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Crítica | Perry Rhodan – Livro 47: Gom Não Responde, de Kurt Mahr

Livrando-se de um infortúnio.

por Luiz Santiago
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Grande Ciclo: Via Láctea — Ciclo 1: A Terceira Potência — Episódio: 47/49
Principais personagens: Reginald Bell, John Marshall, Ivan Ivanovitch Goratchim, Betty Toufry, Tako Kakuta, Ras Tschubai, Wuriu Sengu, Kitai Ishibashi, Tama Yokida.
Espaço: Planeta Gom
Tempo: Final de Outubro a início de Novembro de 1984

Gom Não Responde é um típico “livro de passagem“. Se fizesse parte de um romance do tipo tijolão, facilmente representaria um bloco interno, um grande capítulo. Nesta aventura, o escritor Kurt Mahr narra o que aconteceu com Bell e os mutantes que o acompanhavam na nave Gazela, após caírem no planeta Gom, puxados por uma força que até então não conseguiam explicar. Em termos de construção do drama, esta é uma disposição de exploração ou de “náufrago” em mundo desconhecido já bastante conhecida na série, tanto em nosso Sistema Solar (vide as duas passagens da Terceira Potência pelo segundo planeta, a primeira em Base em Vênus e a segunda, num arco bem maior de ação, iniciada em Ameaça a Vênus) quanto fora dele, começando pela primeira visita externa da Terceira Potência a um lugar fora de seu sistema, no caso, ao Planeta Rofus, em Batalha no Setor Vega.

Ou seja, este tipo de enredo é algo que o autor e outros de seus colegas da série já exploraram com bastante intensidade, e sempre vou repetir que este é o tipo de aventura que garante excelentes momentos de tensão e expectativa, porque traz um perigo da natureza local que é completamente desconhecido do leitor e dos personagens, garantindo uma miríade de surpresas, hipóteses e aprendizado. Em alguns casos, como no bloco de aventuras em Vênus, no Sistema Vega, e em Gol, Peregrino ou Honur (só para citar algumas das muitas visitas do tipo), há uma grande quantidade de coisas em jogo, de modo que a presença nesses lugares acaba servindo muito mais à narrativa externa da saga do que à essa própria trama de isolamento — que obviamente pode ser apreciada à parte, mesmo não sendo a principal coisa em jogo. Já em livros similares a Gom Não Responde, a trama é exclusivamente fechada, serve bem ao seu propósito de entreter naquele lugar… e fim.

Embora seja melhor escrito que Projeto Aço Arcônida, o presente volume chega ao mesmo patamar porque não cresce em importância. Ele mostra “apenas” os infortúnios dos terranos isolados em Gom, a luta contra as “gosmas de verniz” e contra os Bios enviados pelos Aras para destruí-los. Sem contar as tempestades e a pressão atmosférica opressiva, que os obriga a engatinhar para movimentar-se. Em dado momento da leitura eu comecei a rir, porque essa situação da equipe é muito similar a diversos sonhos ruins que muitos de nós já tivemos: não conseguindo falar ou se mover direito para fugir de um perigo. Essa luta em Gom passa por diferentes estágios, começando com a exploração dos terranos ao local — entrando aí o conhecimento de uma caverna e de instalações artificialmente construídas no subterrâneo — e terminando no embate direto contra centenas de Bios, mais a parede colossal de um Supergom, que tinha ordem direta para destruir “os estranhos“. É o tipo de briga com tantas idas e vindas que acaba não dando em nada, porque a cada momento definitivo, algo diferente acontece e muda o rumo de toda a situação.

O lado positivo dessas mudanças é que Kurt Mahr é um autor muito competente em usar válvulas de escape sem forçar a barra e sem inserir um Deus Ex Machina a cada par de capítulos. Vejam como ele “reserva” alguns mutantes já no início do livro, colocando-os sob o poder dos Gons, e só os liberta no final, dentro de uma concepção que é bastante orgânica e não foge ao esperado. Claro que o momento da libertação é conveniente, mas não é incoerente, o que basta para validar a escolha — sem contar que as várias frentes de ação tornam o ato final interessantíssimo, com Tako pilotando a nave dos Aras, os mutantes capturados no início, voltando à ativa e o restante fazendo o que podem para evitar a morte. A isso, vale somar a boa narrativa em paralelo e em retrospecto, sem uso de elipses nas passagens entre os atos, uma abordagem diferente na série, iniciada de maneira leve em S.O.S – Espaçonave Titan e que parece ser uma orientação fixa da editoria geral.

A chegada salvadora da Titan, ao final do livro, é escrita de maneira fluída, com um ritmo e uma sequência de ações que, novamente, não desrespeita a inteligência do público e lida muito bem com os problemas em andamento. Gosto bastante do final cômico e amigável, assim como da abertura para a enorme batalha que se avizinha. Afinal de contas, a Terra — ou algum terceiro planeta do Sistema Beta — está em perigo mortal. E nas duas ocasiões, Rhodan e sua equipe terão muito trabalho a fazer.

Os cientistas da Titan gostariam muito de fazer pesquisas mais profundas sobre os misteriosos Gons, que por um triz não destruíram Bell e seus companheiros. Perry Rhodan permaneceu firme na sua opinião. Sabia que não podia retardar sua volta à Terra. Teria de articular um ardil de dimensão cósmica, ardil este que é ainda o último recurso para tentar salvar a Terra da destruição. O objetivo é convencer os atacantes de que a Terra seria o terceiro planeta do Sistema Beta. Os detalhes emocionantes desta incrível estratégia serão narrados em O OLHO VERMELHO DO SISTEMA BETA

Perry Rhodan – Livro 47: Gom Não Responde (Gom antwortet nicht) — Alemanha, 27 de julho de 1962
Autor: Kurt Mahr
Arte da capa original: Johnny Bruck
Tradução: S. Pereira Magalhães
Editora no Brasil: Ediouro (1977)
170 páginas

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