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Crítica | Pokemon Snap

por Anthonio Delbon
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Quando se pensa em Pokemon nos games logo são lembradas as versões para game boy, as mesmas que continuaram a evoluir até os portáteis atuais, com X e Y. Em seguida, Pokemon Stadium é lembrado como clássico de batalhas off-line e minigames viciantes. Até Pokemon Pinball e Puzzle League são normalmente recordados pelos mais antigos. Snap, todavia, caiu no esquecimento e nunca sequer entrou no rol de clássicos de Nintendo 64, mesmo sendo um belíssimo e original game. Eis o porquê.

Em primeiro lugar, a crítica óbvia: Snap não é perfeito, muito por utilizar menos da metade dos pokemons de primeira geração. Pouco importa. Os cerca de 60 monstros que transitam por sete cenários, que variam entre praia, caverna, pântano, vulcões e rios, fazem da obra um jogo divertido e desafiador, apesar de curto. Sua tarefa, como o fotógrafo oficial do mundo Pokemon, Todd Snap, é ajudar o Professor Carvalho a fotografar todos os tipos de Pokemon existentes nessa espécie de Galápagos cartoonizada, munido de uma máquina fotográfica com limite de fotos, uma maçã para atrair pokemons e alguns outros itens clássicos desse mundo a serem liberados, como pokebolas e a pokeflauta.

Movendo-se em uma espécie de veículo que constantemente avança nos trilhos de cada fase, o objetivo do game é levar em conta tamanho, pose e técnica em cada foto para então escolher as melhores ao fim de cada fase a serem avaliadas pelo Professor. Um Pikachu te dará determinados pontos. Um Pikachu com um Lapras ao fundo te dará mais. Um Pikachu surfando com um Lapras no fundo com certeza será taxada como “Wonderful” pelo velho pesquisador de Pallet. Foco é a palavra de ordem, já que tudo ao seu redor pode ser digno de uma bela imagem e segundos são preciosos.

Com jogabilidade fácil e poucas fases, Snap aproveita para desafiar o jogador ao guardar segredos em cada um dos cenários, colocando a observação e a atenção como principais requisitos do fã de Pokemon com controles nas mãos. E Snap é um game feito para fãs. Quem nunca sequer viu um episódio do anime poderá achar graça, mas não ficará tentado a zerar e a ouvir cada barulhinho da ilha em procura dos monstros escondidos. Evoluir Charmander para Charizard, ou conseguir uma foto brilhante dos três pássaros lendários, ou ainda descobrir como achar um Gyarados ou um Dragonite na ladeira do rio…são momentos memoráveis de um game que só peca por sua duração. Um dos pontos mais divertidos é a própria escolha final de fotos antes de levar para a avaliação estética do tio de Gary, normalmente feita com a companhia de um amigo que trazia, para um mero jogo, uma pueril crítica de arte que valiam horas de gameplay em busca dos melhores ângulos. A trilha sonora não se compara às tradicionais músicas de Pokemon, principalmente no Game Boy, mas dão um ótimo tom aventuresco que se mistura com a sonoplastia de cada habitat e aos sons dos próprios bichos, inclusive quando estes dão golpes ou fazem caretas para serem fotografados – Kangaskhan, estou pensando em ti.

Trata-se, enfim, de um game que valoriza um lado pouco ressaltado no mundo Pokemon. Fotografar e ajudar em uma pesquisa traz para um lado muito mais real um cenário normalmente permeado por batalhas e estratégias, acrescentando muito em termos de entretenimento e de ficção para uma marca já devidamente saturada. Para os saudosistas da primeira geração como este que vos fala, Snap traz uma espécie de nostalgia que mesmo os games de Game Boy não conseguem trazer, pois é uma obra, infelizmente, esquecida, assim como a visão de muitos que cresceram com as primeiras gerações e que pensam o que poderia ser feito se ainda só “existissem” 150 pokemons. Traz ainda, uma maneira de usar a fotografia praticamente abandonada atualmente, já que cada um possui sua câmera e o espírito de explorar a natureza com uma câmera clássica nas mãos fica cada vez mais reservado em nichos específicos.

Mesmo que sua versão para Nintendo 64 tenha envelhecido muito bem e seja tão aprazível de jogar quanto há quase vinte anos, imaginar uma sequência com mais pokemons, mais cenários e mais mistérios, utilizando os gráficos que a tecnologia permite hoje, é um sonho que todo fã da franquia gostaria de ver realizado. Mas se a série de rpg portátil mais famosa anda a passos lentos e reclusos, ressuscitar um dos games mais criativos e ousados de sua época, hoje em dia, soa como utopia. Ainda mais nas mãos da Nintendo, uma empresa cada vez mais sem norte criativo.

Pokemon Snap
Desenvolvedor: HAL Laboratory
Lançamento: 21 de março de 1999
Gênero: Simulador, FPS
Disponível para: Nintendo 64 e Virtual Console (Wii)

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