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Crítica | Poder sem Limites

por Lucas Nascimento
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O que você faria se tivesse uma habilidade extraordinária? Bordaria uma fantasia e sairia para combater o crime e a injustiça? Ou usaria para bens puramente pessoais? Os adolescentes que protagonizam Poder sem Limites passam longe dessas alternativas, divertindo-se enquanto assustam frequentadores de um mercadinho local com telecinese ou quando jogam futebol americano em meio às nuvens, e o resultado é uma das mais inventivas entradas no gênero de super-heróis, assim como na ferramenta narrativa do found footage.

Ambientada nos dias atuais, a crônica do longa foca-se nos amigos Andrew, Steve e Matt que recebem poderes impressionantes após a estranha contaminação com uma substância desconhecida. Sob posse de tais dons, eles resolvem usá-las para diversão e zoeiras, até que a situação vai fugindo do controle quando um deles sucumbe a uma natureza sombria.

Comandado pelo estreante Josh Trank e roteirizado pelo sempre inventivo Max Landis, Poder sem Limites é uma bela surpresa dentro de um gênero que cada vez mais tem sido prejudicado por repetições. Por recorrer a uma solução mais realista, o diretor ganha créditos ao retratar o que jovens do colégio de fato fariam se fossem dotados de habilidades de telecinese, força e voo – o que rende alguns esquetes divertidos com as brincadeiras do trio. E a presença desses momentos de humor, funciona a favor do roteiro de Landis, já que dessa forma os personagens são humanizados, e o espectador acredita na naturalidade dessas pessoas; e até mesmo a perturbadora transformação de Andrew (Dane Deehan) é justificável, já que conhecemos e entendemos a difícil situação que este enfrenta; e a performance do ator é impecável durante essa manifestação, já que diversas vezes o Andrew parece não ter controle das mais simples de suas ações, ofendendo seus amigos com casualidade.

Deehan é o grande arco dramático do longa, mas vale apontar o excelente trabalho dos até então desconhecidos Michael B. Jordan e Alex Russell. O primeiro já revela aqui seu explosivo carisma que logo o transformaria em um dos nomes mais requisitados de Hollywood, fazendo de Steve um sujeito popular e agradável, que definitivamente passa uma imagem de companheirismo e admiração. Já Russell acaba equilibrado entre sua relação de “irmão” mais velho de Andrew (na verdade os dois são primos), sendo ultimamente a voz da razão do grupo em uma performance convicente.

O que chama atenção também, é a engenhosa execução do filme, que usa com inteligência o método do found-footage. É particularmente brilhante a ideia de os personagens usarem telecinese para movimentar e segurar a câmera ao longo da história, possibilitando a existência de planos mais dinâmicos e abertos – que, diga-se de passagem, não costumamos encontrar nesse estilo de narrativa. Outro recurso inteligente é a apresentação de gravações comuns até trechos de câmeras de segurança e celulares – e nesse quesito, a montagem de Elliot Greenberg merece créditos por costurar com habilidade o universo dos personagens, ganhando destaque no dramático (e repleto de ação) clímax.

Se há um quesito falho na produção são os efeitos visuais, que soam irregulares e poucos convincentes em diversos momentos (especialmente nas fraquíssimas cenas de voo), ainda que funcionem nas manifestações mais sutis das habilidades do trio.

Com performances eficientes de seu jovem e desconhecido elenco, Poder sem Limites expande o leque de possibilidades em um filme de super-heróis, beneficiando-se de sua abordagem realista e da narrativa habilidosa. Um belo começo para Josh Trank, sendo ainda mais triste quando vemos o resultado final de seu fracassado Quarteto Fantástico.

Fico na esperança de que Trank possa se reerguer das cinzas. Um pequeno grande filme como este não é feito por acidente.

Poder sem Limites (Chronicle, EUA – 2012)

Direção: Josh Trank
Roteiro: Max Landis
Elenco: Dane DeeHan, Michael B. Jordan, Alex Russell, Michael Kelly, Ashley Hinshaw.
Duração: 84 min

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