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Crítica | Preacher – 3X02: Sonsabitches

por Luiz Santiago
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PLANO CRITICO SONSABITCHES PLANO CRITICO PREACHER 3x02

  • Há SPOILERS do episódio e da série. Leia, aquias críticas dos outros episódios.

Cada escolha tem um preço e uma consequência. Jesse já tinha experimentado isso em diversos estágios de sua vida, como visto na 1ª Temporada de Preacher, condição que retornou em sua jornada de escolhas estranhas na 2ª Temporada. Com a morte de Tulipa em The End of the Road, o personagem parece ter aglutinado o máximo de preços altos para escolhas ruins em um curto espaço de tempo. Por um lado, é possível entender o por quê ele impediu Cassidy de transformar sua amada em vampira. Jesse cresceu no meio de um mundo relacionado à magia e ao ocultismo e seu contato com o cristianismo, na vida adulta, fez dele uma sopa sincrética, entendendo que é melhor utilizar técnicas “incomuns” para curar algo, do que ter uma “condição incomum” permanente consigo, impedindo algumas coisas, colocando muito em risco.

Em Angelville, vimos Jesse retornar ao lar, e já então receber o tratamento-objeto esperado de sua querida vovozinha, maravilhosamente interpretada por Betty Buckley. Em Sonsabitches temos uma sequência mais ou menos lógica (em termos de escolhas factuais, quero dizer) para a presença de Jesse, Cass e Tulip na propriedade dos L’Angelle. Para quem leu os quadrinhos de Garth Ennis e Steve Dillon, segue a surpresa na forma como a série está trabalhando essa estadia, e até agora, nada muito fora da curva tem acontecido. A adaptação segue boa, mesmo com as diversas mudanças, e traz alguns problemas no meio caminho, como vemos nesse episódio.

Com um pouco mais de ação do que no capítulo anteriorSonsabitches reintroduz Herr Starr na saga, mostrando-o em algo que pode ter implicações interessantes a seguir. Ao que parece, ele está buscando parcerias de forças religiosas em diferentes lugares do mundo, e temos uma sequência na Índia que acaba se tornando o bloco com a melhor direção do episódio, assim como um dos melhores usos da fotografia de contrastes. Esse tratamento visual, que é muitíssimo bem feito dentro da Casa Grande — sem contar que os quartos dentro da casa são um verdadeiro exercício de boa direção de arte, com escolhas certas de objetos, quadros e disposição de tudo quanto é bugiganga, tornando a casa um mistério por si só –, ganha aqui um tratamento mais dinâmico, com cores quentes e neutras no ambiente e nos excelentes figurinos.

As ligações com a magia já começam a aparecer, mescladas a um tipo de “crime familiar macabro” que já mostra as caras. Jesse brinca um pouco com a aparência das coisas, às vezes se organizando, às vezes saindo completamente dos eixos, citando Ajuste Final (1990) e O Grande Lebowski (1998), e é verdade que muito do espírito dos Irmãos Coen aparece nesse episódio. Propositalmente ou não, é uma relação que gera bons frutos. O problema é que o roteiro e a montagem parecem não combinar direito onde começar e onde terminar alguma coisa. Além disso, a deixa misteriosa para o que acontece com Tulipa talvez já dê sinais de esgotamento. Ou os roteiristas indicam o que de fato ela trouxe consigo do Purgatório — será que ela possui Genesis, agora? –, ou encerram logo essa camada da série, porque a quebra já não me parece boa aqui, fico imaginando o peso disso como uma recorrência nos próximos episódios.

Outro impasse está no final. O tempo e o espaço onde o corte foi feito não funcionou sob nenhum aspecto, criando um cliffhanger (se é que podemos chamar assim) fraco demais. O bom disso tudo é que uma porção de novos aspectos ligados à propriedade, a execução de magia por parte da vovó e um ambiente mais parecido com o de teoria da conspiração + misticismo + retorno à base religiosa da 1ª Temporada dão sinal de vida, e isso é maravilhoso. Mesmo ainda fixo na fazenda, esse início de temporada não tem nada a ver com o que foi a estagnação em New Orleans. Há dinamismo de sobra aqui. Basta texto e edição saberem trabalhar com isso, neste novo capítulo pela busca de Deus.

Preacher 3X02: Sonsabitches (EUA, 1º de julho de 2018)
Direção: Michael Slovis
Roteiro: Sara Goodman (baseado nos personagens de Garth Ennis e Steve Dillon)
Elenco: Dominic Cooper, Joseph Gilgun, Ruth Negga, Pip Torrens, Julie Ann Emery, Malcolm Barrett, Colin Cunningham, Betty Buckley, Jeremy Childs, Dave Allen, Will Kindrachuk, Renes Rivera
Duração: 42 min.

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