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Crítica | Perry Rhodan – Livro 41: O Aliado do Gigante, de Clark Darlton

Reconhecimento de liderança.

por Luiz Santiago
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Grande Ciclo: Via Láctea — Ciclo 1: A Terceira Potência — Episódio: 41/49
Principais personagens: Perry Rhodan, Reginald Bell, Demesor, Rogal, Zernif, John Marshall, Gucky, Wuriu Sengu, Kitai Ishibashi.
Espaço: Planeta Zalit.
Tempo: 1984 (em algum momento de junho ou após esse mês).

Uma grande diferença de eventos e de qualidade geral no enredo separam Luta Contra o Desconhecido deste O Aliado do Gigante. Enquanto no outro livro o escritor Clark Darlton se dedicou a preparar o terreno para eventos mais intensos que viriam a seguir (padrão que, a esta altura do campeonato, já é fácil perceber que acontecerá na série a cada grupo de volumes), aqui ele parte diretamente para a ação, realizando uma crescente do drama de Perry Rhodan e sua tripulação em Zalit, que chega a um clímax sensacional e termina em uma das melhores notas possíveis. O ato inicial, mostrando o revoltoso Rogal protagonizando um ataque frustrado ao zarlt Demesor, inicia o livro de forma morna, numa construção textual e numa sequência de eventos que nos lembram bastante o volume predecessor. Porém, logo após essa abertura — que realmente dá uma sensação de imediata continuidade –, o texto de Darlton muda de tom.

A melhor coisa deste ponto da narrativa é certamente a abordagem de um assunto que eu particularmente pensei que ainda demoraria muito para se resolver. Imaginei até que seria jogado bem mais para frente no grande ciclo da Via Láctea. E mesmo sendo verdade que não existe aqui uma resolução completa deste assunto, porque o cérebro positrônico de Árcon não nomeia, com todas as letras, Rhodan como comandante da Titan, é absolutamente perceptível que isso deve acontecer logo mais. O fato é que, ainda na reta inicial do livro, o comandante da Terceira Potência se prepara para entrar em contato com o robô regente e provar para ele, através de uma discussão lógica, que é seu aliado e que merece ter a nave Titan em sua posse. Este é um tipo de discussão que sempre me chama muito a atenção (diferentes pensamentos racionais em ajuste de pontos de vista) e chegou a me lembrar do mesmo embate lógico entre os Visões no episódio final de WandaVision, ou, pensando mais exatamente na saga de Perry Rhodan, as conversas do protagonista com o Ser AQUILO.

O bloco de conversa de Rhodan com o “robô regente” tem a duração certa e é conduzido de maneira exemplar pelo autor. Quando passamos da morna fase inicial do livro, ele toma fôlego e começa a criar expectativa de forma compassada e muito bem estruturada, amarrando todas as pontas que deixou aberta do livro anterior e dando a possibilidade de imaginarmos os próximos passos, que serão bem difíceis. Ou seja, não existe realmente um mistério aqui. As coisas são colocadas de forma clara: o cérebro positrônico precisa se convencer de que Rhodan é aliado do império e, para provar isso, ele vai ajudar a derrubar o ditador de Zalit, que está sendo manipulado pelos Moofs, e que, por sua vez, estão sendo manipulados por mais alguém que ainda não sabemos — mas já foi citada a possibilidade de serem os Saltadores, então não estranharei nada se realmente for, até porque faz sentido mesmo.

Todo o bom desenvolvimento do livro deságua em um ato final que eu não via na série desde o livro 37, O Planeta Louco, também escrito por Darlton. No presente volume, ele consegue mostrar uma derrubada de poder e uma luta interna diferente das que a gente já teve na série, como em Os Rebeldes de Tuglan, por exemplo. É uma história que nos conquista pela destreza com que apresenta a ameaça e pela maneira cuidadosa com que trabalha todo o plano de ataque e defesa dos terranos. E notem que não se trata de um plano complexo nem nada muito detalhado ou altamente inteligente. A ação é muito simples, até. Mas é aquela coisa: quando bem escrito e aproveitado a favor do texto, qualquer clichê narrativo se torna uma delícia de acompanhar.

Como cereja do bolo, o autor termina o volume com o início de oficialização para algo romântico entre Rhodan e Thora, que, para minha surpresa, não parece deslocado da narrativa e combina perfeitamente com tudo o que está sendo desenvolvido aqui. Foi uma das poucas vezes que eu vi uma virada romântica aparecer em uma narrativa onde este não é o foco, e não torci o nariz para o tratamento que isso teve em meio a outro foco dramático. Claro que problemas em relação a isso podem aparecer no futuro. Mas pelo menos na apresentação declarada e direta para a tal questão (digo isso porque a possível paixão entre os dois já está sendo pincelada há algum tempo nos livros da série), não há nada negativo para dizer a respeito. Teremos casamento em breve? Quem serão os padrinhos? O casamento será em Terrânia? Em Árcon? Muitas dúvidas começam a aparecer e eu quero todas respondidas até o fim desse primeiro ciclo!

O regente positrônico de Árcon reconhece Perry Rhodan como aliado, embora com alguma restrição, e assim legaliza a transferência da Titan para as mãos dos terranos. A perigosa missão, que Rhodan e seu corpo de mutantes receberam do regente e do Império, ainda não havia terminado, embora a ordem antiga já tivesse sido restabelecida em Zalit. A nova aventura de Rhodan conta como a Titan foi vítima de uma cilada no espaço. Em S.O.S.: ESPAÇONAVE TITAN o imprevisível acontece.

Perry Rhodan – Livro 41: O Aliado do Gigante (Der Partner des Giganten) — Alemanha, 15 de junho de 1962
Autor: Clark Darlton
Arte da capa original: Johnny Bruck
Tradução: S. Pereira Magalhães
Editora no Brasil: Ediouro (1976)
158 páginas

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