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Crítica | Perversas Intenções

Um manancial de possibilidades desperdiçadas

por Leonardo Campos
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Perversas Intenções

Jovens que frequentam círculos sociais distintos se encontram num embate por poder e glória numa trajetória pavimentada por manipulação, inveja e vingança. Assim é Perversas Intenções, narrativa cinematográfica com “cara” de telefilme, lançada em 2002 e com direcionamento voltado ao público cativo de Segundas Intenções e seus correlatos. Dirigida por Zoe Clarke-Williams e escrito por Victoria Strousse, a história traz um detetive ineficaz, uma garota muito má e outras figuras ficcionais juvenis esbanjando uma vida cheia de riqueza e luxo, mas estruturada por bases quase gasosas, prestes a se diluir e desmoronar a existência diante de futilidades e busca por coisas passageiras demais. Tendo o sexo como tema pulsante, o filme nos apresenta um painel de personagens vazios, angustiados com suas existências endinheiradas, mas desprovida de emoções genuínas. Se trabalhado com um texto e direção mais cuidadoso, teríamos uma excelente crítica social ao comportamento humano contemporâneo, mas infelizmente o que temos é um manancial de possibilidades desperdiçadas.

Ao longo de seus 99 minutos, a história que tem como base, um romance publicado por James Edward, nos apresenta uma garota que entra em coma induzido por drogas algumas semanas após se envolver com um grupo de pessoas sem boas intenções. É como a narrativa se mostra aos espectadores. Com um flashback, voltamos no tempo para compreender o que levou Alicia (Mia Krishner), a garota em questão, a passar pelo que foi mencionado. Coitada da jovem. Ou será que ela não é exatamente uma boa menina como inicialmente imaginamos e criou toda uma situação para manipular e destruir vidas diante de sua inveja face ao estilo de vida alheio, sem limitações, diferente do seu, haja vista a sua origem pobre e trabalhadora. A ação que se desenvolve na fictícia Colby University, na Carolina do Norte, acumula uma série de acontecimentos que culminam nas revelações cheias de reviravoltas deste filme brando.

Conhecemos Hadley (Meredith Monroe), a nova melhor amiga de Alicia, “abelha rainha” do grupo de jovens que faz os olhos da novata brilhar. Popular e invejada por muitos, até mesmo os outros ricos, a garota funciona como uma espécie de líder que direciona os demais comportamentos. O que ela faz promove o deslocamento das demais figuras deste grupo, gravitacionais em torno de sua órbita. Sidney (Dominique Swain) e Julianne (Rachel True) são as suas amigas inseparáveis, parte do clã que se acha deslocado demais, donos de si e do mundo, as pessoas que fazem o sexo mais selvagem e participam das festas mais badaladas. A desconfiança sobre haver algo de podre no reino da Carolina do Norte começa a se delinear e apontar para a derrocada desta imagem deslocada e arrogante depois que o xerife Artie (Taye Diggs) entra na história para investigar o que está por detrás do colapso da supostamente inocente Alicia.

Ineficaz como muitos investigadores de filmes do mesmo segmento, Artie sente o cheiro da corrupção comportamental logo de cara e por vezes, é ludibriado pelo canto destas garotas que se assemelham ao terrível chamamento das sereias mitológicas. Enquadradas por uma direção de fotografia que se dispõe a sensualizar as jovens constantemente, temos ainda a sensualidade dos figurinos de Patsy Rainey, setores acompanhados pela trilha pop e descolada de David Hughes e John Murphy, envolvente, mas não suficiente para nos fazer comprar as ideias concebidas com descuido pela direção, roteiro e montagem de Perversas Intenções.

Também interessado em emular traços de Garotas Selvagens, as personagens do filme são sexualmente ambivalentes, possuem carros, joias, dinheiro, drogas do melhor fornecedor e tentam comprar todos que atravessam as suas trajetórias. Nenhuma delas, segundo o discurso do filme, consegue ser pior que a candidata a fada, Alicia, maliciosa e diabólica nas entranhas desta história que aos poucos a revela para os espectadores. Uma pena que o conteúdo já tinha sido exaurido na ocasião de lançamento, por filmes com melhor desenvolvimento. Tal como o semelhante Falsas Intenções, temos mais um catálogo esquecido e devidamente enterrado.

Perversas Intenções (New Best Friend | EUA – 2002)
Direção: Zoe Clarke-Williams
Roteiro: Victoria Strouse
Elenco: Mia Kirshner, Meredith Monroe, Dominique Swain, Scott Bairstow, Rachel True, Taye Diggs, Glynnis O’Connor
Duração: 91 min

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