mais importantes do que um turismo pelo lar de Thora e Crest. Esse primeiro contato com Árcon I, portanto, é rápido, simples e com o maior gosto possível que “quero mais“. Todavia, a gente já consegue ter alguma noção das ideias, da grandeza e das maravilhas inventadas pelos arcônidas em seu planeta. A quebra com essa breve visita (que conta com uma engraçada e agora bem organizada invasão à casa do Governador Geral) encaminha os terranos e os dois arcônidas para um contato que os levará para Árcon III, onde toda a cena final do livro se passa.

Esta é a parte da obra onde K. H. Scheer parece estar mais à vontade e sobre a qual parece gostar mais de escrever. Ele dá detalhes até meio chateantes sobre a produção da grandiosa nave que Rhodan irá roubar, fala dos robôs de guerra, fala da rotina de preparação e todos os seus meandros possíveis. Este é também um momento para que o leitor tenha mais detalhes a respeito do alcance e atitudes do cérebro positrônico, e também para que veja os bastidores de toda a máquina de guerra encontrada na chegada dessa parte da Galáxia. A finalização marca um novo momento para os tripulantes: um momento de fuga de um robô que controla um dos maiores exércitos da Via Láctea. Não será uma luta fácil.

Sim, era este o grande segredo que Crest e Thora guardaram por 13 anos: Árcon é um mundo formado por três planetas, um mundo de maravilhas técnicas. Foi só graças ao transmissor fictício vindo do planeta Peregrino que Perry Rhodan teve a possibilidade de visitar o mundo dos milagres. Mas, para sair de Árcon, teve de recorrer a um estratagema. Perry Rhodan e seu grupo conseguiram escapar ao cérebro positrônico, mas será que recuperaram a liberdade de ação? LUTA CONTRA O DESCONHECIDO, o novo volume da série, oferecerá o relato fascinante das novas aventuras dos astronautas terranos. 

Perry Rhodan – Livro 39: O Mundo dos Três Planetas (Die Welt der drei Planeten) — Alemanha, 1º de junho de 1962
Autor: K. H. Scheer
Arte da capa original: Johnny Bruck
Tradução: Richard Paul Neto
Editora no Brasil: Ediouro (1976)
182 páginas

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