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Crítica | Planeta dos Macacos/Lanterna Verde

por Guilherme Coral
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estrelas 2

Depois de um bom crossover com Star Trek, na minissérie A Diretiva Primata, a franquia Planeta dos Macacos ganha mais uma história compartilhada com outro universo, dessa vez com o da DC Comics, através de Planeta dos Macacos/Lanterna Verde, que, de maneira inusitada, une os habitantes símios da Terra do futuro com os cavaleiros esmeralda. Nessa parceria da Boom! Studios com a DC, novamente o foco retorna para o filme original de 1968, mesmo tendo sido lançada após os dois primeiros filmes da nova trilogia focada em César.

A trama se situa pouco tempo após os eventos de O Planeta dos Macacos. Um anel do poder, conhecido como o anel universal, acaba caindo nessa Terra do futuro e Cornelius acaba encontrando o objeto. Após realizar estudos sobre ele, o chimpanzé acaba o colocando no dedo, ganhando, assim, os poderes de todos os anéis do espectro de cores. Enquanto isso, Hal Jordan vai investigar um distúrbio temporal na Terra e lá descobre que Sinestro está novamente armando algum plano maquiavélico. Inesperadamente, o Lanterna Verde é transportado para o futuro, caindo bem em frente à Estátua da Liberdade destroçada do filme original dos símios. Com seu anel sem funcionar ele acaba sendo capturado por Zaius e suas tropas e deve achar uma forma de escapar e impedir Sinestro.

A primeira dúvida que me veio à mente quando primeiro tomei conhecimento desse crossover é como uniriam as linhas do tempo dos heróis com a dos símios, afinal ambas são excludentes, já que não haveria uma grande guerra para destruir o planeta com legiões de super-heróis habitando a Terra – ao menos não uma causada por humanos. Felizmente, tal dúvida é sanada logo de imediato, através de uma explicação – para lá de didática – que coloca o planeta dos macacos em uma linha do tempo alternativa, fechada em si própria, motivo, aliás, que explica o porquê desse anel superpoderoso ter sido escondido justamente ali.

Com isso fora do caminho, outros problemas começam a aparecer no roteiro dessa história em quadrinhos. O primeiro e mais evidente é o plano exageradamente complicado de Sinestro, que utiliza técnicas das mais mirabolantes para encontrar o tal anel universal. Logo atrás desse ponto temos a desnecessária complicação do arco de Cornelius, que encontra um grupo místico de humanos em seu planeta, chegando a encontrar o corpo de Taylor, que fora assassinado justamente por esse estranho culto. Por fim, o roteiro insiste em utilizar praticamente toda a tropa dos lanternas verdes, tirando grande parte da atenção da parte Planeta dos Macacos da história – ainda que isso acabe gerando o hilário e completamente sem sentido plano de utilizar Gorila Grodd como um potencial aliado.

Naturalmente, como em inúmeras histórias em quadrinhos de heróis, a trama apenas se complica conforme progredimos, incluindo batalhas de personagens exageradamente poderosos, que tornam toda a trama genérica demais, não explorando à fundo a ideia de colocar os heróis no planeta dominado por símios. Evidente que, pelo simples fato dos lanternas verdes terem ficado extremamente poderosos com o passar do tempo, uma história mais pé no chão seria difícil de ser realizado, mas é algo que poderia ser contornado pelo fato de Jordan não contar com os seus poderes, o colocando na posição de Taylor no filme original.

Felizmente, disfarçando um pouco as péssimas escolhas do roteiro, temos o excelente trabalho de cores realizado por Alex Guimarães, que entende a mitologia do herói da DC Comics, criando painéis cujas cores dialogam com a atmosfera da “cena”, além, é claro, de dialogar com os próprios poderes adquiridos por Cornelius. O mesmo padrão de qualidade, porém, não se estende para o traço de Barnaby Bagenda, que distorce completamente seus personagens, além de, pasmem, colocar narizes humanos nos símios em determinados momentos, chegando ao ponto de Zira parecer uma garota barbada.

Não digo que Planeta dos Macacos/Lanterna Verde é uma grande oportunidade perdida pois já era uma história bastante inusitada para começo de conversa. A ideia de um dos símios ganhar um dos anéis de poder é interessante, mas muito mal desenvolvida, criando uma história desnecessariamente complicada e que, de quebra, conta com um traço verdadeiramente pavoroso, que transforma símios em humanos muito cabeludos. Certamente esses dois universos jamais deveriam ter se encontrado.

Planeta dos Macacos/Lanterna Verde (Planet of the Apes/Green Lantern) — EUA, 2017
Roteiro: Robbie Thompson, Justin Jordan
Arte: Barnaby Bagenda
Cores: Alex Guimarães
Editora original: Boom! Studios, DC Comics
Data original de publicação: fevereiro a junho de 2017
Editora no Brasil: Não publicado no Brasil
Páginas: 144

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