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Crítica | Planeta Água (2012)

por Leonardo Campos
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Mediadores do processo de globalização que desde a expansão marítima europeia do século XVI, é servil aos humanos, os oceanos são alguns dos principais tópicos das discussões sobre meio ambiente e preservação na contemporaneidade. Esse é tema central de Planeta Água, documentário lançado em 2012, produção preocupada em delinear os danos que as civilizações têm causado aos oceanos e a impossibilidade de conseguirmos reverter algumas situações. Poluição, animais em extinção, derretimento de calotas polares, dentre outros. Os problemas não são poucos e a reflexão sobre o assunto, intermediada com a narração eficiente de Josh Duhamel, navega entre o tom poético que nos diz que uma gota de água leva mil anos para dar uma volta no globo terrestre, paralelo ao discurso de urgência sobre o acúmulo de lixo dos portos e a destruição da natureza com o frenético movimento da economia mundial, geralmente despreocupada com as consequência, mas focada nos rendimentos da atualidade.

Acompanhamos as imagens da direção de fotografia de Andy Casagrande e Jean-Luc André, sofisticadas, junto ao cuidadoso trabalho de Armand Amar no desenvolvimento da trilha sonora, permanente, intrusiva, mas positiva, sem tornar o documentário uma melopeia sobre os oceanos e a poesia das águas. Com narração, depoimentos e imagens que coadunam com as abordagens do roteiro, o documentário editado por Laurence Buchmann, somos informados sobre a importância dos corais, abrigo para peixes e fonte de alimentação para outras formas de vida, cidadela submarina responsável por filtrar a água do mar, mas que nos últimos 50 anos, perdeu ¼ de sua dimensão mundial, graças ao processo destrutivo da humanidade e sua intervenção na vida oceânica. O efeito estufa, responsável por bloquear o calor emitido pelo sol e prender na superfície terrestre, também é um dos tópicos na lista de ruínas para os oceanos e toda a vida no planeta terra, tema debatido no encontro histórico intitulado Eco-Rio 1992.

O encontro entre chefes de estado pretendeu debater e propor resoluções para práticas de ecoturismo sem danos, bem como refletir sobre medidas para prevenção de problemas climáticos, mas parece que no ano que marcou o aniversário de duas décadas do evento de proporções globais, o aquecimento e a sua alta concentração de gases danosos para a atmosfera ainda é um problema para enfrentarmos por longos anos, pois o desenvolvimento de grandes centros urbanos continua em ritmo vertiginoso, na contramão da luta pró-ambiental, proporcionalmente menor que os interesses de nossa sedutora sociedade capitalista e seus bens e hábitos difíceis de encontrar desconexão. A China e o porto de Xangai, o maior do mundo, com seus 36,5 milhões de containers, é apresentado, logo depois de algumas cenas com o Canal do Panamá, famoso corte territorial de 77,1 km de extensão, conhecido por conectar dois oceanos e permitiu maior conexão entre as sociedades industriais do século XX, uma travessia chave para o comercio marítimo, mas será que viável para os recursos naturais?

Das favelas construídas na beira de regiões litorâneas, como a Nigéria, aos pássaros encontrados mortos num rochedo, entupidos de lixo quando analisados por especialistas, o documentário apresenta cenas chocantes, mas sem sensacionalismo. Dirigido por Michael Pitiot, Lucy Allwood e Yann Arthus-Bertrand, Planeta Água é uma jornada de 94 minutos que versa sobre a importância da proteção aos oceanos, pois as atitudes humanas ao longo da história estão transformando os danos irreversíveis, celeumas que serão ainda mais graves para as gerações vindouras, perdidas em meio ao planeta destruído, inapto para a sobrevivência. São tantas as discussões sobre o assunto, bem como a insistência neste tópico em passeatas e telejornais que os simpatizantes da causa têm sido taxados de chatos, desocupados, problemáticos e histéricos. A história fará o devido favor de colocar cada um no seu devido lugar. Aguardemos. Dentre as imagens aéreas com gigantescas metrópoles situadas à beira mar, o Rio de Janeiro aparece em um trecho, exposto diante de suas belezas e mazelas.

Planeta Azul — (Planet Ocean- França, 2012)
Direção: Michael Pitiot, Yann Arthus-Bertrand
Roteiro: Michael Pitiot, Yann Arthus-Bertrand
Elenco: Jean-Yves Robin, Marc Stanimirovic, Nicolas Coppermann, Yann Arthus-Bertrand
Duração: 93 min.

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