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Crítica | Ponto de Ignição (Flashpoint, 2011)

por Luiz Santiago
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Flashpoint ou Ponto de Ignição, como ficou conhecida aqui no Brasil, foi uma minissérie em 5 edições, com um prelúdio (os números finais de Flash Vol.3 e a minissérie Time Masters: Ponto de Fuga), mais um grande número de edições paralelas (tie-ins), contando histórias de diferentes heróis e vilões afetados pela mudança na linha do tempo causada pelo atormentado Sr. Barry Allen, que cedeu à tentação de voltar no tempo e impedir que sua mãe fosse morta, criando uma realidade onde tudo o que ele conhecia se alterou. A saga termina com uma realidade nova para a DC Comics, uma era conhecida como Novos 52.

Sempre existe alguma preocupação dos leitores sobre os prelúdios, sobre o quanto eles são essenciais para entender a história subsequente. Nesse caso, não há um real peso no “caminho para Flashpoint“. A história principal, roteirizada por Geoff Johns, se segura sozinha e é perfeitamente compreensível sem os prelúdios. Isso, se o leitor tiver alguma noção de quem são Flash, Flash Reverso e os heróis mais conhecidos da DC.

Por um lado, Flashpoint tem o mérito de fazer algo grande — dar início aos Novos 52 — sem ser, na verdade, uma história épica. E não importa as dezenas de tie-ins, pois eles são adendos temáticos que se tornaram possíveis a partir da história principal, portanto, é esta publicação que carrega o problema, o desenvolvimento e a solução de todo o impasse surgido com a mudança que o Flash faz na linha do tempo, afetando outras Terras, mudando a vida dos heróis, redefinindo vilões e criando uma realidade na Terra 1 onde uma guerra que já matou milhões pode alcançar um ponto ainda mais grave, com o enfrentamento entre Aquaman e Mulher Maravilha.

Essa forma mais objetiva de apresentar o tema, que por si só, tende a dar nó na cabeça, pois se trata de viagem no tempo e paradoxo temporal + linhas alternativas, é um ponto positivo do roteiro. O leitor não se sente exatamente confuso. O que não significa que a trama se faça necessária ou que seja algo genial, porque, definitivamente, não é. Em nenhum dos dois casos.

Acho engraçado que a DC tenha demorado tanto tempo para usar essa carta gasta da fraqueza egoísta do Barry e impulsionar um “novo Universo” para sua linha editorial. De alguma forma, isso funcionou para alguns heróis ao longo dos Novos 52, que teve sim bons arcos e seus méritos. Mas a roda de gerar fortuna sempre fala mais alto, não é mesmo? No presente caso, o que funciona bem é a primeira parte, com o choque de Barry na realidade paralela; a situação terrível do planeta e a redefinição de personagens já cristalizados no nosso imaginário, dois deles já citados, e ainda Batman (aqui, Thomas Wayne) e o Superman. O que não funciona, é o princípio para que isso aconteça, a isca dramática que se revela no final da 4ª edição — funciona como choque, mas não como algo narrativamente elogiável — e a forma como o autor resolveu finalizar o evento. Depois de ter um início com as vertentes bem exploradas, o mínimo que podíamos esperar era que o mesmo se repetisse no final. Mas não foi o caso.

A arte de Andy Kubert e a finalização de Sandra Hope e Jesse Delperdang (nas edições #4 e 5) são muito boas no começo, mas tendem a um status visual mais desleixado no decorrer das edições, talvez pela entrada de Delperdang nos dois números finais. As páginas duplas e os painéis por página são os maiores destaques, tanto na arte quanto na coloração, que ficou a cargo de Alex Sinclair. Eu ainda acho que a história teria um impacto maior se tivessem escolhido Francis Manapul para a equipe, mas é apenas uma divagação.

Flashpoint foi a origem de um novo caminho editorial para a DC, uma pequena saga que mostra como o egoísmo e os extremos passionais, independente se vem de um super-herói ou de um homem comum, fazem mal para todos. Mesmo que não tenha um roteiro brilhante ou um princípio realmente bom, a ideia se sustenta, é objetiva e competente naquilo que se propõe a fazer (ou pelo menos, em parte), que é mostrar o por quê da mudança que viria a seguir. Pelo menos o Flash aprenderia que ele não pode sair por aí mudando coisas que sabia ser imutáveis. Para o bem todos.

Ponto de Ignição / Flashpoint (EUA, 2011)
Roteiro: Geoff Johns
Arte: Andy Kubert
Arte-final: Sandra Hope (edições #1 a 3 e 5) / Jesse Delperdang (edições #4 e 5)
Cores: Alex Sinclair
Letras: Nick J. Napolitano
Capas: Andy Kubert, Sandra Hope, Alex Sinclair, Ivan Reis, George Pérez

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