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Crítica | Pesadelo no Vale da Morte

Cheio de potencial, narrativa que mescla slasher e terror na estrada peca pelo ritmo frágil.

por Leonardo Campos
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No desenvolvimento de um filme de terror, há elementos que são imprescindíveis para permissão do estabelecimento de uma atmosfera que funcione. A tensão é um deles. Se não há um trabalho de moderação da tensão, a história se torna morna, frágil e desinteressante, mesmo que haja propostas reflexivas interessantes. Pesadelo no Vale da Morte, lançado em 1982, é uma produção catalogada como slasher por alguns críticos e coleções que o relançaram recentemente, mas também guarda muitas características do subgênero Terror na Estrada, feixe de narrativas sobre assassinos que atacam em regiões desertas e vias de travessia humana, geralmente distante dos grandes centros urbanos. Em seus 87 minutos, o filme nos apresenta uma família ameaçada pela ação de um psicopata perigoso, alguém que tem eliminado vítimas incautas no tal vale que nomeia a produção, um lugar considerado perigoso.

Dirigido por Dick Richards, num trabalho mediano, conduzido com marasmo para uma narrativa que pedia mais agilidade e situações eletrizantes, Pesadelo no Vale da Morte conta com o texto dramático de Richard Rothstein, o responsável por criar o antagonista morno e os personagens que viverão momentos infernais depois de atravessarem pelo lugar e hora errada. É a região do Arizona. O período de férias se aproxima e as famílias se organizam para realizar as suas viagens. No caso da família do pequeno Billy (Peter Billingsley), as coisas estão um pouco diferentes. A sua mãe, Sally (Catherine Hicks), acabou de se divorciar de seu pai, Paul (Ed Herman), situação que acaba deixando o pequeno confuso, ainda sem compreender como serão as coisas dentro de casa, com a mudança de rumo na relação dos pais e os novos padrões a serem adotados para que ele possa desfrutar de momentos com ambos.

Depois de um acordo amigável, o esperto e brincalhão Billy segue em viagem com a sua mãe, acompanhada do novo companheiro. Eles estão indo rumo ao encontro de Mike (Paul Le Mat), um amigo de longa data. No caminho, descobrem que os planos não sairão de acordo com o combinado. Billy se torna testemunha de uma cena de crime, já apresentada para nós, espectadores, um pouco antes. O menino é a chave para a polícia encontrar o criminoso que tem causado estrago na região, empilhando corpos que são descritos de maneira emocionante apenas nos diálogos, haja vista a falta de ação da narrativa. Ele furta um objeto do local, pois estava passando com os pais e acaba entrando onde não devia, após um breve momento de desatenção de sua mãe. Assim, o assassino descobre que alguém sabe mais do que devia e inicia uma caçada em prol da aniquilação daqueles que possuem algo contra a sua liberdade.

Com potencial para ser uma história eletrizante, Pesadelo no Vale da Morte é apenas um exemplar mais que morno do segmento, aproximando-se da frieza de tão sem personalidade e arrastado, com uma equipe que tinha em mãos um argumento bastante interessante e capaz de render uma travessia de puro horror, transformada aqui numa trama banal, com desfecho envolvendo reviravoltas e uma perseguição ainda mais morna que o seu desenvolvimento opaco. Dana Kaproff tenta inserir alguns elementos de tensão na textura percussiva de sua composição para a trilha, mas o esforço não adianta em nada, tampouco os enquadramentos eficientes da direção de fotografia que contempla bem os espaços que transmitem a ideia de isolamento e perigo, necessárias ao filme, conteúdo com problemas em outros setores, sem material estético que possa completar as suas numerosas lacunas dramáticas. Falha como slasher, peca na perspectiva do terror na estrada e fica devendo como lição de cinema.

Pesadelo no Vale da Morte (Death Valley, EUA – 1982)
Direção: Dick Richards
Roteiro: Richard Rothstein
Elenco: Paul Le Mat, Catherine Hicks, Stephen McHattie, Wilford Brimley, Peter Billingsley, Edward Herrmann
Duração: 80 min.

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