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Crítica | Por Dentro da Pixar – 1ª Temporada

por Davi Lima
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Nessa primeira coleção de curtas documentais chamada Inspirado, durante 5 episódios pode-se entrar de fato por dentro da produção dos estúdios de animação Pixar, experimentando das mais novas mentes artísticas em produção para a empresa. O seguimento mental da narrativa, desde a entrevista com o roteirista do filme Soul chamado Kemp Powers ao diretor de Dois Irmãos – Uma Jornada Fantástica chamado Dan Scanlon, o espectador pode acompanhar o núcleo criativo do estúdio de maneira mais intimista, à própria maneira desses artistas contarem suas histórias pessoais em conjunto com suas profissões. Há menos sobre as evoluções de cargo quanto a responsabilidades de filmes e curtas e mais sobre o retorno à ideia de uma equipe menos hierárquica, da escrita sobre o real, os caracteres verossimilhantes inspirativos e do quão pessoal e familiar são as inspirações para as obras audiovisuais.

Com muita fotografia frontal e verbalização descritiva e explicativa em meio a narração em off, os curtas se engrandecem pelo detalhamento que averigua como a relação interna de cada artista está tão relacionada com as produções. A busca por inspiração, por exemplo, para a artista de criação de personagens chamada  Daeanna Margliese, é um grande rodeio sem objetividade em que todo o episódio sobre ela, assim como dos outros personagens, vai ilustrando tudo o que se narra. Mas sua definição como mágica é tão simplista e efetiva emocionalmente como a comedida vida de Kemp Powers e torna a inspiração como a necessidade de algo constante que nem sempre chega; enquanto Daeanna é captada realmente observando as coisas ao longo de sua caminhada matinal até um café, como uma voyeurista alimentada para desenhar a realidade. Essa linha narrativa de inspiração da escrita para o desenho sobre a realidade ao redor do dia a dia, em que ambos, Kemp e Daeanna, trabalham para o filme Soul, é o que desemboca em outro tema fundamental de inspiração para as obras da Pixar: transposição de histórias pessoais, representativas e familiares.

Por isso, nos últimos três episódios, desenvolvem o novo patamar ideológico, o novo formato que a Pixar tem tomado nos últimos anos em se entregar, a se expor com seus universos e definindo suas fórmulas como um verdadeiro processo criativo psicológico, de desabafo e busca por cada vez mais representar a realidade com alto grau de verossimilhança. Se antes, nos primórdios da Pixar , havia um John Lasseter e Edwin Catmull tratando a empresa como família com empregados de pouca rotatividade, Lawrence Levy fazia a ponte com Steve Jobs para comandar a empresa, e Sarah Macarthur falava em 1999 como vice executiva que parecia a Disney que ela conhecia. Muita coisa mudou, como a compra pela Disney, uma visão menos Carros e Toy Story para mais Monstros S.A e Divertida Mente do diretor Pete Docter, ou uma diversidade comercial de Lee Unkrich de Viva: A Vida é uma Festa e Toy Story 3

Porém, o ponto mais recente se vale dos diretores Peter Sohn e Dan Scanlon, em que Bom Dinossauro e Dois Irmãos, respectivamente, obras dos dois, são concebidos pela mais pura emotividade. No último episódio da série, Scanlon narra com sua família sua história sobre seu pai, seu irmão, sobre a cidade de Clawson no Michigan, e tudo isso como fonte base para a criação do seu filme Dois Irmãos. Essa familiaridade e pessoalidade como exercício de inspiração é que permitiu o novo projeto pequeno de SparkShorts em que o terceiro episódio centraliza o diretor Steven Hunter do curta Segredos Mágicos. Na mesma forma, porém um pouco mais disperso, o episódio desenvolve a inspiração da produção que, além da questão da homossexualidade de Steven, ele confirma como seu curta não é apenas sobre ele em si e seus sentimentos pessoais, mas principalmente sobre o convívio familiar quanto independente dele gay, sendo a fraternidade e a aceitação familiar o aproche de Segredos Mágicos

Assim, junto com o episódio quatro sobre a supervisora de roteiros da Pixar, Jessica Heidt, mostra-se a premiação que se deve aos últimos trabalhos do estúdio, onde por dentro dele a representação de homens e mulheres de maneira equitativa é a inspiração projetada da empresa, explicando didaticamente a problemática com efeitos visuais e teatro com trabalhadores. Unidos, os episódios iniciais de trabalhos técnicos, de roteiro e criação de personagens, inspirados e alinhados à fundamentação familiar e, simultaneamente, por um trabalho que anseia representatividade puramente inspirativo dos dois episódios seguintes, sobre como é a realidade em discurso; finaliza-se, no último, em como a direção, alto cargo de uma produção audiovisual, na verdade, é o retorno ao mais íntimo da inspiração que determina a Pixar desde sempre: a família.

Por Dentro da Pixar – 1ª Temporada (Inside Pixar, EUA, 2020)
Criação: Erica Milsom, Tony Kaplan
Direção: Erica Milson, Tony Kaplan
Elenco: Kemp Powers, Daeanna Marsigliese, Steven Clay Hunter, Jessica Heidt, Dan Scanlon
Duração: 5 episódios de 10 min.

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