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Crítica | Perry Rhodan – Livro 56: Os Mortos Vivem, de Clark Darlton

O caminho para uma grande revelação.

por Luiz Santiago
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Grande Ciclo: Via Láctea — Ciclo 2: Atlan e Árcon — Episódio: 56/99
Principais personagens: Perry Rhodan, Gucky, André Noir, Fellmer Lloyd, Gregor Tropnow, Nomo Yatuhin, Mansrin, Talamon.
Espaço: Planeta Volat
Tempo: 2040

Este livro tem como principal função a revelação para o Robô Gerente de Árcon de que Perry Rhodan está vivo. Para tanto, Clark Darlton encontrou uma forma estranha de engajar Rhodan, Gucky e André Noir numa missão até o planeta Volat, fazendo uma ligação direta com os eventos de A Sombra do Supercrânio. Eu classifiquei como “estranha” a motivação encontrada pelo autor, porque ela tem a ver com Thora rebaixada a um papel patético, algo que eu não esperava e que me incomodou bastante. É decepcionante notar que a arcônida saiu de cena, nesse novo ciclo, para encarnar “a mulher do grande chefe”, algo bem diferente do destaque e da atuação dela, nas mais diversas frentes, durante o 1º Ciclo

Eu entendo que, mesmo em livros não serializados que se passam durante um largo espaço de tempo, alguns personagens acabam perdendo a importância, porque o Universo em questão sofre modificações. Isso é narrativamente compreensível. O problema é alguém ter tanto destaque, como Thora teve numa fase, e posteriormente, sem nenhum tipo de justificativa plausível, ser diminuída a bonequinha “recatada e do lar”, basicamente servindo como constante dor de cabeça para Rhodan e o Império Solar. Primeiro, ela precisou ser salva do envelhecimento, o que nos gerou toda aquela jornada contra os Aras, iniciada em O Soro da Vida. Por mais que fosse relativamente decepcionante, até porque Thora não teve sequer uma única fala naquele livro, era algo que nos fazia pensar em diversas justificativas. O que fica difícil de engolir é que a aparição seguinte da personagem seja em posição ainda pior, a de “donzela em perigo”. E esta não é qualquer personagem, não é mesmo? Se tem uma coisa que nunca combinou com Thora foi a posição de “donzela em perigo”.

Não tenho problemas com a probabilidade para o caso. Aliás, a ideia de sequestrar a esposa do líder do Império Solar é um baita movimento inteligente por parte dos mutantes traidores. A coisa se torna um problema quando Thora, antes tão ativa, não move uma única pena para nada aqui; sem contar que as duas linhas de fala que ela tem no livro são pura amenidade óbvia. Mas se o leitor, como eu, engolir o amargor dessa descaracterização da personagem, há de aproveitar o andamento da série neste volume. E isso sim, é interessante, independente da desculpa encontrada para que esse andamento se realize.

Gostei muito da sequência de abertura do livro, com Rhodan lidando com a questão dos Colonos Livres Associados (CLA). O fato de a Terra ser a metrópole de diversas colônias planetárias é uma discussão muito boa desse ciclo, levantada brilhantemente em O Duelo e retomada brevemente aqui. Mas Darlton não foca de verdade nessa questão, pois está preocupado em mandar Rhodan para Volat e dar início ao “retorno da Terra ao radar da Galáxia”, fazendo isso com um certo suspense.

Não há nada de verdadeiramente impressionante no desenvolvimento da trama, mas que ela é divertida, ah, isso é. O plano de Rhodan é simples e praticamente não encontra nenhum impedimento. Tudo o que ele quer fazer acaba sendo feito e a dinâmica de trabalho funciona muito bem entre ele, Noir e Gucky, que nesse volume ganha um amiguinho, um Purrense (felino gigante) chamado Gracinha, que ao fim de tudo é levado para Terrânia! A nossa maior curiosidade, aqui, é descobrir as consequências da descoberta da Terra. O autor até nos dá uma palhinha do que possivelmente está por vir, com os cientistas do Império Solar interpretando a mensagem do Robô Regente como um sinal de que as coisas vão mal para Árcon e de que a ajuda de Rhodan é necessária. Mais uma missão pela frente. 

Em tempo: a visão do autor para algo que ele chama de “costumes japoneses” é de um estereótipo tão ridículo que beira a um tipo paternalista de racismo, disfarçado de “conhecimento cultural” e pincelado com intenso moralismo. Eu simplesmente odiei a maneira como ele matou Nomo Yatuhin, que aparentemente “tinha no sangue” o código de honra dos samurais. Nem para um livro escrito em 1962 esse tipo de bobagem pseudo-antropológica se justifica. O suicídio de honra do personagem só faria sentido se houvesse uma verdadeira exploração dele e desse sentimento em sua vida, o que nem de longe aconteceu aqui. Aliás, alguém com um código pessoal tão afiado, jamais trairia o Império Solar simplesmente porque não conseguiu a ducha da regeneração celular no Planeta Peregrino. Esse pedaço da obra conseguiu ser ainda pior que a descaracterização de Thora.

Por fim, os traidores saídos das fileiras do Exército de Mutantes foram aniquilados. Porém, Talamon informou o regente arcônida de que Perry Rhodan ainda está vivo. Com isso, a situação político-militar da Galáxia se tornou bastante precária…

Perry Rhodan – Livro 56: Os Mortos Vivem (Die Toten leben) — Alemanha, 28 de setembro de 1962
Autor: Clark Darlton
Arte da capa original: Johnny Bruck
Tradução: Richard Paul Neto
Editora no Brasil: Ediouro (1977)
176 páginas

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