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Crítica | Primal – 1X07: Plague of Madness

por Ritter Fan
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Para aqueles que estiverem coçando a cabeça e se perguntando se Plague of Madness é mesmo lançamento recente, um esclarecimento: o episódio foi originalmente lançado no dia 1º de abril de 2020 como parte das “comemorações” do Dia da Mentira pelo Adult Swim, com o anúncio de que uma segunda parte da 1ª temporada de Primal seria lançada em outubro do mesmo ano. Com isso, Plague of Madness passou a compor a temporada como seu sétimo episódio, sendo oficialmente lançado como tal no dia 11 de outubro.

No episódio, Genndy Tartakovsky, que já havia mostrado saber fazer muito com muito pouco em Scent of Prey, que quase não contou com Fang, literalmente lida com uma perseguição completamente sem história e mais nada. O roteiro de David Krentz nem pode ser chamado de roteiro de verdade (e não é mesmo, pois não há créditos para roteiro e sim para storyboard e história), já que o que vemos na tela é apenas o desenrolar de uma premissa simples: um argentinossauro (saurópode sul americano parente do diplódoco e do braquiossauro) é contaminado por uma doença que o transforma em um zumbissauro enlouquecido e que, depois de massacrar seus colegas gigantescos, passa a inclementemente perseguir Spear e Fang que, sem querer, cruzam seu caminho. Só isso.

Mas, como diz o ditado, menos é mais e Tartakovsky sabe disso, entregando 22 minutos tensos e extremamente dinâmicos que prendem imediatamente a atenção exatamente pela premissa e pelo inusitado design do argentinossauro transformado em um gigantesco monstro que poderia facilmente ser figurante de The Walking Dead. Spear e Fang, por seu turno, só correm desembestados sem entender muito bem como o normalmente manso herbívoro quadrúpede tornou-se um sanguinário assassino que não deixaria nada a dever ao Monstroverso que a Warner vem tentando construir com King Kong, Godzilla e outras simpatias dessas.

O episódio, portanto, é um exercício de técnica. Tartakovsky parece um maestro regendo o tempo e o ritmo dos acontecimentos, errando apenas ao pausar a ação por um ou dois minutos para quebrar a perseguição vertiginosa em dois momentos diferentes. Teria sido melhor se ele tivesse feito apenas uma grande perseguição única, sem dar descanso ao espectador, mas entendo sua escolha. Seja como for, a animação é novamente sensacional em sua simplicidade, com os sete minutos iniciais que mostram a contaminação do argentinossauro e seu ataque inicial sendo realmente especiais ao ponto de eu ter chegado a imaginar que todo o episódio giraria apenas ao redor desses momentos, sem que os protagonistas sequer aparecessem (aliás, ainda quero ver um episódio de Primal sem Spear e Fang!).

A trilha sonora de Tyler Bates e Joanne Higginbotton novamente tem papel fundamental ao não exatamente ditar, mas sim complementar o frenesi cinético e preencher os espaços sonoros que a magnífica engenharia de som de Joel Valentine abre justamente para isso. É como realmente ver um videoclipe sinfônico com dinossauros que consegue acertar em cada quadro, contando uma “história” completa que não deixa em um momento sequer de abordar os sentimentos e a cumplicidade de Spear e Fang mesmo enquanto correm desbragadamente.

Plague of Madness é mais um exemplo do brilhantismo de Tartakovsky, gênio da animação que nos tortura ao produzir pouco demais ao longo de anos. Mas, se os melhores perfumes estão nos menores frascos, então talvez as melhores animações também venham em doses pequenas e muito espaçadas.

Primal – 1X07: Plague of Madness (EUA – 11 de outubro de 2020 – originalmente em 1º de abril de 2020)
Criação: Genndy Tartakovsky
Direção: Genndy Tartakovsky
Roteiro: David Krentz
Elenco: Aaron LaPlante
Duração: 22 min.

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