Home TVEpisódio Crítica | Preacher – 3X08: The Tom/Brady

Crítica | Preacher – 3X08: The Tom/Brady

por Luiz Santiago
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  • Há SPOILERS do episódio e da série. Leia, aquias críticas dos outros episódios.

Iconoclastia e muita loucura: Preacher segue entregando muito bem aquilo que promete, contornando os elementos não filmáveis dos quadrinhos e acrescentando histórias secundárias que, aos poucos, mostram o por quê a série é uma aplaudível adaptação da saga original de Ennis e Dillon. Neste episódio, como continuação direta da chegada de Jesse ao local onde estava a sua alma (em um lugar seguro, como descobrimos), vemos a luta do pastor contra o Grande Pai D’Aronique e seus soldados, mais os últimos percalços de sua posse sobre Genesis, cenário que nos traz um dos momentos mais sanguinolentos e hilários da série, a sequência da EXPLOSÃO DOS MESSIAS CLONADOS.

Para minha surpresa, alguns jornalistas americanos se sentiram moralmente compelidos a imaginar “Kubrick revirando os olhos” e acharam isso bom o suficiente para constar em uma crítica (negativa, no caso) ao episódio, sustentando a opinião em cima desse estranho conceito comparativo, como se o diretor americano fosse proprietário do uso de Danúbio Azul em alguma cena e, que a partir daí, todas as referências e utilizações deveriam seguir o modelo básico de exploração espacial plasmado pelo cineasta em 2001. Olha, é cada uma que eu vejo, que dá vontade de convidar Satã para fazer uma série de visitas pessoais por aí… O fato é que a dinâmica do episódio não decepciona aqui e procura colocar os personagens em situações que alternam cinismo e exploração física de suas capacidades, com diferentes cenas de luta ou possibilidades de ação de cada um, gerando boas revelações (como a verdade sobre Eccarius) e misteriosos destinos (como o de F.J. Hoover, o azarado mais sortudo da história — pelo menos na série).

A utilização da famosa valsa de Johann Strauss II, ao contrário do que afirmam os puristas do Único Registro Sábio Aceito Legalmente (URSAL), foi sim bem empregada aqui em The Tom/Brady, da mesma forma que a piada com o nome que dá título ao episódio e a questão da Palavra de Deus passando de Jesse para outros corpos, agora dentro de uma limitação curiosa encontrada pelo Graal, com seu dispositivo de clonagem e possibilidade de alteração da essência de uma pessoa ao combinar características das mais diversas personalidades históricas. É o tipo de loucura que só temos em Preacher e que traz em sua galhofa uma excelente forma de costurar os blocos de ação, como vimos aqui, no [quase] fim da missão do Santo dos Assassinos, na busca do Anjo da Morte, na visita de Satã à Vovó Marie e nos possíveis desdobramentos dessa visita em uma relação que deve ir até o final da temporada, o que me surpreendeu, porque avançou para além do óbvio sugeridos pelos roteiros até então. Uma boa surpresa, vale dizer.

Embora eu não tenha gostado do cliffhanger do episódio — único ponto deslocado do roteiro de Mary Laws e Kevin Rose, a meu ver — todo o restante do texto criou uma tensão que é utilizada como matéria bruta para a preparação dos destinos e também para a mudança de pensamento dos personagens. Aliás, desde que começou a flertar com aquilo que sempre teve de melhor, a temporada vem trazendo bons momentos nessa seara das mudanças em meio à loucura, fazendo com que aventuras individuais ganhem destaque e saiam de um ponto confortável para outro desconhecido (uma verdade para Cassidy, Jesse e Tulip) ao mesmo tempo que o enredo torna essa saída em algo divertido, cheio de sangue, pancadaria e intrigas com desfechos cada vez melhores. Todo o bom potencial da série tem sido aproveitado dentro da loucura ligada ao cristianismo, ao paganismo e às muitas formas de trabalhar religiosidades e conspirações ligadas a ela. Um prato cheio para todos os gostos.

Preacher 3X08: The Tom/Brady (EUA, 12 de agosto de 2018)
Direção: Wayne Yip
Roteiro: Mary Laws, Kevin Rose (baseado nos personagens de Garth Ennis e Steve Dillon)
Elenco: Dominic Cooper, Joseph Gilgun, Ruth Negga, Graham McTavish, Ian Colletti, Pip Torrens, Noah Taylor, Julie Ann Emery, Malcolm Barrett, Colin Cunningham, Betty Buckley, Jeremy Childs, Tyson Ritter, Jonny Coyne, Adam Croasdell, Jason Douglas, Prema Cruz, Scott Takeda, Karen Strassman
Duração: 42 min.

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