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Crítica | Perry Rhodan – Livro 53: Os Condenados de Isan, de Kurt Mahr

Um planeta condenado pela guerra nuclear.

por Luiz Santiago
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Grande Ciclo: Via Láctea — Ciclo 2: Atlan e Árcon — Episódio: 53/99
Principais personagens: Ivsera, Irvin, Havan, Killarog, Thér, Feriar, Belal, Malanal, Perry Rhodan, John Marshall, Laury Marten, conde Rodrigo de Berceo.
Espaço: Planeta Isan
Tempo: 2040

A última vez que eu li um volume regular em Perry Rhodan foi na primeira fase do ciclo inicial da série, mais especificamente o livro dezesseis, Os Espíritos de Gol, que curiosamente (ou não) também foi escrito por Kurt Mahr, o autor da saga que, muito mais do que seus colegas, tende a dar algumas derrapadas narrativas. É claro que os livros possuem princípios problemáticos diferentes, mas esse aqui consegue ser mais frustrante pela cadência narrativa em que se encontra, ou seja, num momento bastante importante, intenso e chamativo do ciclo Atlan e Árcon, que está apenas começando.

Eu deixei bem claro na minha crítica de O Pseudo, que não achava uma escolha interessante essa parada de Rhodan em Isan, após a saída dramática que fez de Tolimon. É evidente que entendemos o pensamento dos criadores da série para isso, mas existem diferentes modos de se criar uma pausa narrativa em uma saga, não é? E o que mais pesa aqui é que estamos diante de um conflito que se resolve isoladamente e não tem nenhum tipo de ligação imediata com a linha principal de eventos, dando à parada toda a cara e todas as cores de enrolação. Encontramos sim algumas páginas que trazem boas cenas de fuga, perseguição, ataque e alguns perigos que fazem a gente olhar com mais atenção para o texto (especialmente porque Gucky está fora de campo, após cair em uma armadilha mecânica e se ferir gravemente), mas as coisas não vão muito além dessa linha simples.

Algo interessante do livro é que Isan assume a clara representação da Terra se a Missão Stardust não tivesse encontrado os arcônidas na Lua e mudado, a partir de então, todo o rumo da humanidade. A história, em si, é bastante triste. Um planeta destruído por uma guerra nuclear e os porões povoados pelo que sobrou das pessoas nesse inferno atômico (na minha cabeça vinham muitas cenas do filme Cartas de um Homem Morto); uma população em choque, má vestida, subnutrida e entrando no patamar da fome. Além disso, há disputas entre grupos humanos de diferentes porões, e é nesse contexto que, lá pela metade do livro, Perry Rhodan entra em cena. No todo, a participação dos humanos é parcialmente interessante e por mais que se esforce, o autor não consegue transformar todo esse ambiente em algo tão bom a ponto de a gente verdadeiramente se importar com os novos personagens.

Pelo menos foi a oportunidade perfeita para se livrarem do chato do Rodrigo de Berceo, que morreu, alvejado por tiro de um nativo rebelde. O amor de Laury por ele simplesmente acabou e se transformou em amizade, algo que aconteceu em elipse e do qual a gente só tem descrição — o que não uma boa escolha, mas se considerarmos que não deveria nem ter acontecido, entendemos que é a finalização ruim para algo que começou ruim. E falando em relações amorosas, é impossível não apontar um dos momentos mais nojentos do livro, com uma fala terrivelmente machista (mesmo considerando o contexto dos anos 60) de Rhodan para Ivsera, uma química do planeta que acaba se engraçando com outro jovem dos abrigos. Levemos em conta que Rhodan, nesse momento, é o líder do Império Solar, já se viu diante de inúmeras raças alienígenas, já se encontrou com O Imortal, esteve em diversos planetas, mas ainda acha que a mulher é um ser emotivo por natureza e precisa de um homem para lhe trazer à razão. A fala é essa aí debaixo.

Não quero interferir em sua vida privada, mas acho bem provável que a senhora sinta falta de um homem que, vez por outra, lhe endireite as ideias e lhe mostre como realmente são as coisas.

A melhor parte do livro está em seus momentos finais, quando chega uma grande nave da Terra, chamada por Rhodan, e traz mantimentos para alimentar a população de Isan por 100 anos, em outras palavras, até que a radiação da superfície baixe a níveis não letais aos nativos. É uma ajuda providencial e toca o leitor pelo caráter humanitário que tem e pelos benefícios que trará a todo um planeta. A notícia recebida por Rhodan nessa ocasião também é muito boa (apesar de preocupante), e força o líder da Terceira Potência a tomar uma iniciativa em relação à posição escondida da Terra, até o momento. Depois de um livro inteiro com migalhas de coisas interessantes e tendo que lidar com personagens e situações que não entram na nossa lista de preocupação, finalmente a narrativa volta para a linha que exibe acontecimentos relevantes para a série, dando sequência a um perigo que já vinha sendo gestado. No todo, Os Condenados de Isan é um livro medíocre, alternando entre alguns momentos bacanas e um restante de enredo que preferíamos não ter que ler a esta altura da série.

Após solucionar o problema Isan, Rhodan terá de pensar com todo o cuidado no futuro da Terra, pois Árcon a está procurando… Em O DUELO, título do próximo volume, Perry viverá outra estupenda aventura.

Perry Rhodan – Livro 53: Os Condenados de Isan (Die Verdammten von Isan) — Alemanha, 7 de setembro de 1962
Autor: Kurt Mahr
Arte da capa original: Johnny Bruck
Tradução: Richard Paul Neto
Editora no Brasil: Ediouro (1977)
176 páginas

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