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Crítica | Perry Rhodan – Livro 44: O Homem e o Monstro, de K. H. Scheer

O produto do laboratório ataca e o mistério dos moofs encontra sua solução.

por Luiz Santiago
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Grande Ciclo: Via Láctea — Ciclo 1: A Terceira Potência — Episódio: 44/49
Principais personagens: Perry Rhodan, Gucky, Almirante Vetron, Major Chaney, Dr. Orson Certch, Trorth, Capitão Marcus Everson
Espaço: Planeta Planeta Moof VI
Tempo: 1984

O Homem e o Monstro talvez tenha sido o livro com uma escalada mais rápida de acontecimentos que eu li em Perry Rhodan até o momento. Muitas coisas importantes acontecem nessa aventura, e a maneira como o escritor K. H. Scheer expõe esses acontecimentos nos faz lembrar de algumas missões muito tensas escritas pelo autor em volumes anteriores da série, especialmente em Batalha no Setor Vega. Um ponto interessante nesse volume é que a narrativa não começa com a indicação de que o livro será intenso, muito pelo contrário. Há uma atmosfera básica e simples, de finalização de arco, que até frustra um pouco o leitor, imaginando que algumas coisas serão abandonadas da narrativa central e Perry, juntamente com sua tripulação, irá seguir para outro caminho, embarcando em uma nova missão. Os editores da saga, porém, fizeram uma boa estruturação desse arco e utilizaram a parada em Árcon, mais a nova conversa com o cérebro positrônico, apenas como um meio do caminho para algo verdadeiramente intenso.

A aparição do Dr. Orson Certch, neste livro, foi algo que só se tornou possível num contexto como este, onde Bell, Thora e a quase totalidade dos mutantes estão doentes, sofrendo de “hipereuforia”. E convenhamos, um profissional com o título de “psicólogo de robôs” é alguém que chama a atenção desde o início, e o homem realmente faz jus à fama. O autor faz com que esse indivíduo seja engraçado (pela sua maneira de falar) e ao mesmo tempo respeitado, a figura do cientista que tem modos rudes com quase todo mundo, mas é um profissional muito bom no que faz e acaba se tornando alguém muito requisitado e, como bônus, um certo alívio cômico (com alguma tensão) nas cenas em que aparece. Gosto muito da habilidade do Dr. Certch e de como ele é capaz de dar conselhos lógicos para Rhodan, ajudando, inclusive, a narrativa do livro, tornando mais claras para o leitor algumas ideias que só seriam descritas como parte do processo de pensamento do chefe da Terceira Potência.

Foi só a partir dos conselhos de Certch que eu me tranquilizei com a ideia de Rhodan voltar, com a Titan, para o espaço de Árcon e apresentar “oito doentes” para o cérebro positrônico, a fim de tentar uma cura. O enredo, nesse momento, é marcado por uma tensão muito forte, porque o regente pode a qualquer momento agir de maneira hostil em relação aos terranos, sem contar que ele pode descobrir que existem, na verdade, 700 doentes dentro da nave. Se isso acontecer, Rhodan perde o status de aliado forte do Império e muito provavelmente será forçado a entregar a Titan. A preparação que se dá, nessa sequência, para a futura visita ao planeta Moof VI, deixa o leitor bastante tenso. Quanto mais se aproxima da ida para a terra das “medusas sencientes”, o livro vai ganhando corpo e se tornando progressivamente mais interessante, apesar de manter o enredo sem alterações muito bruscas de ritmo.

Isso acontece, de maneira astronômica, pouco tempo depois da chegada da Titan ao fatídico planeta tóxico. E é como eu disse no início da crítica: fez com que esse livro se tornasse a maior escalada de eventos que eu já li na série. Tudo é muito rápido, muito divertido, intenso e com um nível de ameaça real, algo que não víamos na série há um tempinho. A aparição de duas espécies antagonizando os terranos, as estranhas mensagens mentais que recebiam e que chegaram a derrubar Gucky (!), a descoberta da base dos Aras e a fantástica reviravolta ético-moral que encontramos ao final do volume são pontos que deixam o leitor de olhos arregalados. Quando o moof de nome Trorth diz a Rhodan quem eram os moofs que eles mataram aos montes em Zalit, meus olhos se encheram de lágrimas. Eu realmente não estava esperando uma conclusão desse arco dos moofs com uma porrada e uma mudança completa de percepção dessas, mas foi exatamente o que aconteceu. Meu desejo agora é ver o encontro da tripulação da Titan com os farmacêuticos-mercenários-cientistas galácticos, os Aras, que fabricaram a toxina que está matando 700 pessoas na nave. Rhodan está com “sangue nos olhos“. Os Aras que se cuidem.

Mesmo no encontro de homens que falam a mesma língua às vezes não se consegue evitar a ocorrência de enganos que levam a conflitos trágicos. É claro que, no primeiro encontro entre o homem e o monstro, a probabilidade da ocorrência de um conflito trágico é muito maior, já que este constitui um resultado natural do desconhecimento mútuo. De qualquer maneira, os homens que pousaram no planeta Moof tiveram de aceitar uma lição amarga. Em ARALON, O CENTRO DE EPIDEMIAS, acontece exatamente o contrário. Serão os terranos que darão uma lição aos Aras.

Perry Rhodan – Livro 44: O Homem e o Monstro (Der Mensch und das Monster) — Alemanha, 07 de julho de 1962
Autor: K. H. Scheer
Arte da capa original: Johnny Bruck
Arte da capa utilizada nesta crítica: Gray Morrow (Beware the Microbots, Ace Books, 1973)
Tradução: Richard Paul Neto
Editora no Brasil: Ediouro (1977)
171 páginas

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