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Crítica | Perry Rhodan – Livro 48: O Olho Vermelho do Sistema Beta, de Clark Darlton

A volta dos que não foram.

por Luiz Santiago
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Grande Ciclo: Via Láctea — Ciclo 1: A Terceira Potência — Episódio: 48/49
Principais personagens: Perry Rhodan, Gucky, John Marshall, Al-Khor, Major Deringhouse, Major McClears, Wor-Löck.
Espaço: Sistema Beta (ou Betelgeuse); Planetas Betelgeuse III e Betelgeuse IV
Tempo: Final de 1984

Quem diria que, depois de um livro de exploração de território selvagem em Perry Rhodan, teríamos um outro com a mesma pegada narrativa, não é mesmo? Mas foi justamente o que aconteceu aqui: após a aventura isolada de Gom Não Responde, a série nos trouxe O Olho Vermelho do Sistema Beta, que, em essência, tem o mesmo princípio que o livro que o antecedeu: um grupo de terranos em um planeta desconhecido, passando pelos maiores perrengues possíveis e tentando salvar-se, ao mesmo tempo que estão envolvidos em uma sequência de eventos muito mais intensa e interessante. Enviados por Perry, Bell e todo o comando geral da Terra, uma parte do Exército de Mutantes e um Gucky clandestino, desobedecendo uma ordem direta de Rhodan, precisam criar um teatrinho civilizacional para enganar os Saltadores. E aqui, acho importante abrir um parênteses: eu não estou gostando nada do que estão fazendo com Gucky nos últimos livros.

Esse negócio das apostas do personagem é um pé no saco; a ideia de forçar as pessoas a coçarem o seu pelo por um certo número de horas me parece a coisa mais idiota que poderiam ter inserido na série e, desde aquele episódio com o Ara no elevador, narrado em Aralon, o Centro de Epidemias, ele vem desobedecendo ordens diretas de seu chefe em comando. Isso é absolutamente inaceitável. No caso de Aralon, eu até entendi o princípio, e mesmo não tendo gostado e nem aceito a “justificativa” (Rhodan tinha ordenado a suspensão do homem do poço do elevador e isso deveria ser feito. Depois: NÃO foi suicídio, foi um acidente!), considerei os pensamentos enraivecidos e Thora e o número bem grande de circunstâncias atenuantes que tornaram aquela desobediência menos problemática. Ainda assim, acho que Rhodan deveria ter punido o rato-castor. Agora, de maneira mil vezes pior, ele não fica em Terrânea e embarca clandestinamente em uma das naves que vai até Betelgeuse III. E o que temos como resposta? Essa desobediência sendo desculpada e tratada como comédia, simplesmente pelo fato de Gucky ser muito útil.

Acho esse tipo de escolha péssima. Sim, Gucky é um personagem incrível e muito poderoso, mas por que diabos, então, não o escalaram oficialmente para a missão? Em vez disso, criaram mais uma desobediência à ordem do chefe da Terceira Potência e trataram o problema apenas pelo viés da funcionalidade do mutante (que nunca foi questionada por ninguém, aliás!). Estão conseguindo tornar Gucky um personagem cada vez mais problemático, em sua dinâmica de grupo. Já não bastavam as birras chatas que ele estava tendo com Bell, a partir do meio desse ciclo. No começo, colocar Bell no teto da nave era um evento até divertido, mas era coisa de alguns segundos, apenas. Passagens em volumes posteriores, porém, nos indicaram que Gucky fez isso por HORAS com o braço direito de Rhodan! Um oficial dessa importância tem muito mais coisa para fazer do que ficar no teto da nave por um capricho cômico, vocês não acham? Ao que parece, essa chatice já foi superada. Agora, temos uma outra chegando… Rogo aos deuses para que nos próximos volumes os autores mudem a abordagem para Gucky, antes que ele se torne progressivamente insuportável.

Em Beta III (também chamado de Betelgeuse III ou Terra II) , o terceiro planeta do Sol de mesmo nome, a equipe de terranos precisa criar uma aparência de colonização, mas por insistência de Deringhouse, acabam verificando também a vida no Planeta IV (Aqua) do Sistema, dando de cara com uma colônia de ninguém menos que os Tópsidas, as lagartixas guerreiras que conhecemos em Batalha no Setor Vega. Eu estava gostando do plano improvisado até que foi descrito como “pensado por Perry Rhodan desde o início“. O que foi que aconteceu com Clark Darlton neste livro? Por qual motivo ele resolveu esconder que esta era a intenção, aqui? Antes, quando Rhodan tinha um plano secreto, ele era oculto apenas dos personagens, não do leitor. Agora, ao mudar a base de narração, o autor errou a mão, jogando com uma coincidência muito absurda. Eu até concordo com a ideia de que “cérebros lógicos pensam de forma muito parecida“, mas daí até todo o contorno de um plano espelhar o que o grande chefe de Terrânea tinha pensado desde o início… é demais para mim.

A despeito desses grandes impasses, a obra me pareceu divertida a maior parte do tempo. Já revelei em críticas anteriores o meu apreço por esse tipo de narrativa aventuresca, e aqui ela é abordada com algumas boas novidades e uma nova espécie para a grande lista (me lembrou até de uma outra, natural de Vênus — da qual esqueci o nome –, que Marshall, Rhodan e mais alguém usa como carona). A prisão dos Tópsidas é bacana, assim como a relação crítica deles com os terranos. Eu tive dificuldade de imaginar a cena de libertação de Tifflor e McClears — a parte da tampa e da porta, o que deveria se soltar, a fenda pela qual eles deveriam passar, tudo me pareceu bem confuso –, mas toda aquela ação com os Aquas me divertiu bastante. Até o fascínio de Gucky com seu banho de mar me deixou com um sorriso no rosto. Em O Olho Vermelho do Sistema Beta, temos um livro básico com ações que são bastante importantes para o futuro. Confesso que esperava muito mais do penúltimo livro do ciclo A Terceira Potência, mas ele tem sua graça e pelo menos estabelece com sucesso um cenário de guerra para algo grandioso logo a seguir, com título chocante e tudo: A Morte da Terra.

A surpreendente descoberta de que os tópsidas, velhos inimigos da Humanidade, tinham pontos de apoio no Sistema Beta, foi incluída estrategicamente na gigantesca manobra de camuflagem de Perry Rhodan. Será que os tópsidas continuarão o jogo, depois que as frotas dos Saltadores e dos Aras aparecerem? E Topthor, que já viu com os próprios olhos o Sol da Terra! Será que ele não vai reconhecer, assim que vir o enorme Sol Beta, que a positrônica o levou a um alvo errado? Em A MORTE DA TERRA, Topthor é a figura central de mais uma aventura de Perry Rhodan. 

Perry Rhodan – Livro 48: O Olho Vermelho do Sistema Beta (Rotes Auge Beteigeuze) — Alemanha, 3 de agosto de 1962
Autor: Clark Darlton
Arte da capa original: Johnny Bruck
Tradução: S. Pereira Magalhães
Editora no Brasil: Ediouro (1977)
156 páginas

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