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Crítica | Perry Rhodan – Livro 40: Luta Contra o Desconhecido, de Clark Darlton

Matando gosmas telepáticas.

por Luiz Santiago
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Grande Ciclo: Via Láctea — Ciclo 1: A Terceira Potência — Episódio: 40/49
Principais personagens: Perry Rhodan, Reginald Bell, Thora, Crest, Ras Tschubai, Tako Kakuta, Hemor, Demesor, John Marshall.
Espaço: Planeta Zalit.
Tempo: Junho de 1984.

Luta Contra o Desconhecido tem um título muito mais pomposo do que propriamente condizente com a importância que sugere ter. É verdade que a ação aqui possui notabilidade e todo o perigo mostrado de forma mais intensa em O Mundo dos Três Planetas ainda está ativo e deixa os terranos em perigo ainda maior. Entretanto, esta não é uma narrativa de grandes lutas ou até mesmo de planos inteligentes e difíceis de se executar. É um daqueles capítulos escritos por Clark Darlton em que algo importante é apresentado, mas ele usa o livro para “arrumar a casa“, ou seja, colocar mocinhos e vilões em seus devidos postos; fazer com que uma boa preparação aconteça (e ele consegue passar muito bem essa sensação) e tocar em alguns pontos que normalmente são escanteados quando existe muita ação em cena, como o contato com a Terra e o desenvolvimento de personagens, como vemos acontecer brevemente com Thora e Crest nesse livro — o que para mim foi uma boa e inesperada surpresa, pois não esperava que algo diferente ainda fosse sair desses dois.

Após roubar a colossal nave Titan do controle positrônico que agora governa o Império Arcônida, Rhodan e sua equipe conseguem um lugar para se esconder a alguns poucos anos-luz daquele Sistema Solar. Ele não volta para a Terra por medo de conduzir a atenção do cérebro para o planeta e deixar as coisas muito mais difíceis para os terranos. É uma estratégia já esperada, vinda de Rhodan, que sempre opta por resguardar o seu planeta natal e descobrir a origem dos problemas, talvez até uma resolução diplomática para o conflito que tem em mãos. A estadia no planeta Zalit dá ao chefe da Terceira Potência muito mais coisa para pensar. Ali ele conhece Demesor, o chefe dos zalitas, e recebe uma proposta que aparentemente combina com o que pretende fazer, mas parece que algo não se encaixa bem. E não é apenas o comportamento estranho de Demesor, mas também a presença de umas criaturas chamadas Moofs, “medusas” achatadas com certa aparência de polvo que possuem um leve poder ‘sugestor‘ e também telepático, estando (e isso Rhodan só descobre depois) a serviço de alguém ou alguma coisa ainda mais forte.

Luta Contra o Desconhecido não é o que podemos chamar de “livro parado”, mas a mudança no tom da ação em comparação ao volume anterior é certamente sentida pelo leitor, e é verdade que quando as naves não estão em movimento e quando não existe uma grande ação prática acontecendo, somos afetados por uma sensação de que tudo está andando de forma estranha, mais devagar do que deveria, em um contexto como esses. Não desgostei de nenhum momento da história, mas para mim, ela não consegue ser impressionante ou se elevar em grandes ideias em nenhum momento. Gosto bastante dos exercícios de reconhecimento da Titan, mas o autor começa dando alguns bons detalhes da nave e depois desiste deles, limitando-se a informar nomenclatura de corredores. Depois, a conversa de Thora com Rhodan sobre tornar-se uma terrana; e a conversa de Crest e Haggard sobre a possibilidade da regeneração celular através da medicina me chamou bastante a atenção. Estou muito curioso para ver como essa ideia da vida eterna irá voltar à série, empurrando-a para uma esfera meio mística ou simbólica que envolve as histórias com AQUILO e que me agrada muito.

Em uma saga grande como a de Perry Rhodan, livros como Luta Contra o Desconhecido possuem um papel muito importante. Eles servem para que o leitor lembre-se de algumas coisas e se acostume melhor com novos cenários, com alguns personagens ou até mesmo com alguns novos direcionamentos morais dos indivíduos, antes de partir para uma nova fase mais intensa que claramente está se armando. Darlton deixa uma porção de pontas promissoras para serem puxadas nos próximos livros, indicando o futuro de alguns personagens e planos perigosos para que a Terceira Potência se livre de mais esse problema. Um problema que pode ter consequências para toda a galáxia se Rhodan não conseguir vencer ou convencer o cérebro positrônico de que ele está agindo “em favor dos arcônidas”. Aliás, este é um conflito moral que eu ainda não consigo resolver tendo como base apenas este livro. O que é melhor nessa situação? O governo de um cérebro positrônico apaziguado e reconhecendo a autoridade local e a parceria com Rhodan ou o governo de arcônidas ou de outras raças por eles colonizadas, mas que podem ser tão tiranas ou cometer tantos erros quando o cérebro?

Os astronautas da Terceira Potência conseguiram enganar o gigantesco cérebro positrônico que governa Árcon, e ainda se encontram de posse da Titan, mas a LUTA CONTRA O DESCONHECIDO representou uma prova flagrante de que é muito importante ser amigo, não inimigo do cérebro positrônico… Como será que Perry Rhodan consegue isso? Em O ALIADO DO GIGANTE, Perry Rhodan revelará a resposta.

Perry Rhodan – Livro 40: Luta Contra o Desconhecido (Aktion Gegen Unbekannt) — Alemanha, 8 de junho de 1962
Autor: Clark Darlton
Arte da capa original: Johnny Bruck
Tradução: Richard Paul Neto
Editora no Brasil: Ediouro (1976)
169 páginas

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