Home Diversos Crítica | Perry Rhodan – Livro 55: A Sombra do Supercrânio, de Kurt Brand

Crítica | Perry Rhodan – Livro 55: A Sombra do Supercrânio, de Kurt Brand

Sinal de alarma para a Terra: os mutantes traidores atacam.

por Luiz Santiago
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Grande Ciclo: Via Láctea — Ciclo 2: Atlan e Árcon — Episódio: 55/99
Principais personagens: Fellmer Lloyd, Jim Markus, Kuri Oneré, O-oftftu-O, Gregor Tropnow, Nomo Yatuhin
Espaço: Planeta Terra e Planeta Volat
Tempo: julho de 2040

Aventuras de espionagem sempre estiveram presente na série Perry Rhodan, mais precisamente, desde o sexto livro, O Exército de Mutantes. Todavia, foi apenas no meio do 1º Ciclo que os enredos com esse gênero se tornaram bem mais rigorosos na abordagem e muito mais amplos, trazendo consequências de peso para a Terceira Potência e, logo a seguir, para o Império Solar. No 2º Ciclo, podemos ver uma opção cada vez mais forte por narrativas que flertam com a espionagem e a investigação, principalmente no caso dos livros O Soro da Vida e O Pseudo. Aqui em A Sombra do Supercrânio, voltamos com força total a essa escolha textual, num livro que tira Perry e toda a cúpula do Império Solar de cena, na maior parte do tempo, e dá espaço para os agentes terranos trabalharem. Nesse caso, vemos o empenho de Fellmer Lloyd no planeta Volat, para onde foi após a Terra receber a mensagem “três toques de sino” de um outro agente espião no planeta.

Eu sei que tem gente que não gosta desses livros onde um membro ou grupo do Exército de Mutantes e da Força Militar da Terceira Potência se tornam protagonistas, e onde não há a presença marcante de nenhuma figura central da série. Mas isso não é novidade em PR, convenhamos. Vocês se lembram do primeiro bloco de histórias onde os autores realmente abraçaram tal ideia? Foi com Julian Tifflor, que sozinho, ou aliado a um pequeno grupo de militares (não mutantes) da Terra, tiveram importantes missões no Sistema Beta. Dali para frente, os livros com essa abordagem conseguiram relações muito mais interessantes junto à principal veia da saga, sem contar que as missões ganharam maior importância, dificuldade e real perigo. Fellmer Lloyd não é tão simpático quanto Tiff, mas consegue ser um personagem interessante o bastante para sustentar uma obra “nas costas”.

Kurt Brand (que aqui adota uma preparação da problemática que nos lembra muito o seu primeiro trabalhado na série, Levtan, o Traidor) cria um bom suspense ao colocar Fellmer Lloyd numa missão da qual ele tem apenas informações incompletas. Sabe que o agente anterior da Terra provavelmente está morto e que precisa descobrir o perigo reinante naquele lugar. Um perigo tão grande que impulsionou o agente a emitir o sinal máximo de emergência. É aquela narrativa que não nos deixa em paz por um só momento. Fellmer está o tempo todo em perigo e também planejando atacar, encontrando-se com grupos de raças diferentes e se aproximando de uma saltadora, alguém que o ajudará bastante no desenvolver da trama. Mesmo com o autor dando uns saltos muito grandes entre os capítulos, deixando um número considerável de ações acontecendo fora das páginas e nos dando apenas as consequências dessas ações (algo que sempre me irrita quando são coisas importantes, o que é o caso aqui), as cenas de grande movimentação são tão boas que compensam os problemas de desenvolvimento.

O final do livro traz cenas corridas e com exploração onde parece faltar parágrafos, e isso se dá principalmente na fuga de Fellmer. Ele logra se colocar a salvo, mas numa escalada de acontecimentos parcialmente incompletos: o autor não desenvolve bem o que ocorre nos principais pontos em torno do personagem, novamente, focando apenas nas consequências, como a morte do grupo contratado pelo terrano. A relação com o Supercrânio é sólida e simbólica, mas me deixou com o pé atrás. Rhodan realmente achou que podia confiar em dois antigos agentes desse grande vilão? Tudo bem, faz sentido pensarmos que o chefe do Império Solar pensasse em reinserção de antigos “criminosos” à sociedade, mas daí até dar a oportunidade desses homens trabalharem em planetas distantes me pareceu imprudência demais. Também vale dizer que as audiências de Fellmer com a “mãe onisciente” — rainha dos nativos de Volat — são igualmente uma parte interessantíssima do livro, e é uma pena que não tenha recebido mais atenção.

Ao que tudo indica, os problemas aqui apresentados são o início de uma pequena linha de eventos que, mais uma vez, podem colocar a Terra em risco, divulgando sua identidade para todos. Até quando o chefe do Império Solar irá conseguir manter o segredo do planeta, que o Universo acredita ter sido destruído há décadas?

Em OS MORTOS VIVEM, título da próxima aventura de Perry Rhodan, um fato inacreditável acontece… 

Perry Rhodan – Livro 55: A Sombra do Supercrânio (Der Schatten des Overhead) — Alemanha, 21 de setembro de 1962
Autor: Kurt Brand
Arte da capa original: Johnny Bruck
Tradução: Richard Paul Neto
Editora no Brasil: Ediouro (1977)
174 páginas

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